Por Tânia C. D. Harada
Papanduva/SC
Anunciada como uma das melhores Polícias Civis do país, a Polícia Civil catarinense tem lá suas mazelas. Exemplo disto é a atual situação da unidade policial de Papanduva, cidade situada próxima à divisa com o Estado do Paraná. Atualmente com cerca de 17.000 habitantes, o município conta com efetivo policial civil de apenas três policiais, o que faz com que a proporção aproximada seja de 01 policial civil para 5.666,67 habitantes. Às margens da BR 116 e próximo à divisa de Estados, tal município justamente por possuir quadro de pessoal deficitário, vem sendo alvo constante de atuação de grupos armados, promovendo uma onda de crimes patrimoniais, tais como roubos de cargas, assaltos, furtos a instituições financeiras, dentre outros.
Em estudo realizado especificamente sobre a atuação dos chamados “caixeiros” (grupo especializado em furtos a caixas eletrônicos), constatou-se que tal circunstância (número reduzido de policiais) é considerada para escolha das cidades que serão alvo da atuação criminosa, sendo tais grupos bem informados a respeito.
Além de tal circunstância, em tal cidade, há ainda outros atrativos à prática delituosa, tais como: a proximidade com a rodovia referida e a interdição do Presídio Regional de Mafra (hoje parcial), o que impossibilita a realização de uma série de prisões, como, por exemplo, pela prática de tráfico de drogas. Isto porque tal delito não está elencado entre os que permitem o encaminhamento àquele estabelecimento prisional. Há hoje também a ausência de médico legista para atuação específica na região, o que também dificulta a realização de prisões, em casos em que a atuação de tal profissional é fundamental, como, por exemplo, em casos de estupro.
Isto sem se mencionar dificuldades estruturais propriamente ditas, tais como: ausência de coletes balísticos dentro do prazo de validade (atualmente os utilizados pela Polícia Civil se encontram vencidos há anos), viaturas apropriadas ao transporte de presos e em boas condições de uso, fornecimento regular de munições, de equipamentos apropriados para a prática investigativa, etc.
Assim, diante de tudo isto, a antes pacata Papanduva, assim como outros municípios catarinenses em situação semelhante, hoje é a materialização do convite à criminalidade.
