Avicultor encascalha estrada municipal por conta própria

Plantar e colher a safra agrícola ou criar animais como aves e suínos para abate, fazendo o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é garantido por lei, não é sinônimo de ter a contrapartida no fluxo produtivo. A agricultura é uma das principais atividades no município de Itaiópolis. O município, além do tabaco, produz grãos, gado de corte, aves e suínos, dentre as outras ramificações agrícolas como, por exemplo, o crescimento da olericultura. A atividade vai movimentar, em janeiro de 2011, segundo informações da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) cerca de R$ 600.000,00 de ICMS para Itaiópolis.

Por outro lado, mesmo sendo a principal atividade desenvolvida, o setor agrícola sofre com a falta de investimentos do poder público municipal. Assegurar condições de tráfego nas vias vicinais do município seria o mínimo a se fazer para os agricultores. Descrever os pedidos particulares de cada produtor, no tocante as condições das estradas em Itaiópolis seria impossível. Na localidade de Santos Dumont, por exemplo, que fica a cerca de 10 quilômetros de Itaiópolis os produtores de aves sofrem com o estado calamitoso da estrada.

A Gazeta de Itaiópolis passou pela localidade e observou uma situação atípica, vivida por um agricultor. Descendo pela estrada, conhecida como “estrada dos postes”, que liga a comunidade de Rio Negrinho, a aproximadamente 900 metros da rodovia SC-419 flagramos máquinas sobre a via municipal fazendo conserto e empedramento. O mais curioso é que as máquinas não pertencem à prefeitura e muito menos a uma empresa privada, pois não estavam identificadas. A Gazeta de Itaiópolis perguntou ao morador Hercílio de Souza, com objetivo de saber o que estava ocorrendo no local. Segundo informações do morador, as máquinas (trator de lagartas, escavadeira hidráulica e patrola) pertencem à família de Mauro Pinto.

O morador não deu detalhes do que estava acontecendo, mas disse que o futuro produtor de aves, que está construindo dois aviários às margens da estrada teve problemas na chegada do material. De acordo com Hercílio, os caminhões que vieram trazer material para a edificação dos aviários encalharam e um, inclusive, despejou parte da carga, devido à estrada estar abandonada. Conforme o morador, o agricultor está trazendo cascalho do município de Mafra. Além de pagar as pedras ainda tem de custear o frete, em torno de 50 quilômetros. O investimento que Mauro está fazendo, segundo Hercílio de Souza, vai atingir cerca de R$ 1 milhão, para funcionamento dos dois aviários.

A “estrada dos postes”, assim conhecida, também é rota da linha de transporte escolar. Até o conserto ser feito por Mauro, as crianças tinham que caminhar aproximadamente cinco quilômetros para apanhar o ônibus escolar, explica Hercílio. O futuro criador de aves, utilizando suas próprias máquinas e pagando pelo cascalho, fez a recuperação de cerca de 400 metros de estrada municipal, para dar garantia ao andamento da construção do aviário, do escoamento da produção agrícola e do transporte escolar. Hercílio de Souza, que também depende da estrada, registra seu agradecimento a Mauro Pinto, pelo conserto particular da “estrada dos postes”.