Grande déficit de servidores na PolÃcia Civil de SC impulsiona a aprovação pela Câmara de Vereadores de Mafra da moção de apelo ao governador para nomeação de todos os aprovados no último concurso de 2017/2018

A PolÃcia Civil, uma das cinco instituições policiais previstas na Constituição Federal no art. 144, juntamente com a PolÃcia Federal, PolÃcia Militar, PolÃcia Rodoviária Federal e PolÃcia Ferroviária Federal, é responsável pela manutenção da ordem e da aplicação da lei. Diferentemente da PolÃcia Militar, que atua de maneira ostensiva, isto é, patrulhando as ruas numa atuação de prevenir a prática de crimes e desencorajando as práticas ilegais por agentes potencialmente criminosos, a PolÃcia Civil atua na aplicação da lei penal, ou seja, seu trabalho se dá por meio de investigações após o cometimento de uma ofensa ao bem jurÃdico tutelado pelo Estado. Infelizmente, nem sempre a proteção policial acontece antes de serem praticados os crimes, e, sendo assim, é necessário que a força coercitiva do Estado busque reprimir tais indivÃduos perigosos, os quais colocam em risco a vida, o patrimônio, a administração pública, e mais uma grande quantidade de bens individuais e sociais protegidos pelo Código Penal e demais normativas penais fora do supracitado código. Para tanto, a fim de reprimir tais agentes criminosos, existe a PolÃcia Civil.
A PolÃcia Civil e a PolÃcia Federal, também chamadas de polÃcias judiciárias, com os instrumentos legais disponibilizados, como mandados de prisões, mandados de buscas e apreensões, intercepções telefônicas, quebras de sigilos bancários, infiltração de agentes em organizações criminosas, dentre outras ferramentas, com a supervisão do Ministério Público e com a autorização dos membros do Poder Judiciário, buscam esclarecer com as investigações os fatos criminais, na tentativa de encontrar os autores e evidenciar a materialidade dos delitos, que, após as diligências policiais, são escritas e condensadas numa peça administrativa chamada de inquérito policial. Tais inquéritos são na maioria das vezes a base primordial que sustenta os argumentos jurÃdicos de um promotor de justiça ou procurador da República na denúncia dos agentes criminosos perante à Justiça, tornando possÃvel pelas vias legais a aplicação das punições adequadas, como a privação da liberdade, restrições de direitos e multas.
No âmbito federal, demonstrou-se a importância de uma polÃcia judiciária forte, a PolÃcia Federal, como amplamente visto em operações como a Lava Jato, Carne Fraca e Zelotes, que desmantelaram poderosas organizações criminosas no Brasil. A nÃvel estadual, Santa Catarina conta com a PolÃcia Civil, que faz trabalho similar a PolÃcia Federal, nos limites da sua competência, como reprimir homicÃdios, roubos, estupros, fraudes em licitações, estelionatos, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, enfim, uma ampla gama de crimes e contravenções que assombram os cidadãos de bem.
Atentos ao grande déficit de servidores da PolÃcia Civil no Estado de Santa Catarina, de agentes e escrivães, os quais trabalham sob a chefia de um delegado, tal número atinge uma espantosa marca de mais do que 45% do contingente, ou seja, quase a metade das vagas previstas em lei para a PolÃcia Civil catarinense não estão preenchidas. Há relatos de delegacias sendo fechadas em determinados perÃodos do dia por falta de pessoal. Isso é um alerta grave, pois coloca em grave risco a segurança pública do estado.
Apesar da PolÃcia Civil ser responsabilidade do governo do estado e não do municÃpio de Mafra, os atentos vereadores mafrenses, prevendo a necessidade dessa situação, sabedores de que tal estado de coisas pode afetar a estabilidade futura da cidade mafrense, no dia primeiro de outubro de 2019, pelo requerimento 264/19 de autoria do plenário, dirigiram ao governador Carlos Moisés uma moção de apelo para a convocação de todos os aprovados no último concurso da PolÃcia Civil de SC realizado em 2017/2018. Há mais de mil candidatos aprovados para os cargos de agentes e escrivães esperando serem nomeados desde o dia 28 de dezembro de 2018, quando foi homologado. O déficit do órgão da PolÃcia Civil é tão grande que, mesmo que fossem nomeados todos os candidatos, ainda assim terÃamos uma falta de mais de mil servidores policiais, pois há previsão legal de 4.495 vagas para agentes e 834 vagas para escrivães, sendo a defasagem de 2.088 agentes e de 286 escrivães. Há inclusive uma recente decisão judicial que desaposentou centenas de policiais civis, os quais já estão numa situação de iminente aposentadoria, além de outros que já estão nessa situação previdenciária, o que torna o número atual ocupado de vagas muito menor numa previsão mais realista e menos otimista.
A população de Mafra não pode sofrer um revés pela falta de servidores policiais, pois conta com quatro delegacias com diversas funções, como o combate aos crimes organizados, tráfico de drogas e crimes violentos, especialmente contra crianças, mulheres e idosos, as quais compõe a 9ª Delegacia Regional, que abrange Mafra, Itaiópolis, Papanduva e Monte Castelo, sob o comando do delegado regional Alan Pinheiro de Paula e, representando a delegacia da comarca de Mafra, o delegado Nelson Vidal. A segurança é o dever primeiro e fundamental para a existência do Estado, evitando a instauração do caos e da desordem pública, sendo essa também uma bandeira central na campanha de governo do atual mandatário. Nada mais coerente do que preencher minimamente os quadros da PolÃcia Civil. Uma polÃcia enfraquecida só interessa aos maus cidadãos, descumpridores da lei e da ordem, e também aos afeitos a corrupção em todas as suas vertentes.
A vereadora Cláudia Bus, primeira vereadora do municÃpio a encabeçar essa questão, e não só em Mafra, como também a primeira vereadora de todo o planalto norte catarinense, levando-a ao plenário da Câmara, solicitou, além da moção de apelo, um requerimento pessoal ao governo estadual sobre a situação do concurso de 2017/2018, pois considera a fiscalização pela PolÃcia Civil fundamental para o bem dos cidadãos mafrenses.
O governo do estado de Santa Catarina vem fazendo um trabalho primoroso no controle dos gastos públicos, respeitando a risca a Lei de Responsabilidade Fiscal e reestabelecendo a saúde das finanças públicas. Contudo, a própria Lei de Responsabilidade Fiscal abre uma exceção, mesmo em casos mais precários dos gastos públicos, o que não é o caso em Santa Catarina atualmente, para a contratação de servidores da segurança pública, o que encaixa explicitamente a PolÃcia Civil em tal hipótese, e é natural que assim o seja, pois o bem do cidadão e sua segurança é dever precÃpuo do Estado brasileiro. E os números deficitários do órgão da PolÃcia Civil e a campanha de eleição do atual governador priorizando a segurança pública são imperativos para a coerência entre o discurso eleitoral e da prática executiva.
A Câmara de Vereadores de Mafra, certos do caráter firme e moral do governador Moisés, promovem a moção de apelo dirigido a ele pelas nomeações, não somente das vagas previstas em edital, como também de todos os excedentes. Isso é o caminho racional e viável se há a intenção de proteger os cidadãos catarinenses, e, por consequência, todos os cidadãos do municÃpio de Mafra. Vale destacar que outros municÃpios catarinenses, por meio de suas Câmaras, já iniciaram suas moções de apelo no mesmo sentido, como Criciúma, Lages, Jaraguá do Sul, Florianópolis e, em breve, Itaiópolis, no dia 14 de outubro.
Parabéns aos vereadores de Mafra por aderirem a essa demanda conjuntamente com outros municÃpios catarinenses, e por terem sido os precursores dentre as cidades do planalto norte catarinense nessa moção importantÃssima de apelo ao governo do estado de Santa Catarina em prol da PolÃcia Civil e da segurança pública.