A história de Mafra: Revolução Federalista (2ª parte: “A Ocupação Maragata”)

Por Fábio Reimão de Mello - 26/11/2014

Na noite daquele mesmo dia, a tropa do Exército comandada pelo General Argollo, foi reforçada por 80 soldados de cavalaria do Corpo Patriótico da Guarda Nacional da Lapa e na madrugada do dia 21, por outros 600 infantes, sob o comando do Coronel Joaquim Lacerda.

Apesar do aumento do efetivo militar Pica-Pau, que demonstrava vantagem para o combate, o silêncio das primeiras horas daquele dia foi quebrado pelos canhões federalistas, que passaram a troar violentamente. Ação que revelou-se como distração ao avanço de um piquete Maragato contra a retaguarda da tropa florianista, repelido pelas forças lapeanas que, encontraram dinamite em animais capturados, material no mínimo curioso a ser transportado em um confronto daquele tipo.

A presença dos explosivos e a ocorrência do ataque foi compreendida na noite daquele dia, quando informações indicavam a destruição da ponte do rio da Várzea, no caminho entre a Lapa e Rio Negro. Além disso, a falta de alimentos e notícias de avanço de tropas federalistas por outros itinerários, tornavam preocupante a situação do Exército, a interrupção da comunicação com a Lapa impedia o recebimento de novos reforços ou suprimentos, tudo sugeria que os federalistas estariam preparando-se para realizar um cerco a tropa legalista.

Confluência Ruas Margem 1891 Vista parcial 1900
Diante de iminente ameaça, Riomafra tinha deixado de representar o ponto ideal para impedir o avanço gaúcho e se revestido de potencial para ser cenário de um verdadeiro massacre Pica-Pau. Assim, Argollo decidiu mais uma vez recuar, desta vez até a Lapa, onde poderiam se preparar para o embate.

Porém, o sucesso do recuo estava ligado diretamente a rapidez com que o mesmo deveria acontecer, antes de que os Maragatos estivessem em condições de atacar. Assim, na manhã do dia 22, enviou-se ao mesmo tempo, um grupo para o lado esquerdo do rio (lado mafrense) a fim de verificar a situação e localização dos federalistas e uma força, orientada pelo engenheiro Hercílio Luz, até o rio da Várzea para realizar a recuperar da ponte.

Mesmo sem encontrar o acampamento dos federalistas, o que reforçava a idéia da adoção de nova tática e, com a ponte ainda em recuperação, sob a escuridão da noite daquele mesmo dia, o General Argolo partiu às 04h rumo da Lapa, destruindo a balsa e outras pequenas embarcações utilizadas na transposição do rio Negro.

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Mal alimentados, sob a constante ameaça de uma perseguição federalista, o estado psicológico daqueles homens chegaram ao rio da Várzea às 10:00h, depois de percorrer 18 km, acompanhados por famílias que fugiam de Riomafra e acabaram por encontrar a ponte ainda sem condições de trânsito, revelava a aflição daquele contexto, que pode ser mensurado pelo suicídio do tenente Fidêncio Xavier, oficial da batalhão Patriótico da Lapa, em meio a tropa.

Horas depois, com a restauração da ponte, a tropa legalista seguiu seu caminho, deixando o território Riomafrense e rumando em direção à Lapa, onde mais tarde viveria os heróicos e trágicos episódios do cerco da Lapa.

Ao mesmo tempo em que os Pica-Paus seguiam rumo à Lapa, a força Maragata do General Piragibe recebia, em território mafrense, o reforço de cerca de 300 soldados comandados por José Serafim de Castilhos, o “Juca Tigre”, que juntos, a 24 de novembro, marchou sobre a Vila de Rio Negro, encontrando uma população totalmente desprotegida e temerosa das conseqüências daquela ocupação.

OBS: Sepultado à beira da estrada após seu suicídio, o túmulo do tenente Fidêncio Xavier é visível àqueles que atualmente transitam pela velha estrada da Lapa.

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