
O senhor Cícero Jayme Bley Junior tem grande importância para o desenvolvimento de Rio Negro. Durante a sua trajetória foram várias a ações que levaram o nome de Rio Negro cada vez mais longe. Assim como vários outros membros da tradicional família Bley, Cícero atua no município com dedicação em ações que têm o objetivo de preservar a história.
O reconhecimento ocorreu na sessão da última terça-feira da Câmara Municipal. Durante a Sessão Solene que celebrou os 155 anos de emancipação política do município de Rio Negro, a Comenda Ordem do Brasão Municipal foi entregue ao senhor Cícero.
Em seu discurso o senhor Cícero agradeceu aos vereadores por concederem a honraria. Também agradeceu aos familiares e amigos que sempre o apoiaram. “Preciso registrar que não considero esta honraria como uma posse minha. Ao contrário. Compartilho com outras pessoas que igualmente se dedicaram a promover Rio Negro e de modo especial as suas relações com Luxemburgo e sua cidadania”, disse.
Entre os familiares e amigos mencionados pelo homenageado está o irmão Arnoldo Bley Neto, a professora Cinthia Cordeiro, a prima Jandira Schitz, o casal Antônio e Lindamir Kuhl e demais sócios da Casa da Cultura de Luxemburgo que Cícero ajudou a criar com o compromisso de preservar as relações iniciadas em 1829 com a chegada em Rio Negro das primeiras famílias de imigrantes.
Através da Casa da Cultura de Luxemburgo foi criado em Rio Negro o Memorial de Luxemburgo, cuja primeira etapa já está finalizada e a segunda foi apresentada recentemente. O local foi criado em homenagem ao país de onde vieram as famílias Stresser, Krauss, Grein e Bley, juntas com mais oito famílias alemãs. Durante o discurso o senhor Cícero também agradeceu aos envolvidos no projeto: “Compartilho esta honraria também com o escritório de arquitetura de Pedro Bornmann da Silveira, autores do projeto, e com o engenheiro Valdir Ruthes, executor da obra”.
Cícero também destacou como surgiu a ideia da criação do memorial em Rio Negro: “A ideia de construir um Memorial de Luxemburgo em Rio Negro surgiu há cinco anos em um pequeno recorte de jornal dos anos 30, que nos foi encaminhado pela professora Cinthia, que convidava em poucas linhas para a realização de uma quermesse com fins filantrópicos – apoio a construção do Hospital Bom Jesus, a ser realizada num lugar de Rio Negro chamado Parque Bley. E assim tudo começou. Descobrimos que o Parque Bley era um espaço urbano as margens do rio Negro, local aonde funcionou a primeira usina termoelétrica de Rio Negro, por iniciativa do meu bisavô Nicolau Bley Neto”.
Durante o discurso a história da usina também foi explicada por Cícero: “Ali foi gerado o primeiro fluxo de energia elétrica que substituiu os lampiões de ruas usados na cidade, por lâmpadas elétricas. E mais, motores elétricos puderam ser utilizados nas atividades industriais de Rio Negro. A revolução industrial chegava com a energia elétrica em Rio Negro dos anos 1920. No momento da nossa redescoberta, o Parque Bley tinha virado mato, devido às frequentes inundações ocorridas na área. Entendemos que o rio Negro havia preservado o local e ali identificamos as ruinas do que fora a central de geração do Nicolau Bley Neto e filhos”.
A presença da família Bley na construção da história de Rio Negro também foi enfatizada por Cícero: “Preciso voltar um pouquinho mais no tempo, isto porque esta honraria concedida pela Câmara de Vereadores me faz viajar um pouco mais longe na minha genealogia. Se tem uma ação que me mantém vivo, esta é o encontro com as minhas referências familiares. Encontrei na ata de fundação desta Câmara de Vereadores, em 1870, o registro da presença do vereador capitão João Bley. João Bley é filho do pioneiro Nicolau Bley, pai do meu bisavô Nicolau Bley Neto (do Parque Bley), avô do meu avô Ewaldo Bley, de suas irmãs e seus irmãos Arnoldo e Oscar e ainda bisavô do meu pai Cicero Jayme Bley. Portanto, esta honraria me faz recordar que todos os meus familiares estiveram de uma maneira ou outra integrados e contribuindo para fazer a história de Rio Negro. E agora, por constar neste registro oficial desta Câmara ouso dizer em nome de todos eles obrigado Rio Negro, pedaço de mundo que nos abrigou”.
O histórico do senhor Cícero Jayme Bley Junior foi lido pela vereadora Isabel Cristina Grossl aos presentes e internautas que acompanhavam a sessão. Leia na íntegra:
Senhoras e senhores, é com grande honra que esta casa legislativa celebra hoje a entrega da Comenda Ordem do Brasão Municipal ao engenheiro Cícero Jayme Bley Junior, um cidadão que leva consigo o espírito inovador do Paraná e o compromisso com um futuro sustentável para o Brasil e para o mundo.
Com uma carreira que ultrapassa três décadas dedicadas à gestão de resíduos e à produção de energias limpas, o senhor Cícero construiu uma trajetória marcada pela seriedade, pela visão de futuro e pelo pioneirismo. Mestre em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Catarina, foi superintendente de energias renováveis da Itaipu Binacional, idealizador da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, e fundador de instituições que projetaram o nome do Brasil, como o Centro Internacional de Hidroinformática e o Cibiogás.
Sua contribuição, contudo, não se limita ao nosso território. Detentor também da nacionalidade luxemburguesa, o senhor Cícero representa um elo vivo entre o Paraná, o Brasil e o Grão-ducado de Luxemburgo, aproximando continentes e compartilhando conhecimento.
Através de sua atuação em conferências internacionais e projetos de cooperação tecnológica, Rio Negro pode se orgulhar de dizer que, hoje, tem um amigo em Luxemburgo — e, ao mesmo tempo, que Luxemburgo tem um amigo em Rio Negro. Essa amizade simbólica entre os povos traduz o espírito de fraternidade e integração que o homenageado tão bem representa.
Cícero Jayme Bley Junior é autor de livros, inventor patenteado e mentor de projetos que unem ciência, meio ambiente e desenvolvimento humano. Sua obra e seu exemplo inspiram uma nova geração de profissionais comprometidos com o planeta.
Neste momento especial em que Rio Negro celebra seus 155 anos de emancipação política, é profundamente simbólico que a cidade homenageie alguém que também constrói pontes — pontes de conhecimento, de respeito e de amizade entre nações.
Assim como Rio Negro nasceu às margens do rio que une dois estados e duas culturas, o homenageado une dois continentes pela causa comum da sustentabilidade e do progresso humano.
Reconhecendo a importância de nossa cidade com a integração Brasil – Luxemburgo buscou junto a lideranças políticas do estado do Paraná na pessoa da deputada estadual Cristina Silvestre, que tem laços familiares com Rio Negro, recursos para construir as margens do rio Negro na Vila Paraná o Memorial de Luxemburgo, no terreno onde abriga as ruínas da antiga usina termoelétrica iniciada por Nicolau Bley Neto, um marco pioneiro da industrialização de Rio Negro. O projeto do memorial visa não somente preservar a memória da imigração luxemburguesa, mas também gerar um novo espaço de lazer, encontro entre gerações, cultura e vínculo entre Rio Negro e Luxemburgo, que será brevemente inaugurado.
Que esta Comenda do Brasão Municipal, a mais alta honraria desta casa, seja o reconhecimento de todo o povo rionegrense ao legado de quem honra o Brasil e também faz de Luxemburgo um parceiro e amigo de nossa cidade.
Parabéns, Cícero Jayme Bley Junior, por ser ponte, inspiração e exemplo.
E parabéns, Rio Negro, pelos 155 anos de história, fé e trabalho — uma cidade que segue crescendo, com os olhos no futuro, reconhecendo os feitos de seus antepassados e o coração voltado para o bem comum.
A solenidade foi transmissão ao vivo pelo canal oficial da Câmara no YouTube:
