Artigo: Educar para humanizar o trânsito

Por Assessoria - 15/10/2018

A influência das crianças e dos jovens vai ser determinante para transformar o cenário de hostilidade e o comportamento de risco ainda presentes nas ruas e rodovias do país. O trânsito é a principal causa de morte acidental entre crianças de 0 a 14 anos e responde por cerca de 35% dos óbitos, segundo dados da ONG Criança Segura. Conforme o Ministério da Saúde, 12.299 crianças foram hospitalizadas no Brasil em decorrência de acidentes de trânsito em 2016.

Curiosamente, a faixa etária mais atingida é entre 10 e 14 anos, justamente aquelas em que a legislação já não prevê o uso de equipamentos específicos, como cadeirinhas e bebê conforto, para o transporte em veículo. Quando nos referimos a seres em formação, é essencial a atenção redobrada para garantir o transporte seguro, com a exigência do uso do cinto de segurança.

O risco é alto também para quem está na rua. As crianças ainda não têm plena capacidade para prever os perigos de um carro em movimento e associar as diferentes situações que o trânsito apresenta simultaneamente, como observar a travessia para pedestres, a indicação do semáforo e o movimento dos automóveis. Isto acontece, principalmente, pela fase do desenvolvimento cognitivo, físico e emocional em que se encontram. O adulto, por sua vez, possui uma visão panorâmica e consegue perceber uma paisagem em sua totalidade.

Assim, quando orientamos as crianças para ficarem atentos e olhar para todos os lados antes de atravessar, é bom saber que, dependendo da idade, as recomendações não surtirão efeito imediato.  O modo de ver e compreender o mundo é diferente. Por exemplo, elas acreditam que, ao enxergarem o carro, também foram vistas pelo motorista, o que pode levá-las a um comportamento de risco.

Para reduzirmos as estatísticas de óbitos e internações e atingirmos um trânsito mais humano, o melhor caminho é a educação. Investimos na sensibilização e na conscientização sobre a importância de cada um assumir responsabilidades perante sua comunidade. É nesta direção que trabalhamos há 17 anos, quando começamos o Projeto Escola Arteris.

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Consideramos a estratégia um sucesso. Já capacitamos mais de 17 mil professores de escolas públicas em cinco estados onde a Arteris administra rodovias: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Para engajar os jovens, o corpo docente é treinado e recebe material didático com conteúdos ilustrados e linguagem adequada, para promover interações.

Entre os materiais utilizados pelo projeto, estão exemplares impressos da história em quadrinhos Revista do Zé Quest, que traz situações cotidianas do trânsito e mostra como a turma do Zé Quest consegue resolvê-las, seguindo orientações de como se comportar diante de cada situação. Por meio de palestras, concursos, blitz educativas, a família dos estudantes também é envolvida e, dessa forma,  ampliamos o público.

Lembro-me de certa vez, no interior de São Paulo, quando o responsável pela gráfica trouxe os materiais didáticos recém-impressos e pediu para falar comigo. Recebi o rapaz e logo soube que era um pai agradecido. Contou que sua filha de oito anos estuda numa escola integrante do Projeto Escola Arteris e, ao buscá-la de carro, sinalizou que havia chegado, mas a menina não se moveu na calçada. Diante da teimosia, o pai saiu do carro e foi pessoalmente conversar com ela, ao que logo ouviu: “você parou em cima da faixa de pedestres que nós pintamosâ€. Ela entrou no veículo somente quando foi estacionado corretamente, em local permitido.

As crianças assimilam muito mais rápido os conhecimentos e, ao incorporá-los, levam as mensagens aos seus familiares.

Precisamos ir além dos muros escolares e pensamos em iniciativas para ampliar a abrangência das informações e atingir toda a comunidade. Assim, no futuro o aluno de hoje (pedestre, ciclista e passageiro), se optar por dirigir, terá muito mais consciência que no trânsito somos todos responsáveis e precisamos colocar em prática a plenitude da cidadania.

10 DICAS

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É sempre válido reforçar dez dicas básicas para a segurança dos pequenos no trânsito. Abaixo, relacionamos 10 recomendações para redução do número de acidentes, especialmente de atropelamentos.

  • Seja o exemplo para a criança: respeite as leis de trânsito e sempre atravesse a rua pela faixa de segurança.
  • Se a opção é uma passarela, escolha a mais próxima; não tenha preguiça de ir até ela e utilizá-la.
  • Se estiver de bicicleta diante de uma passarela, desça e empurre-a na hora de atravessar.
  • Ao cruzar uma via, esteja atento ao entorno e dispense o fone de ouvido, assim como joguinhos e outros usos do celular.
  • Ao realizar uma travessia, os adultos devem segurar o pulso da criança, em vez de dar-lhe a mão. Esta atitude evita o risco de ela se desvencilhar abruptamente.
  • Ao desembarcar de um ônibus, espere o mesmo se afastar para então atravessar a via.
  • Cuidado com a saída de garagens.
  • Peça para as crianças terem atenção especial com carros que estão virando em uma rua ou dando ré.
  • Até os 10 anos de idade, as crianças devem ocupar o banco de trás com dispositivos como cadeirinha, bebê conforto e similares, conforme legislação.
  • As crianças no trânsito devem estar sempre acompanhadas por um adulto.

Maria José Finardi é coordenadora de Sustentabilidade da Arteris S.A e responsável pelo Projeto Escola Arteris desde a sua criação em 2001. A Arteris é uma das maiores companhias do setor de concessões de rodovias do Brasil, com mais de 3.400 km em operação. Ao total, a companhia detém nove concessionárias. As federais Arteris Fernão Dias, Arteris Régis Bittencourt, Arteris Litoral Sul, Arteris Planalto Sul e Arteris Fluminense, e as estaduais Arteris Autovias, Arteris Centrovias, Arteris Intervias e Arteris ViaPaulista.

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