A 29ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Rio Negro, realizada no dia 9 de setembro, foi marcada por momentos de forte impacto social durante a Tribuna Livre, quando a diretora da APAE, Sílvia de Paula Stange, e a mãe atípica Ana Paula Sá Menezes usaram o espaço para apresentar a realidade da instituição e a importância do trabalho desenvolvido.
Sílvia lembrou a história da APAE de Rio Negro, fundada em 1999, e destacou que hoje a instituição atende 64 alunos em uma proposta que alia educação, saúde e assistência social. Segundo ela, a APAE não se confunde com uma escola convencional: “é um espaço de formação permanente, que garante cidadania, dignidade e inclusão a dezenas de famílias rionegrenses”. A diretora também falou dos desafios enfrentados atualmente, com a entidade sob intervenção administrativa e dificuldades financeiras herdadas de gestões anteriores. Entre as demandas mais urgentes, ela citou o fornecimento de alimentação escolar compromisso já assumido pelo Executivo para setembro, construção de uma quadra esportiva e salas de saúde, em terreno concedido pelo Município, mas que dependem de recursos financeiros, formalização de convênios via Fundeb (Lei 14.113/2020) e acesso ao PNAE, que permitem o repasse legal de recursos para instituições filantrópicas. Também foi tratado o apoio político frente à ADI 7.796, em tramitação no STF, que ameaça a continuidade de convênios que sustentam APAEs em todo o país, ela pediu aos vereadores uma moção de apoio à instituição, além de intermediação e articulação de recursos junto ao Executivo e parlamentares estaduais e federais.
Na sequência, a mãe atípica Ana Paula Sá Menezes trouxe um relato pessoal sobre a trajetória do filho autista, de 13 anos, que encontrou na APAE acolhimento e pertencimento após passar por diversas dificuldades em escolas regulares. “Pela primeira vez, meu filho se sentiu parte de um grupo. Na APAE, ele tem amigos, é respeitado e tratado com dignidade. Essa instituição mudou a vida dele e a minha também”, disse, emocionada. Ana Paula relatou ainda o medo inicial de levar o filho à instituição e a surpresa positiva com a transformação no comportamento e na autoestima da criança: “Hoje ele participa de atividades, fez amizades e voltou a sorrir. Existe uma luz no fim do túnel, e essa luz se chama APAE”.
As falas sensibilizaram o plenário. Vereadores registraram apoio às reivindicações, destacando que a APAE é indispensável para o município e que a Câmara deve unir forças para garantir sua continuidade e fortalecimento. Também houve manifestação favorável à aprovação de moções de apoio e repúdio à ADI 7.796.
