
O município de Itaiópolis ganhou espaço na tela de uma das maiores redes de televisão do país, e também as páginas de uma importante revista da agricultura nacional. O município foi reverenciado pela revista Globo Rural, que abordou a produção de peras da família Brongiel, que vive na localidade de São Pedro, cerca de 17 quilômetros do centro urbano. A equipe da tevê Globo e da Revista Globo Rural acompanharam a colheita da produção, do experiente agricultor João Brongiel. Essa referência em nível nacional faz Itaiópolis despontar na atividade da fruticultora e passar em segundo plano a fumicultura, que ainda insiste em ser a principal atividade econômica local, sendo responsável pelo sustento de pelo menos duas mil famílias.

A reportagem que a Gazeta de Itaiópolis publica hoje é um desdobramento da matéria da revista Globo Rural. Segundo a reportagem, o cultivo da pêra era restrito a pomares domésticos e resultava na elaboração de geléias e compotas em calda. Itaiópolis hoje, segundo avaliação de especialistas, reivindica o título de maior produtor de peras do Brasil e essa consagração se deve ao piricultor João Brongiel, que foi considerado pela Globo Rural como sendo o “Rei da pêra”.
O agricultor que hoje tem um dos maiores pomares de peras da região do Planalto Norte nasceu em 1934, em Araucária, PR e seu caso de amor pelas frutas iniciou aos 12 anos, quando ganhou 200 mudas de fruteiras doadas por peões que cuidavam do pomar da escola. Seu olhar especial direcionou para as pereiras e em meados dos anos de 1960 veio com a família para o município de Itaiópolis. Primeiro o agricultor arrendou e depois comprou 50 hectares de terras, na região de São Pedro, que coroava uma imensidão de pinheiros (araucárias nativas). Quando chegou à região Brongiel encontrou matas fechadas e cobertas por pinheirais. O que ele fez foi contrário a todas as culturas agrícolas existentes nas imediações. Iniciou a plantação de arvores de pereiras que levam no mínimo sete anos para renderem frutos e paralelamente continuou a plantar araucárias, que levam 40 anos para dar madeira para construção ou moveis. Aos 77 anos, hoje Brongiel é proprietário de 100 hectares, subdivididos no pinhal e nos pomares de peras, pêssegos e ameixeiras. O fruticultor cultiva entre 10 mil a 20 mil pereiras chinesas, européias e japonesas. A produção resulta em pelo menos nove mil caixas (de 20 quilos) anuais de frutas. Os preços para comercialização variam entre R$ 0,30 a R$ 2,00 o quilo da fruta.
O fruticultor batizou o terreno com o nome “Sítio dos papagaios”. Mas não é apenas a beleza dos pinheiros que chama a atenção. O ponto alto do sítio são os pomares de peras. Centenas de turistas passam anualmente pelo sítio para contemplar a bela paisagem da florada das arvores e para apreciar e degustar as frutas, na época da colheita. Brongiel, no entanto, nunca foi egocêntrico. Sempre incentivou os pequenos agricultores da região a se tornarem piricultores. Alguns iniciaram o negocio sendo funcionários do próprio João e hoje são os principais concorrentes de mercado. Mas o velho fruticultor não se intimida com isso. Pelo contrário ele continua estimulando a produção, apesar de muitos que iniciaram abandonarem por ser um cultivo a médio prazo e que não tem retorno imediato. O pólo de piricultores de Itaiópolis é formado por uma dezena de produtores, mas já superou 150 hectares de área plantada e produz volume suficiente para abastecer grandes centros urbanos como Blumenau, Joinville, Florianópolis, Curitiba e São Paulo.
“Segundo consenso, João Brongiel fez mais pela imagem de Itaiópolis do que todos os prefeitos desde 1918”, disse a revista Globo Rural. Um dos maiores concorrentes de Brongiel na produção de peras é seu vizinho de frente, Venicio Jakubiak. O pomar da família Jakubiak é um dos melhores da região e isso fez dele escolhido pela estação experimental da Embrapa de Canoinhas para ensaios agronômicos. Uma novidade animadora é a pêra IAC 1830. Segundo a família, os frutos são muito saborosos. Os Jakubiak também cultivam ameixa, pêssego, figo e as variedades de maça gala cristal, que é colhida três meses antes da gala e da Fuji cultivadas em Fraiburgo e São Joaquim. O chefe da família, Venicio disse que a vontade é operar um almbique, para aproveitar o excedente de produção em pinga artesanal. Além de Itaiópolis, a reportagem do Globo Rural percorreu outros municípios catarinenses, que se destacam na olericultura e na fruticultura. Um deles é Frei Rogério, no Vale do Rio Marombas, no Planalto central Catarinense.
Surgem novas oportunidades
O que era consumido pelas famílias dos próprios fruticultores, doado para instituições ou destinado a alimentação de animais, hoje se transforma em renda extra. Acompanhando o crescimento da fruticultura no município de Itaiópolis, a Epagri local trabalha na agregação de valores as frutas produzidas nos pomares, mas que não são comercializadas por má formação. Muitas delas têm baixo valor comercial em função de imperfeições físicas, mas podem ser processadas e transformadas em sucos, geléias, licores e doces. Um grupo de funcionários da Epagri de Itaiópolis ministrou nos dias 04 e 05 de abril, um curso de aprimoramento de conhecimentos. Pelo menos 13 mulheres fruticultoras participaram do evento. O grupo aprendeu a importância e os cuidados de higiene do manipulador e do processo, dos detalhes dos rótulos e a qualidade dos produtos para garantir a aceitação do mercado consumidor. Outros conhecimentos adquiridos pelas mulheres, através da Epagri, foram às técnicas para a produção da pectina – responsável pela consistência das geléias, fabricação de licores, geleiados e doces de frutas. Esse processo de transformação das frutas vai agregar valor a produção, melhorando a renda das famílias fruticultoras, avaliam técnicos da Epagri.
