Bilhar, cerveja e música também é cultura

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 01/05/2011 - 23h03

É bom conhecer melhor o talento e o conhecimento de um simples quarteto musical de Itaiópolis, sendo a maioria de aposentados, que traz na música uma forma alternativa de compreender a cultura local

Apesar de não receber o devido valor, o talento de músicos de Itaiópolis, que às vezes passa por despercebido ou esquecido pela sociedade se revela na informalidade. Escondidos em casa, no sossego da aposentadoria, alguns artistas do município chamam a atenção quando se reúnem. Uma boa pedida, para um sábado à tarde, é prestigiar o Bar do Cláudio, no bairro Bom Jesus. Lá, mesmo no improviso, artistas da música se encontram e esbanjam talento, mesmo vivendo numa fase mais adiantada da vida. O ambiente é agradável. No local se encontram amigos para jogar conversa fora, tratar de assuntos pessoais e jogar bilhar. Numa rodada de cerveja, é impossível não prestar atenção e deixar de aplaudir o quarteto formado por Aldo Linzmeier, Paulo Linzmeier, Adolfo Guelbcke e Silvio Santana. Na chegada, o quarteto senta discretamente numa mesa e sem ao menos esperar, ou, às vezes por solicitação do público iniciam a montagem dos instrumentos de sopro, retiram da caixa o acordeom e afinam as cordas do violão. Seu Aldo e seu Adolfo entoam várias canções no saxofone e provam que tem bons pulmões. Os instrumentos são bem cuidados e despertam olhares pelo dourado do sax de Aldo e o prateado do de Adolfo. Os artistas Paulo e Silvio demonstram muito talento no acordeom e no violão, respectivamente. Nesse mix musical, composto por instrumentos de sopro, cordas e teclas diversas canções são entoadas. Artistas renomados como Teixeirinha e a canção “Velho Casarão†são praticadas. Canções do gênero alemão de artistas famosos como a banda Cavalinho Branco até “A Brasileirinha†são reproduzidas pelo quarteto Itaiopolense. Alguns dos artistas fazem parte da banda Eletro Som Sete, de Itaiópolis. O público sugere musicas e fazem pedidos. Os artistas atendem com prazer. O pagamento: às vezes, uma cerveja de cortesia, mas não que os músicos exijam. Enquanto o quarteto afinado canta e toca para os presentes, alguns jogam bilhar. No balcão, em companhia de bons amigos, nada melhor do que degustar um pedaço de lingüiça artesanal produzida no próprio município. Na simplicidade do ambiente e das pessoas que nele freqüentam o poder econômico, a ideologia política, as vaidades, as diferenças de cor e de crença são esquecidas. E assim a tarde de sábado vai passando e logo aparece o lusco-fusco. No início da noite os músicos guardam os instrumentos, se despedem do público e retornam para casa. Afinal, logo vai ser domingo e a nova semana irá começar. Sábado que vem tem mais. Isso é uma prova simplista, que para digerir cultura não precisa flanar pelos cafés e praças européias, ou mesmo estar no bairro da Lapa no Rio de Janeiro. Talvez, é preciso conhecer melhor o talento e o conhecimento de um simples quarteto, sendo a maioria de aposentados, que traz na música uma forma alternativa de compreender a cultura local.

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