Impostos são os maiores pesos no valor final da gasolina. A margem de lucro de um posto de combustÃvel é de apenas 5% do valor bruto, para a gasolina

A subida repentina nos preços do álcool e da gasolina vem intrigando motoristas de Itaiópolis. Praticamente, a cada semana que passa, o preço nas bombas é reajustado. Quem optou por pegar a estrada no feriadão teve que enfiar a mão no bolso e se surpreendeu com o valor que vai gastar para viajar. Esses reajustes em progressão geométrica do preço dos combustÃveis (etanol e gasolina), no entanto, não atinge apenas Itaiópolis. O problema é nacional. Mas, ocorre que a imprensa brasileira apenas notÃcia “Preço da gasolina e álcool sobe mais uma vezâ€, dando a entender que quem está lucrando é o proprietário do posto de combustÃvel. Acontece que o preço por litro, que vem da distribuidora já chega à s bombas com valor demasiadamente alto.
Para entender como funciona esse processo, a Gazeta de Itaiópolis contou com a colaboração dos proprietários do Auto Posto Irmãos Linzmeier (BR Petrobrás). Para entender todo o processo de extração, transformação e distribuição dos combustÃveis, o consumidor final tem de compreender o seguinte: Numa escala de 0 a 100% para um litro de gasolina, por exemplo, a Petrobrás fica com 29% pela extração da matéria bruta, outros 27% são Impostos por Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que, segundo os proprietários do posto Linzmeier está castigando a balança no valor final do preço da gasolina. Outros 19% correspondem ao álcool anidro (utilizado na gasolina – não é o mesmo da bomba), 14% são impostos de Cide, Pis/Pasep e Cofins. O que sobra para ser repartido entre a distribuidora, no caso do posto Linzmeier – BR- e os postos são apenas 11%. Mas, o que fica para a revenda final (postos) é apenas 5% do valor bruto do produto.
Tudo isso é justificado pelo descontrole da inflação e pela queda na produção de cana-de-açúcar, mas quem acaba pagando o pato é o consumidor final e o dono do posto, que é acusado de estar lucrando exageradamente. Em apenas 30 dias houve aumento de 0,30 centavos por litro de gasolina. Isso quer dizer que o produto subiu 0,1 centavo por dia. A gasolina chega à bomba, no caso do auto posto Linzmeier a R$ 2,59 e sobre o valor tem mais 5,93% de encargos financeiros. Isso eleva o valor do produto para cerca de R$ 2,80, sem contar com a margem de lucro do proprietário do posto que não está computada neste valor. A margem de lucro deveria ser de pelo menos 0,20 por litro vendido, mas, hoje, a margem lucrativa está na casa de 7,5%. Para poder continuar no mercado, considerando a carga tributária, as despesas administrativas e a folha de pagamento dos funcionários a margem de lucro teria de ser 20% do valor de cada litro de gasolina vendido.
Para abastecer um carro popular hoje em Itaiópolis o proprietário gasta em média R$ 132,75. A situação do etanol não é diferente. Segundo a pesquisadora Ivelise Bragato, especialista no mercado do etanol do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, a origem do problema do etanol está na crise econômica de 2008, que postergou os investimentos planejados pela indústria. Depois, a safra (de cana-de-açúcar) de 2009 foi prejudicada pelo excesso de chuvas no paÃs e, a de 2010, teve uma produção de 45 milhões de toneladas mais baixa por causa da estiagem – revela. Enquanto a oferta do etanol não aumentou como era esperado pelas projeções do mercado, a demanda pelo combustÃvel acelerou com a venda crescente dos carros flex. Nas últimas safras, segundo a pesquisadora, a elevação do preço do açúcar fez com que parte da produção da cana fosse utilizada para produzir a commodity. Na safra de 2009-2010, 57% da produção nacional foi direcionada para o etanol. Esse número baixou para 55% na safra 2010-2011. O cenário atual deve fazer com que o Brasil importe 200 milhões de litros de etanol anidro dos Estados Unidos para abastecer o mercado em abril, segundo AlÃsio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de CombustÃveis e Lubrificantes (Sindicom).

