Tatarca – grão triangular produzido aqui e muito utilizado na culinária Ucraniana

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 11/02/2012 - 11h32

Pai e filho exibem a tatarca recém colhida

Elemento base e fundamental da culinária Ucraniana, a “Rétcka”, ou mais conhecida como “Tatarca”, é muito utilizada em pratos típicos no município e na região, que foi colonizada por imigrantes de origem européia, mais especificamente do Leste do Continente.

Pouco conhecida, o grão é utilizado na confecção de pratos saborosos como “Alusque” e outros cozidos. A planta foi trazida ao Brasil, calcula-se, por volta de 1895, com a chegada das primeiras famílias ao Sul do país. A tatarca não exige solo de boa qualidade e o ciclo de germinação e florada é continuo. A planta de fácil cultivo é semelhante a uma “erva – daninha”, mas pode e deve ser apreciada na gastronomia.

O grão é pequenino e escuro com formato triangular, aparentando com o ruibarbo e as azedas. Na culinária Ucraniana, por exemplo, a “Rétcka” é elementar. Fazendo parte da União das Republicas Socialistas Soviéticas, a Ucrânia, somente em 1991 tornou-se independente. No entanto, mais de 20 mil pessoas morreram de fome por um boicote de alimentos do governo soviético (genocídio). É exatamente nesse momento, que surgiu o “fundee”, que não tem nada de Francês, mas sim de Ucraniano.

Tatarca na florada

Na época da crise alimentícia, a Ucrânia aproveitou as migalhas de pão com incremento de molhos que, coincidentemente, hoje se transformou no “fundee”. A tatarca faz parte dessa história, e não requer muita atenção para produzir e matar a fome de um povo rico em cultura, com tradições preservadas.

O grão passou a fazer parte de objeto de pesquisa por acadêmico do Rio de Janeiro, segundo a Epagri de Itaiópolis. O objetivo é mostrar à culinária como elemento da cultura, hoje enraizada no Brasil, principalmente nos estados do Sul.

No entanto, em Itaiópolis, a tatarca é produzida em grande quantidade na propriedade de Davi Bossi, 49 anos. O sítio da família está localizado em Distrito de Itaió, a 20 quilômetros do centro da cidade, no KM 12, da rodovia SC 477.

Davi é natural de Santa Terezinha, da comunidade de Bley Pombas, mas em junho de 1997 junto com sua família vieram cultivar as terras do Distrito. Descendente de Ucranianos, Davi cultiva a tatarca e seu sitio é uma referência.

Segundo o agricultor, a tatarca é plantada em setembro e o limite de semeadura se estende até fevereiro. “Para o próximo ano pretendo fazer duas safras de “rétcka””, disse o agricultor. O ciclo desde a semeadura, germinação até a maturação varia de 100 a 120 dias.

O plantio é feito manual. A semente é lançada sobre a terra fofa, pelas mãos dos agricultores. “É uma planta que aproveita qualquer terra e resíduo de adubação do fumo e do feijão”, disse o filho de Davi, Lucas Bossi, de 25 anos.

A família cultiva em média três hectares por safra. Hoje a colheita é mecanizada, mas até então os pequenos agricultores utilizavam “gancho”. A intenção de Davi é instalar apiários na lavoura, pois o néctar retirado das flores da tatarca por abelhas se transforma em mel de qualidade, de cor escura que pode ser utilizado para fins medicinais.

A tatarca rende em média de 1,5 a 1,8 toneladas por hectare, quando colhida. O clima temperado é ideal para a planta. “É impressionante como a tatarca floresce”, disse Davi.

O grão, depois de colhida precisa ser descascado. Davi utiliza uma engenhoca rudimentar denominada “jorna”, que é uma pedra mantendo contato com uma borracha, que faz atrito e lentamente descasca os grãos triangulares. “O moinho para descascar é totalmente artesanal, construído com madeiras”, explica Davi.

“Depois de terminar a safra de tabaco vamos construir um descascador e pretendemos envazar a tatarca, para melhor comercializar”, disse o agricultor.

O investimento para a construção do descascador será de aproximadamente R$ 20 mil. A intenção é construí-lo as margens da rodovia SC 477 e abrir para visitação do público. Talvez a engenhoca seja inserida no roteiro turístico do município.

A comercialização da produção é feita de forma fracionada em supermercados do município. Pessoas da região, de origem ucraniana, também compram. “Chegam a encomendar até 40 quilos”, disse Maria Dernys Bossi, esposa. O produto é vendido a R$ 5,00 o quilograma. A tatarca é conhecida também como trigo mourisco, trigo sarraceno. O grão é rico em proteínas, vitaminas, minerais, fibras e substâncias antioxidantes.

Davi Bossi, além da tatarca, produz melancia, tabaco, milho, feijão e soja. “As lavouras sempre vão bem, graças a Deus”, disse. O agricultor, de família humilde e exemplar, acredita no campo. Nos finais de semana, seus filhos incentivam e apostam no esporte. Ao lado da casa, dois campos de futebol foram construídos. “Fazemos torneios esportivos e olimpíada para a juventude ucraniana da região”, falou o filho Lucas. Maiores informações: 047 3134 2011.

 

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3 comentários publicados
  1. Eloi Fernandes

    Moro em Cascavel Pr, meu pai e minha mãe vieram da região de Itaiópolis SC, a 50 anos atras aqui em Cascavel, eu ainda era pequeno lembro que minha mãe plantava a tatarca enquanto morávamos no sitio, depois mudemos para cidade não vi falar mais dessa semente. Tenho parentes que moram no interior de Santa Terezinha SC, quando os visitei não lembrei, mas da próxima vez que tiver passando por Itaiópolis vou comprar a tatarca, pois sei que é muito saborosa e saudável!

  2. Maria Teresa

    Oi Neli,tem uma loja que vende grãos e frios,na Pedro Ivo,perto do Guadalupe,la tem tatarca,kutiai,e tc.

  3. NELI

    Sou decendente de polones com ucraniano, e gostaria de saber onde posso comprar aqui emCuritiba, e se possivel me derem uma receita. obrigado. Pois antes era a minha avo que fazia e infelizmente nao esta mais entre nos.

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