Um trecho de aproximadamente 26 quilômetros se tornou o verdadeiro caos para os municípios de Papanduva e Itaiópolis. A empresa que executava obras de recapeamento asfáltico “deu no pé” alegando que não estava recebendo do governo da tríplice aliança

Na última quinta-feira, 05 de agosto, aconteceu no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora de Fátima, na localidade de Rondinha, em Papanduva, uma audiência pública entre população, prefeitura e autoridades. O evento teve inicio às 19 horas e o objetivo do encontro é encontrar soluções de tráfego na SC-477. As condições de trânsito na rodovia são calamitosas. Falta de saibro, muita lama e vários atoleiros são frutos do início da pavimentação asfáltica do trecho de 26 quilômetros que liga o município a Itaiópolis. A empresa que estava executando o trabalho é a Redran, mas as obras foram suspensas sem motivos. Participaram da audiência o prefeito de Papanduva Luis Henrique Saliba, a vice Sandra Silva, a promotora da Comarca local Chimely Loise Mallon, o presidente da Câmara Ademar Lima e o secretário de administração Genésio Vieira, além de outros vereadores.

Segundo o secretário Vieira, a administração de Papanduva enviou convite a Redran, ao Departamento de Infraestrutura do Estado (Deinfra) e a Secretaria do Desenvolvimento Regional de Mafra (SDR), mas nenhum dos órgãos compareceu a audiência. O presidente do Deinfra Romualdo França Júnior enviou oficio a Prefeitura de Papanduva pedindo a postergação da data da audiência, para os próximos dez dias.

Conforme Genésio Vieira, a estrada está há mais de 50 anos sob a concessão do estado. Segundo o secretário, houve a licitação pública pelo estado, para que o trecho fosse pavimentado e a empresa vencedora iniciasse as obras, mas nada aconteceu e os prazos do contrato foram descumpridos. O trecho mais caótico é de aproximadamente seis quilômetros, partindo do conjunto Habitacional I, de Papanduva, passando pela localidade de Rodeiozinho e seguindo a comunidade de Iracema, em Itaiópolis.

Segundo o vereador Altamir Glonek (PP), que também discursou o então secretário de infraestrutura Mauro Mariani, que concorre a deputado federal no próximo dia 03 de outubro, disse durante pronunciamento num rodeio no município de Bela Vista do Toldo, que a pavimentação do trecho não interessava ao estado, pois são poucos votos.

Um morador que representava o bairro Rondinha, conhecido como Dirceu também se manifestou. Ele quer saber por que a Redran foi embora e abandonou a obra.

Segundo o secretário Vieira, a obra já iniciou truncada. A primeira colocada na licitação foi desclassificada devido a problemas judiciais. A Redran ficou em segundo lugar e em razão disso assumiu as obras. O contrato firmado entre a Redran e o estado de Santa Catarina prevê a pavimentação de 26 quilômetros. O prazo para conclusão da obra é de 790 dias e o investimento chega a R$ 30.000.000,00. “O município de Papanduva não pode intervir na recuperação da estrada porque a obra já está contratada e é de responsabilidade da Redran”, disse Vieira.

A Prosul, empresa responsável pelo projeto de execução da obra também não mandou representante. O Samae, órgão que administra a distribuição de água em Papanduva, disse através de representante que fez o desvio da rede de água, para facilitar o andamento das obras. As tubulações estão sendo passadas do leito para as margens da rodovia. “O Samae ficou sabendo da pavimentação devido a um comunicado de rompimento de rede de água e quando fomos checar a Redran já havia estourado mais de 500 metros de rede”, disse Alexandre do Samae.

A promotora da Comarca de Papanduva Chimely Loise Mallon também participou da audiência e a população a viu como a “salvadora da pátria”. Segundo ela, algumas medidas já foram tomadas. O MP local recebeu a cópia do Contrato da Redran com o Deinfra. Segundo a promotora, foi acordado que a empresa deveria pavimentar a estrada e dar condições de tráfego. “A Redran disse que o Estado não pagou pelos trabalhos e o Estado afirmou que está com as contas em dia”.

A representante do MP disse que não pode intervir diretamente no andamento da obra, mas pode auxiliar a população. Segundo Chimely Loise, impetrar ações judiciais não é a melhor alternativa, pois demoram a tramitar. “Posso intimar o secretário da SDR de Mafra para que execute a empresa e faça cumprir o contrato”, disse.

Outro ponto levantado pelo MP é orientar a população a recorrer aos candidatos da região, pois o ano eleitoral pode ser um grande trunfo para a retomada das obras na SC-477. “Todas as nossas alternativas temos que alinhavar de forma política, porque os métodos judiciais são mais circunstanciados e a questão é emergencial”, disse Chimely.

O prefeito Saliba também discursou. Ele disse que houve queda nas vendas do comércio local, pois não há condições de tráfego na SC-477.

“Não estou fazendo discurso político, mas quero que seja cumprido o contrato que estabelece a execução da obra”, disse. Segundo Saliba, além de não se ter condições de trânsito pela via a empresa não fez as devidas sinalizações. Saliba foi enfático em dizer que não compete ao município de Papanduva fazer qualquer tipo de reparo na estrada. Ele explicou que o fato, da empresa abandonar a obra, já caracteriza falta de respeito com a população. Para encerrar a audiência, ficou acordada entre os presentes a realização de nova audiência pública. O evento acontece no próximo dia 16 de agosto, no mesmo local e horário e deve contar com a presença de representantes do Deinfra.