
Na noite da última terça-feira 12, os moradores de Campo do Tenente, protestaram contra o aumento salarial dos vereadores. Há pouco tempo, a Câmara de Vereadores havia aprovado o reajuste salarial em 20%, elevando ganhos de R$ 3.700 para R$ 4.500, entrando em vigor a partir do dia 1 de janeiro de 2017.
Com isso, os moradores organizaram um movimento, coletando em torno de mil assinaturas, representando cerca de 15% da população para a reivindicando contra o aumento salarial.
“O trabalho deles é semanal, são apenas quatro sessões por mês. Enquanto isso, com a falta de recursos, principalmente para a educação e em um município onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dos mais baixos do Paraná, aliado ao momento político e econômico que o país atravessa, é inconcebível que se dê um aumento dessa natureza”– disse o engenheiro agrônomo Adolar Adur.
Os manifestantes pedem também, que o salário do vereador seja equiparado ao de um professor com carga horária de 20h semanais. “Político não pode ser profissão. Vereador não pode ser uma profissão. É uma atividade momentânea, daqueles que se comprometeram a servir ao próximo; a representar a vontade popular e a colaborar com nossa cidade”- relata o empresário Acir Basso, que discursou durante a sessão. “Pretendemos, caso não haja consenso, apresentar projeto de lei popular, de acordo com a lei orgânica do município, propondo tais vencimentos. Acompanharemos passo a passo os trâmites do projeto, quem votará a favor, quem votará contra, e divulgaremos tais dados em todos os meios possíveis. Se um professor ganha R$ 1.100 por 20 horas semanais, um vereador também pode viver com um salário semelhante” – completou.
Os vereadores
Apesar de a cidade ter ficado apenas na 285º colocação entre os 399 municípios no estado, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal ( IDHM), alguns vereadores tentaram justificar esta proposta ao reajuste salarial. “Demos 20% de aumento porque só temos o salário, não temos verba de gabinete e há descontos como INSS, por exemplo. Para nós que moramos em uma cidade pequena e trabalhamos, acredito ser uma remuneração justa. E me diga qual cidade do Paraná os vereadores diminuíram o salário?”- disse o vereador Celso Sá Brito.
As Câmaras de Cambira, Santo Antonio da Platina e São Mateus do Sul, todas no Paraná, aprovaram reduções nos salários dos parlamentares, e em Curitiba, os vencimentos dos parlamentares foram congelados recentemente.
O atual presidente da Câmara, Paulo Renato Quege também defendeu o reajuste salarial. “Sabemos que nossa cidade é pequena e entendemos os protestos. Em uma cidade grande, a população não tem esse contato com os vereadores, com aquelas pessoas que ele confiou nas urnas e não pode cobrá-los. Campo do Tenente é, em toda a região, a única cidade que não fornece diárias, não possui verba de gabinete. Então optamos por esse aumento. Agora quem vai dizer se é justo ou não é a população nas urnas” – disse.
Ao final da manifestação, os protestantes vaiaram e xingaram os vereadores, não sendo registrado nenhum incidente. Após isto, os mesmos saíram em carreata no município.



