Nova espécie fóssil de réptil voador é apresentada pelo Cenpaleo

Por Gazeta de Riomafra - 23/08/2019

Na segunda-feira (19), a revista da Academia Brasileira de Ciências publicou um artigo com a apresentação de uma nova espécie fóssil de réptil voador (pterossauro) denominado de Keresdrakonvilsoni, encontrado no município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do estado do Paraná.

O dragão Espírito da Morte é uma nova espécie de pterossauro descoberta no Brasil e faz parte do acervo do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado – Cenpaleo.

O fóssil foi Descoberto no mesmo local onde já foram encontrados e descritos outros fósseis: o pterossauro Caiuajara dobruskii, o lagarto Gueragama sulamericana e o dinossauro Vespersaurus paranaensis.

Este sítio fossilífero foi inicialmente descoberto em 1971 por Alexandre Gustavo Dobruski e seu filho, João Gustavo Dobruski, no leito de uma estrada rural. Em 1975 enviaram algumas amostras para UEPG (Ponta Grossa, PR), onde somente em 2012 foram retomados os estudos e iniciadas as escavações coordenadas pela Universidade do Contestado (UnC) e Museu Nacional/UFRJ, com a participação da UEPG, UFPR, Unipar, e representantes locais. Estas escavações foram autorizadas pelo DNPM (hoje ANM), com conhecimento e apoio da Prefeitura de Cruzeiro do Oeste.

O estudo desta nova espécie envolveu pesquisadores de várias instituições; Museu Nacional/UFRJ, Universidade do Contestado, Universitat Autonoma de Barcelona, URCA e UFPE.

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Para o pesquisador da Universidade do Contestado (Cenpaleo/UnC), Dr. Luiz Carlos Weinschütz, “o pterossauro Keresdrakonvilsoniviveu entre 110 e 80 milhões de anos atrás, em um ambiente desértico periférico, onde existiam oásis com água e certa vegetação. Enxurradas esparsas carreavam ossos e carcaças dessa e das outras espécies para o fundo desse lago, desarticulando e até misturando estes restos, formando verdadeiras camadas de ossos”.

Já para Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional/UFRJ e um dos autores do artigo publicado na revista, a descoberta de Cruzeiro do Oeste é muito interessante, não apenas por ser uma nova espécie de réptil alado. “Não se trata apenas de uma espécie nova. O mais importante e que as vezes passa despercebido por alguns pesquisadores é o fato de você encontrar uma sucessão de três horizontes com grande concentração de ossos (os bonebeds) e com associação de duas espécies de pterossauros, cada uma especializada em um modo de vida e hábito alimentar. Além disso, temos também associado um dinossauro, o que permite ter uma ideia da paleoecologia – ou seja, a relação entre espécies – em uma área que há milhões de anos já foi um deserto” – disse.

“O Keresdrakonvilsonifoi um pterossauro de grandes dimensões, bem maior que o Caiuajaradobruskii, o outro pterossauro achado no sítio de Cruzeiro do Oeste”, disse Borja Holgado, co-autor do trabalho, doutorando no Museu Nacional/UFRJ e pesquisador associado ao Institut Català de Paleontologia ‘Miquel Crusafont’ de Barcelona (Espanha)

Em relação a sua denominação, Keresdrakoné a junção de Keres, que pela mitologia Grega são espíritos que personificaram a morte violenta e estão associados a fatalidade e/ou pilhagem; e drakon, que pelo grego antigo é a palavra para dragão ou enorme serpente, e vilsoni foi dado em homenagem ao Sr. Vilson Greinert, um voluntário que dedicou centenas de horas preparando a maioria dos espécimes desse “cemitério dos pterossauros”.

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