Prefeitura quer suspender transporte escolar para escolas agrícolas de Mafra e Rio Negro

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 26/11/2010 - 21h59

A proposta da Secretaria de Educação é cancelar a linha do transporte no próximo ano, mas a decisão já causou revolta em 23 pais de estudantes do município que frequentam escolas agrícolas em Mafra e Rio Negro

Pela força econômica que gira em torno da atividade agrícola, sendo que mais de 50% de toda a arrecadação municipal é oriunda do setor, Itaiópolis deveria, pelo mínimo, servir de espelho e incentivar a vida bucólica, com a permanência do homem na atividade agropastoril. O que se trata, a exemplo de políticas de incentivo das esferas estaduais e federais, através de liberação de créditos para a agricultura e os esforços em manter o agricultor no campo, para evitar o inchaço das cidades e o colapso da falta de emprego e o surgimento de aglomerados, que se define como êxodo rural, Itaiópolis poderia, no mínimo, incentivar e conceder, inclusive, bolsas de estudos para jovens agricultores se tornarem especialistas nas atividades da agropecuária.

Mas, infelizmente, com o governo do município alegando estar atravessando período de crise, até o transporte de alunos para escolas agrícolas nos municípios de Mafra (SC) e Rio Negro (PR), a Prefeitura pretende suspender definitivamente no início do próximo ano. Na tarde de segunda-feira, 22 de novembro, aconteceu nas dependências do prédio da Prefeitura, uma reunião com a participação de pelo menos 23 pais de jovens estudantes, secretária de Educação Maria Aparecida Wilewski e outros colaboradores ligados a educação para tratarem do assunto.

Segundo os pais, que são os maiores interessados na manutenção do ônibus para as cidades onde funcionam as escolas agrícolas, a secretária de Educação alegou falta de recursos para dar condições ao funcionamento da linha, que é feita dia-a-dia por um microônibus da Prefeitura de Itaiópolis. Os pais reclamam da objetividade da reunião, ao perceberem que o discurso foi incisivo e que cerceou o direito de dar opinião. “Pedi licença pelo menos quatro vezes durante a reunião, para tentar comentar sobre o assunto, mas a secretária Maria aparecida não me concedeu a palavra†disse Gustavo Willy Semke, agricultor de 47 anos.

Outro ponto que frustrou os pais dos alunos foi a não participação na reunião do prefeito do município. Segundo eles, a secretária de Educação disse que Helio Wendt estava viajando, mas os pais contestaram e afirmaram tê-lo visto transitando pelas ruas centrais do município, minutos após encerrar a reunião.

Dos 23 estudantes de Itaiópolis que dependem da linha de transporte escolar para os municípios de Mafra e Rio Negro, 11 frequentam a escola agrícola José Schultz Filho, que se localiza na fazenda Potreiro, em Mafra. Para a frequência nessa unidade de ensino os estudantes dependem de transporte diário. Outros 12 alunos seguem para o colégio agrícola Lysimaco Ferreira da Costa, no município de Rio Negro, Paraná. Para esse colégio, os estudantes necessitam de transporte na segunda-feira pela manhã (ida) e para o retorno no final da tarde de sexta-feira.

A prefeitura, segundo os pais, deve manter a situação normal do transporte até o término desse ano, mas, a proposta do poder executivo é suspender definitivamente o transporte para o próximo ano (2011). A discussão sobre a possível suspensão do transporte escolar no próximo ano, para as escolas agrícolas, revoltou os pais, que recorreram aos vereadores Marlete Arbigaus (PP) e Wilson Marciniack (PPS). Imbuídos no espírito de colaboração no desfecho da situação, os parlamentares com auxílio de um advogado elaboraram um requerimento pedindo a manutenção da linha, que foi assinado pelos pais dos estudantes no final da tarde de terça-feira (23). O documento será encaminhado para conhecimento do Ministério Público da Comarca e da Secretaria da Educação do município.

O agricultor Baltazar Ulhmann, 47 anos, que vive no quilômetro 36 e que tem um filho de 15 anos que depende da linha de transporte escolar participou da reunião. Os estudantes, segundo testemunho dos pais, frequentam curso técnico em agropecuária e as disciplinas, dentre elas, estão agricultura e a pecuária, além das demais matérias que fazem parte da grade curricular do ensino médio da rede estadual de educação. Os pais dos estudantes argumentam que seus filhos vivem no campo e é imprescindível a busca pelo aperfeiçoamento na área da agricultura.

“Se fala tanto em êxodo rural, mas não dão apoio para que nossos filhos permaneçam no campo†disse o agricultor Gustavo Willy Semke, 47 anos, que reside na comunidade do Rio Vermelho e que tem um filho de 16 anos matriculado no colégio agrícola do município de Rio Negro. De acordo com os pais que assinaram o requerimento pela manutenção da linha pela prefeitura, em breve deve ocorrer outra reunião para abordar o assunto, mas ainda sem data definida.

A linha de transporte de estudantes para escolas agrícolas dos municípios de Mafra e Rio Negro existe há pelo menos oito anos. Os pais dos alunos do colégio agrícola de Rio Negro disseram que tiveram que assinar um termo de responsabilidade, onde os alunos ficaram proibidos de pegar carona na beira do asfalto. “Isso não é falta de recursos para custear as despesas dessa linha de transporte, mas má vontade da administração públicaâ€, sustentam os pais.

Na cópia do requerimento endereçado ao Ministério Público da Comarca, os pais fizeram a juntada dos boletins escolares dos estudantes e de documentação pessoal. A expectativa dos pais é de que a mobilização impeça o poder executivo municipal de suspender a linha, que acabará prejudicando pelo menos 23 alunos.

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