Ventos.

Publicado por Samuel Charane - 16/05/2011 - 09h16

Dinâmica dos ventos

Olá, bumeranguers!

Quem já tem o mínimo de experiência sabe que a melhor condição para arremessar bumerangues são ventos constantes, tanto em intensidade, quanto em direção. Pra conseguir isso os melhores lugares são terrenos planos à beira do mar. Mas como nem todo mundo mora no litoral, lugares planos sem muitos obstáculos e longe de morros ou casas já proporcionam bons ventos:

 

Já em morros, o vento tende a ser mais constante no topo. Próximo às encostas são geradas turbulências e o ar faz círculos, atrapalhando o voo do bumerangue:

O mesmo ocorre próximo a obstáculos como casas e árvores:

Em vales apertados os ventos podem subir ou descer. O mesmo acontece em terrenos inclinados e, a depender da posição relativa do vento, o bumerangue tenderá a subir (se o vento for ascendente) ou a ser empurrado para baixo (se o vento for descendente), o que é o mais problemático:

Tudo isso são padrões gerais que podem variar entre diferentes lugares, além de serem afetados pelas condições de tempo também.

Pra quem está iniciando o recomendado é evitar arremessar onde os ventos não são constantes, pois isso evita acidentes (como perder o bumerangue ou acertar alguém). Quem tem mais experiência pode tentar modelos de voo alto e que chegam por cima, como o Trifly, evitando os de voo rasante¹.

Lidando com o vento: velocidade

Depois de aprenderem sobre a direção, é hora de falar sobre a velocidade do vento.

Para cada modelo de bumerangue existe uma velocidade (ou um intervalo de velocidades) ideal. Essa velocidade é definida pelo shape e pelo material do qual o bumerangue é feito. Geralmente os fabricantes indicam essa velocidade, ou melhor dizendo, a intensidade. Qual a diferença entre as duas coisas?

A velocidade é um dado numérico, em km/h, m/s, nós etc. Ela pode ser medida através de um anemômetro. Podem se bastante úteis e é possível encontrar anemômetros portáteis para comprar na internet custando a partir de uns R$100,00:


Já a intensidade não é um valor medido e sim uma inferência baseada na observação indireta do efeito que o vento causa em objetos.

Não há um consenso geral no Brasil (pelo menos não que eu conheça) de como classificar os ventos. Os fabricantes vendem bumerangues para ventos fortes, fracos e médios, mas cada um parece seguir sua própria escala. O único que deixa clara a que segue é o Jerri Leu, de Balneário Camboriú – SC: Condições de vento.
Observe que por essa escala é possível inferir a intensidade do vento pelo efeito que ele causa na biruta e nas árvores, ilustrando o que foi explicado acima.

Já o bicampeão brasileiro Sandro Freitas sugere outra escala (Via comunidade Bumerangue / Boomerang):

“de 0 à 6 km/h – Ventos Fracos

De 6 à 8,5 km/h – moderados

de 8,5 à 11km/h – Ventos médios

de 11 à 16km/h – Ventos fortes

De 16 à 22km/h – Ventão f####do

De 22 à 32km/h – Poucas coisas voam

32km/h é meu limite 

Não consigo jogar nada acima desse vento, testado em campo.

Mas imagino que um bom tijolo bem shepeado, talvez funcione.

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahha”

Pessoalmente, prefiro essa segunda, pois os intervalos de velocidade são mais curtos e deixam a escala mais precisa, o que poderia ser bom na hora de escolher o bumerangue para comprar. Mas ainda não tentei shapear um tijolo ;-p.

Vale citar também uma outra escala (menos conhecida pelos praticantes do bumerangue) que é usada em algumas plantas: a Escala Beaufort (abreviada como “Bf”). Não é muito prática, uma vez que nem todo mundo arremessa em alto mar nem próximo a lugares com fumaça ou moinhos de vento.

Mas saber a velocidade exata do vento não é realmente importante (a não ser, talvez, para quem compete, que deve saber com precisão que modelo usar em cada tipo de vento). Com alguma prática, você descobre a melhor intensidade para cada um dos seus bumerangues. Eu mesmo faço isso apenas sentindo o vento e olho para a biruta só para confirmar a direção. E perceba que um mesmo bumerangue pode se comportar de maneiras diferentes a depender da velocidade do vento, geralmente com um retorno mais suave no vento mais fraco e retornando com muito giro nos ventos mais fortes (mais agressivo, ou como diz um amigo meu: “cheio de veneno”)

Da mesma forma que a direção, a intensidade dos ventos tende a ser mais constante próximo ao mar e varia de acordo com o lugar, época do ano e condições de tempo. Preste atenção no lugar onde você costuma arremessar para perceber isso.

Por último, algumas dicas: veja no tópico “Erros mais comuns” quais são os erros relacionados com o vento e como corrigi-los. Veja também no tópico  “Regulando o bumerangue” como regular seu bumerangue para diferentes intensidades de vento.

Direção Do Vento

Para um bom arremesso, é indispensável saber exatamente a direção e ter uma noção da velocidade do vento. Na verdade, é mais fácil fazer a primeira coisa do que a segunda. Vamos por partes. 

Cada modelo de bumerangue deve ser arremessado a um certo ângulo em relação ao vento. A todo iniciante se diz que esse ângulo é de 45º, o que nem sempre é totalmente verdade. Mas é um bom começo quando você está arremessando pela primeira vez um modelo que não conhece e, a depender de como o bumerangue se comportar, você corrige esse ângulo para mais ou para menos (veja o post sobre erros mais comuns). Mas para calcular o ângulo primeiro você deve saber a direção do vento (isto é, de onde está vindo) e isso é bem simples: use uma biruta! 

Qualquer coisa leve pode ser usada como uma biruta. Muitos usam fitas de cetim, daquelas de enfeitar presentes. Fitas do Senhor do Bonfim também serve, se você tiver alguma sobrando. Algum pedaço de tecido bem leve também pode virar uma biruta se você amarrar nele um barbante. Enfim, use sua imaginação. Quanto mais leve for o material, mas sensível ao vento será sua biruta, que indicará a direção até mesmo de brisas bem fracas.

Algumas pessoas amarram a biruta no próprio corpo (geralmente as fitas), o que pode gerar alguns problemas (como o corpo bloquear o vento e a biruta não se mexer, a biruta enroscar no bumerangue ou nas mãos durante um arremesso ou pegada etc.). Recomendo que procure galhos de árvores, traves ou qualquer coisa horizontal fora da trajetória que o bumerangue vai seguir. Mas se você for arremessar em algum lugar que não tenha nada disso, eu tenho uma sugestão bem simples: arrume uma antena! Sim, uma antena telescópica daquelas de rádio ou de televisão, dividida em gomos que se encaixam um dentro do outro. Como ela é retrátil, fica fácil de transportar dentro de uma mochila, pra onde você for. Basta fincá-la no chão e amarrar nela a biruta. Caso você arremesse em lugares onde não dá pra enfiar a antena no chão (em gramados, por exemplo), você pode fazer uma base com pedras do próprio lugar para apoiá-la, ou mesmo fabricar uma base portátil (faça um cone com base bem larga, para que a biruta não caia de lado com ventos mais fortes). Sua imaginação é o limite! Aliás, quando se trata de bumerangue, muita coisa é improviso, então não se sinta envergonhado de tentar as mais loucas gambiarras! Só para citar um exemplo, já vi um cara em uma comunidade do Orkut que usa uma vara de pescar telescópica como biruta (com o adicional de que ela serve pra tirar o bumerangue de árvores e lugares altos, quando necessário). 

Agora, se você não quiser ficar carregando nada por aí ou estiver arremessando sem sua biruta, você pode pegar um punhado de grama, areia bem solta ou qualquer coisa semelhante e soltar no ar para saber a direção do vento. Só não aconselho fazer isso sempre, pois é bem chato ter que abaixar toda hora, além de sujar a mão. 

Dica: quando acertar o ângulo em que o bumerangue deve ser arremessado, use algum objeto para marcar a direção exata. Coloque um graveto apontando para essa direção e a cada arremesso volte para onde ele está e use-o como referência. O mesmo pode ser feito alinhando-se duas pedras ou qualquer outra coisa. Se você está em algum lugar que não tem nada disso para usar, você pode usar árvores ou postes como pontos de referência, arremessando o bumerangue do lugar de onde você vê dois deles alinhados. 

Outras observações: No Brasil, o vento predominante é o Leste (a denominação do vento se dá pela direção de onde ele vem, não para onde ele vai), variando um pouco para o sul e para o norte a depender da estação do ano. Em locais próximos ao mar (principalmente na praia), a direção do vento tende a se manter constante. Já próximo a morros ou entre prédios,  pode mudar com frequência em curtos espaços de tempo, até porque pode acontecer do vento encanar. As condições de tempo também podem influenciar (céu aberto ou fechado, com poucas ou muitas nuvens). Tudo isso varia de lugar para lugar, então não dá para prever com exatidão. Preste atenção no lugar onde você costuma arremessar e talvez consiga encontrar um padrão. 

Por fim, veja no tópico “Erros mais comuns” quais os erros relacionados com o vento e como corrigi-los. 

Bons arremessos!

Ítalo Carvalho.http://bumerssa.blogspot.com

Referências utilizadas:

O material desse post foi baseado em informações disponíveis no sita da Asociación Española de Bumerán Deportivo. A seguir, os créditos das imagens: [1] Desenhista Albondi, copyleft da Asociación. [2], [3] e [4] Livro “Magie del boomerang”, de Jacques Thomas, 1985. Original em francês. Ricardo Marx, via lista de discussão BUME.com.br.

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