Frio em Riomafra: Companheiro de gerações

Por Fábio Reimão de Mello - 23/05/2013

Mês de maio, as primeiras geadas do ano cobrem de um tom branco as nossas paisagens, cenários extremamente belos, que geralmente podem ser contemplados nas primeiras horas após o amanhecer.

Uma beleza que está ligada diretamente a baixas temperaturas comuns à esta época e que nos dá ideia de uma relação direta entre beleza visual e a necessidade de proteção do corpo contra os efeitos nocivos do frio, que nos leva a utilizar todos os meios possíveis ao nosso alcance para nos aquecermos.

Individualmente são botas, blusas, casacos, tocas, luvas cachecóis, tecidos tecnológicos desenvolvidos com finalidade térmica, roupas ditas “pesadas” que dividem opiniões quanto a elegância e conforto, sendo taxadas de incômodas ou desconfortáveis devido a sensação de diminuição dos movimentos corporais, principalmente dos braços. Mas opiniões à parte, esses trajes acabam sendo usados por todos, afinal sentir frio não é algo muito apreciado, principalmente quando ele apresenta-se com maior intensidade e estamos sujeitos a ele, como quando circulamos pelas ruas rumo à escola, ao trabalho ou à universidade.

As casas, por sua vez, apresentam meios para proteção contra o frio baseados principalmente em tecnologia, ar-condicionado, diferentes tipos de aquecedores, sistemas de calefação, cobertores térmicos entre outros materiais que aquecem o lar a uma temperatura agradável, propiciam banho e sono tranquilos, nos permitindo, em nome do conforto, permanecer mais à vontade.

Um conforto físico que pode também ser encarado como “proteção” nessas épocas mais frias do outono e inverno, quando os rigores do frio se fazem presentes, e que é propiciado não somente pelos agasalhos e equipamentos que possuímos, mas que deve também ser atribuído ao momento histórico em que vivemos, pois nossos “avós” não puderam desfrutar dessas regalias do nosso tempo.

Dessa forma podemos imaginar que quanto mais voltarmos no tempo, menor será a presença dessas tecnologias e, que não foi pela falta delas que nossos antepassados necessariamente passavam frio. Nossos imigrantes, por exemplo, que vieram de regiões cujo inverno é muito mais rigoroso que o nosso, trouxeram consigo costumes, conhecimentos e técnicas de construção que os protegiam das baixas temperaturas riomafrenses.

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A casa de um alemão, apesar de não poder contar com um aquecedor elétrico pela simples inexistência de uma rede de energia elétrica e da existência de um telhado alto e inclinado, projetado para evitar o acúmulo de neve, fato inimaginável aqui nesta área, oferecia uma boa condição térmica aos seus moradores.

O emprego do estilo enxaimel na construção de uma residência, que se baseia em uma armação de vigas de madeira com espaços preenchidos com tijolos maciços, era complementada em alguns casos, por um reboco feito de barro e palha de cereais (como o trigo) sobre as paredes, que diminuía  a passagem do frio, contribuindo ainda para o conforto dos ambientes o assoalho de madeira e uma base de pedra entre o solo do terreno e o chão da casa que diminuía a umidade transmitida à casa.

Dentro da casa, o tradicional fogão à lenha funcionava tanto como ferramenta para o preparo de alimentos quanto de aquecedor, irradiando calor no ambiente e fornecendo a água quente (por meio de chaleiras, latas ou mesmo pequenas caldeiras existentes anexas aos próprios fogões) necessária aos banhos e outras atividades caseiras.

O sono era garantido por colchões feitos de palha de milho, cobertores de lã, cobertas e travesseiros de pena (geralmente de ganso), que eram comumente confeccionados pela própria família, empregando materiais que possuíam em sua propriedade.

Seja convivendo ou tendo convivido com o frio, a busca da proteção contra o frio do inverno é algo comum tanto ao presente quanto ao passado, não somente para manter as condições mínimas de sobrevivência, mas para poder desfrutar de conforto, dispondo a cada tempo, dos meios que o período histórico nos proporciona e, é claro, dos que realmente temos condições de acesso.

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