Quem é a rionegrense que salvou judeus e passa a estampar selo dos Correios

Por Redação Click Riomafra - 13/12/2019

Nesta semana o portal UOL publicou uma reportagem sobre a rionegrense Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, que ficou conhecida mundialmente. Em sua trajetória de vida, Aracy foi esposa do diplomata e escritor romancista Guimarães Rosa e atuou para salvar centenas de judeus do Nazismo. Por isso ficou conhecida como “Anjo de Hamburgo†e foi homenageada nos museus do Holocausto de Jerusalém e de Washington.

Nascida em Rio Negro, no Paraná, Aracy tinha pai português e mãe alemã. Seu primeiro casamento, em 1930, foi com um alemão. Durou cinco anos. Poliglota – dominava português, inglês, francês e alemão -, conseguiu o emprego no consulado brasileiro de Hamburgo.

“Aracy era uma mulher à frente do seu tempo. Separada, com um filho para cuidar, mudou-se para a Alemanha em 1934 e foi trabalhar no setor de vistos em uma época em que poucas mulheres trabalhavam. Desafiou as ordens enviadas pelo governo brasileiro e concedeu vistos colocando sua própria carreira em risco. Muitos anos se passaram, ela voltou ao Brasil, e quando indagada sobre o motivo de suas ações, respondeu simplesmente: ‘Porque era justo'”, comenta Sundfeld.

Foi em Hamburgo que Aracy conheceu o escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), que era cônsul adjunto. Apaixonaram-se e casaram-se. Eles ficaram na Alemanha até 1942.

Em Rio Negro há uma biblioteca que homenageia Aracy

“Anotações deixadas por Guimarães Rosa em seu diário escrito durante o período mostram que a questão dos judeus perseguidos pelos nazistas fazia parte das preocupações do casal”, aponta Tucci Carneiro. Em 1956, quando publicou sua obra-prima Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa dedicou-o a ela: “A Aracy, minha mulher, Ara, pertence este livro”.

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“Foi uma mulher bem corajosa. Filha de mãe alemã, ousou peitar o governo Getúlio Vargas viabilizando vistos para refugiados judeus do nazismo”, comenta o historiador Reuven Faingold, PhD em História do Povo Judeu pela Universidade Hebraica de Jerusalém e diretor educacional do Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto em São Paulo.

“Sabemos que são poucos os brasileiros que afrontaram com tanta determinação e coragem a política acentuadamente antissemita disseminada pelo governo Vargas”.

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Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa em seu apartamento em Copacabana, em 1992. Imagem: Luciana Whitaker/Folhapress

“Anjo de Hamburgo”

Apelidada de O Anjo de Hamburgo, Aracy foi reconhecida em vida pelo Yad Vashem, o memorial do Holocausto em Israel. Em 8 de julho de 1982, teve seu nome incluído no Jardim dos Justos, honraria que coube a apenas mais um brasileiro, o diplomata Luiz Martins de Souza Dantas (1876-1954), que atuava na França durante a Segunda Guerra. Em 1993, ambos também foram lembrados pelo Memorial do Holocausto em Washington.

Hoje, Aracy ganha mais uma homenagem: ela passa a estampar um selo dos Correios. É a sexta personalidade da série Mulheres Brasileiras que Fizeram História, que já homenageou, entre outras, a farmacêutica e ativista Maria da Penha e a escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977).

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“É uma homenagem absolutamente merecida. Aqueles que salvam vidas de inocentes merecem ser reverenciados e divulgados”, afirma o rabino David Weitman. “A história não pode esquecê-los”.

Tucci Carneiro acredita que a iniciativa dos Correios ajudará a tornar a história dela mais conhecida. “Coloca em circulação informações históricas até então restritas a um público menor”, avalia.

“Serve também de estímulo ao ato de narrar ser assumido pelos sobreviventes salvos por Aracy, ou seus familiares, que até então não deram o seu testemunho. O selo é também um ato pedagógico que ensina, através da imagem de Aracy, sobre a importância dos atos de solidariedade em tempos sombrios”.

Fonte: Edison Veiga/Portal UOL

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