A história de Mafra Revolução Federalista – 1ª Parte “O rugir dos canhões”

Por Fábio Reimão de Mello - 24/11/2012

Palco de batalhas e outros episódios relacionados ao estado de guerra como ocupação e perseguições, Mafra entre 1893 e 1894 (como elemento integrante da Vila de Rio Negro-PR), esteve envolvida pela Revolução Federalista, guerra civil irrompida no Rio grande do Sul, conhecida pelo confronto entre Maragatos (revoltosos) e Pica-paus (Exército Brasileiro, que cujo uniforme era predominantemente azul e vermelho), pela ampla prática da degola e pela expansão da área em conflito sobre os Estados de Santa Catarina e Paraná.

Com ordens do Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto, para impedir a iminente invasão do Estado do Paraná pelas forças maragatas revoltosas, o General Francisco de Paula Argollo partiu do Rio de Janeiro com uma expedição militar da qual faziam parte, três importantes nomes da política catarinense, o Major Felipe Schimidt, o Capitão Lauro Muller e o engenheiro Hercílio Luz.

Após assumir o comando do 5º Distrito Militar em Curitiba, Argollo dirigiu-se à Santa Catarina, na passagem por Rio Negro comissionou o Coronel Nicolau Valério ao cargo de comandante do 4º Batalhão de Guardas Nacionais e, chegando em São Bento, proclamou-se Governador de Santa Catarina e pôs-se em marcha a fim de lhe dar combate a tropa Maragata, comandada pelo General Piragibe, que estacionada em Serrinha do Campo Alegre.

Canhão Degola Maragato
Porém durante o deslocamento, informes indicaram que além da presença das tropas inimigas junto à estrada Dona Francisca, outro contingente Maragato estaria seguindo para Rio Negro pela estrada do Viamão, fato que implicaria em cerco a contingente do Exército.

Assim, a fim de evitar o possível envolvimento pelas tropas federalistas e ainda impedir a invasão do Estado do Paraná, o General Argolo desistiu da continuação da marcha e decidiu retroceder até o local onde as estradas por onde o inimigo seguia convergiam e, em posição vantajosa, oferecer combate à ambos, a Vila de Rio Negro.

Com o novo plano, ao meio-dia do dia 15 de novembro de 1893, data na qual comemorava-se o 23 aniversário de emancipação política, as tropas chegaram à Rio Negro, atravessam o rio pela balsa e acamparam no centro da Vila à espera dos federalistas que, chegariam ao Campo da Lança três dias depois.

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No dia 19, após ter a posição de sua tropa reconhecida pelo inimigo, Argolo transferiu sua tropa para a elevação onde situava-se o cemitério, ponto estratégica no qual tinha domínio sobre a Vila, o rio, a estrada que levava à São Bento e estrada que leva à Lapa, e onde cavaram-se trincheiras e armaram a artilharia.

No anoitecer daquele dia, alguns grupos federalistas, avistados próximo à margem esquerda do rio, tentaram tomar a passagem pela balsa, único meio de transpor o rio sem enfrentar a nado suas águas, sendo repelidos pela guarda estabelecida junto ao porto.

Na manhã de 20 de novembro os federalistas assentaram sua artilharia na elevação que domina a margem esquerda do rio (onde atualmente localiza-se a Guarnição Especial da Polícia Militar) e, neste cenário, com as duas tropas ocupando elevações em ambas margens do rio Negro e tendo o Vila ao centro que, às 09:00h, após a neblina ter-se dissipado, os canhões da Revolução Federalista rugiram pela primeira vez em território paranaense.

Durante aproximadamente uma hora, a população da Vila foi levada ao pânico pela troca de tiros entre maragatos e pica-paus, que além de provocar a fuga de famílias para locais mais distantes em busca de proteção e prejuízos a comerciantes e colonos cujas propriedades foram atingidas pelos projéteis, resultaram, após 39 tiros da tropa comandada pelo General Argollo (que não sofreu baixas), na morte de 03 soldados Maragatos e outros 18 feridos.

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