Enquanto a Prefeitura do município de Itaiópolis trabalha em cima do plano de habitação para o município, fazendo um diagnóstico da situação das moradias urbanas e rurais, moradores da Área Verde sofrem com a falta de infraestrutura e seguem alimentando esperanças de conseguir um dia a “casa dos sonhos”

Como qualquer outro bairro de Itaiópolis, que enfrenta algum tipo de problema, o Bom Jesus, especialmente o espaço conhecido como “Área Verde” sofre em meio à falta completa de infraestrutura básica. Dizer que o local é demasiadamente pobre e que a Rua Odir Zanelatto está esburacada não é novidade, para quem conhece o local ou que passa com frequência pela via. Mas, por outro lado, o que não é “comum” para quem não mora na Área Verde são as casas humildes, na beira da estrada ou literalmente “dependuradas” em barrancos. Boa parte dos imóveis foi construída em áreas invadidas e consideradas de risco. Pelo menos quatro casas estão condenadas, pois estão em área de possível desmoronamento. O terreno não é propício para a construção de casas, sendo considerada uma área em desnível, além da existência de várzeas e charcos, o que deixa a área perigosa. Vivem na Área Verde, nos locais de possível invasão cerca de 30 famílias.
O terreno onde abrigou as pessoas foi tomado há aproximadamente 30 anos. Falta, no local, principalmente rede de esgoto ou mesmo de águas pluviais. Em dias de temporal os córregos transbordam e invadem o leito da via chegando a atingir assoalhos das pequenas casas. O pouco que existe de sistema de tubulação serve como pontilhão para acesso as casas e foi comprado e instalado pelos próprios moradores. As famílias reclamam que há riscos de doenças, principalmente após a vazão das águas da chuva como é o caso da leptospirose. É comum ver crianças menores de dez anos brincando sem calçado as margens dos ribeirões. Mesmo em meio a tanta humildade e carência de infraestrutura é possível sentir o espírito de ajuda humana. Os próprios moradores estão dando o exemplo. Eles adquiriram tubos em concreto (manilhas) e pretendem canalizar as áreas de maior risco de desmoronamento.
Segundo moradores, ao procurarem a prefeitura do município para solicitar algum tipo de assistência não conseguem nada, em prol do bairro. A resposta sempre é a mesma, que o pleito será avaliado, mas nada é executado na Área Verde, disse o morador José Elpídio Fernandes, 50 anos, que mora há 20 no bairro. As casas na Área Verde são modestas, com poucos cômodos e algumas construídas no sistema palafita, para evitar alagamentos. É notório o adensamento de pessoas nas casas. Segundo um bombeiro voluntário do município, que conhece a realidade do bairro, até nos casos de atendimentos de emergência existe dificuldade de acesso as casas da Área Verde. Alguns moradores têm necessidades especiais e frequentemente precisam de apoio do Corpo de Bombeiros, que sofre para chegar às casas para o atendimento. Muitas das casas estão em meio a áreas de inundação e as “pontes”, geralmente improvisadas estão em estado precário.
Na tarde de quarta-feira, 19 de janeiro, a reportagem da Gazeta de Itaiópolis flagrou crianças brincando em meio às valas, que escoam água suja da chuva. O morador Claudinei Alves Reis, 30 anos, que mora na Área Verde há nove utilizando de uma enxada fazia a limpeza de uma vala, na lateral da própria casa, para drenar a água estancada, temendo novos temporais. “Se der duas horas de chuva leva tudo o que tem por aqui”, explica o morador. Segundo a população o bairro começou a crescer desenfreadamente há dez anos, com a construção de novas casas. A comerciante Dorilda Martins, 40 anos, pede para que a Prefeitura faça a limpeza dos bueiros, no entanto, segundo ela, há também falta de conscientização dos próprios moradores que jogam muito lixo nos córregos.

Existe sistema público de coleta de lixo no bairro. Ainda, conforme os moradores, em dias de chuva o ônibus do transporte escolar não desce até a Área Verde, devido às más condições da Rua Odir Zanelatto. A Prefeitura de Itaiópolis iniciou o plano de habitação. Está sendo realizado um diagnóstico sobre a situação das moradias urbanas e rurais. Mas, no entanto, enquanto o plano não é concluído a Área Verde segue sonhando em receber casas dignas, em locais com sistema adequado de infraestrutura.
