O rionegrense Max Wolff Filho completaria 100 anos nesta sexta-feira

Publicado por Gazeta de Riomafra - 30/07/2011 - 10h41

Seu nome será sempre presente porque as grandes ações resistem ao tempo e são eternas. Seus restos mortais encontram-se no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no jazido 32, quadra G.

Max Wolff Filho.

Nascido em Rio Negro em 29 de julho de 1911, era filho de Max Wolff descendente de alemães e de Etelvina, natural de Lapa/PR. Até os quatro anos viveu as tensões da Guerra do Contestado. Aos cinco anos, durante a Primeira Guerra Mundial, frequentou a escola em Rio Negro. Aos onze anos já era o principal auxiliar de seu pai na torrefação e moagem de café. Aos dezesseis anos passou a trabalhar como escriturário de uma companhia que explorava a navegação no Rio Iguaçu. Nas horas de folga juntava-se aos carregadores para ensacar erva-mate, carregar e descarregar vapores. Serviu ao Exército pela primeira vez, se alistando no então 15ºBC, em Curitiba, hoje 20ºBIB, onde participou da Revolução de 1930. Transferido para o Rio de Janeiro, combateu a Revolução de 1932 no Vale do Paraíba. Foi professor de Educação Física e Defesa Pessoal. Ingressou na Polícia Militar do Rio, então Distrito Federal, sendo comandante da Polícia de Vigilância.

Na época da 2ª Grande Guerra Mundial, apresentou-se voluntariamente, tendo sido designado para a 1ª Cia, do 1° Batalhão do já tradicional 11° Regimento de Infantaria, em São João Del Rei. Contava ele com 33 anos de idade.

Busto localizado na Praça dos Correios em Rio Negro.

Ingressou na FEB como 3° sargento, desde cedo tornou- se muito popular e querido, dada as suas atitudes desassombradas e a maneira carinhosa e paternalista com que tratava seus subordinados (apelidado de carinhoso) com o passar do tempo, passou a ser admirado não só pelos seus camaradas, mas pelos superiores tanto da FEB como do V Exército de Campanha americano, pelas suas inegáveis qualidades.

Todas as vezes que se apresentava para missões difíceis a serem cumpridas, lá estava o sargento Wolff se declarando voluntário, principalmente participando de patrulhas. Fazia parte da Companhia de Comando e, portanto, sem estar ligado diretamente às atividades de combate, participou de todas as ações de seu Batalhão no ataque de 12 de dezembro a Monte Castelo, levando de forma incessante, munição para a frente de batalha e retornando com feridos e na falta deste, com mortos.

Indicado por sua coragem invulgar e pelo excepcional senso de responsabilidade passou a ser presença obrigatória de todas as ações de patrulha de todas as companhias, como condição indispensável ao êxito das incursões.

Um desses exemplos está contido no episódio em que o general Zenóbio da Costa, ao saber do desaparecimento do seu Ajudante de Ordens, capitão João Tarciso Bueno, que fora colocado à disposição do escalão de ataque, pelo general, por absoluta falta de recompletamento de oficiais, ordenara ao comandante do Batalhão que formasse uma patrulha para resgatar o corpo do seu auxiliar. O comandante adiantou ao emissário que a missão seria muito difícil, mas que tentaria. Para tanto, sabedor que só um Wolff poderia cumpri-la, o chamou, deu a ordem e ouviu do sargento Wolff, com a serenidade, a firmeza e a lealdade que só os homens excepcionalmente dotados podiam ter naquela madrugada, salvar muitas outras vidas.

Tais qualidades o elevaram ao comando de um pelotão de choque, integrado por homens de elevados atributos de combatente, especializado para as missões de patrulha, que marcharia sobre o acidente capital “Ponto cotado 747”, ação fundamental nos planos concebidos para a conquista de Montese. Foi-lhe lembrado sobre a poupança da munição para usá-la no momento devido, pois, certamente, os nazistas iriam se opor à nossa vontade. Foi-lhe aconselhado que se precavesse, pois a missão seria à luz do dia. Partiu às 12 h de Monteporte, passou pelo ponto cotado 732 e foi a Maiorani, de onde saiu às 13h10min para abordar o ponto cotado 747. Tomou o sargento Wolff, todas as precauções, conseguindo aproximar-se muito do casario, tentando envolvê-lo pelo Norte. Estavam a 20 metros e o sargento Wolff, provavelmente, tendo se convencido de que o inimigo recuava, estando longe, abandonou o caminho previsto para desassombradamente, à frente de seus homens, com duas fitas de munição trançadas sobre seus ombros, alcançar o terço superior da elevação.

O inimigo deixou que chegasse bem perto, até quando não podiam mais errar. Eram 13h15min do dia 12 abril de 1945. O inimigo abriu uma rajada, atingindo e ferindo o comandante no peito que, ao cair, recebeu nova rajada de arma automática, tendo caído mortalmente também soldado que estava ao seu lado.

Após esta cena, sucedeu-se a ação quase suicida de seus liderados para resgatar o corpo do comandante. A rajada da metralha inimiga rasgava um alarido de sangue. A patrulha procurava neutralizar a arma que calara o herói. Dois homens puxaram o corpo pelas penas. Um deles ficou abatido nessa tentativa. O outro, esquálido e ousado, trouxe Wolff à primeira cratera que se lhe ofereceu. Ali, mortos e vivos se confundiam. A patrulha, exausta, iniciava o penoso regresso às nossas linhas, pedindo que a artilharia cegasse o inimigo com os fogos fumígenos e de neutralização. “Os soldados do Onze” queriam a qualquer custo, buscar o companheiro na cratera para onde tinha sido trazido, lembrando a ação que ele mesmo praticara tantas vezes. Queriam trazer o paciente artesão das tramas e armadilhas da vida e da morte das patrulhas. Foi impossível resgatá-lo no mesmo dia face a eficácia dos fogos inimigos, inclusive de Artilharia. O dia seguinte era a largada da grande ofensiva da primavera. O sargento Wolff lá ficara para que estivéssemos presentes na hora da decisão.

Montese foi conquistada. Seu nome será sempre presente porque as grandes ações resistem ao tempo e são eternas. Foi promovido “post-mortem” ao posto de 2º tenente (Decreto Presidencial, de 28 Jun 45).

Deixou na orfandade sua filha Hilda, seu elevo e maior afeição de sua vida de soldado. Da Itália, escreveu a sua irmã Isabel, relatando seu orgulho em pertencer ao Exército Brasileiro e que, se a morte o visitasse, morreria com satisfação. Foi homenageado com a distinção de ser agraciado com quatro medalhas: de Campanha; sangue do Brasil; Bronze Star (americana) e Cruz de Combate de 1ª Classe. Eis a síntese do heroísmo de um homem simples e valoroso. Seus restos mortais encontram-se no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no jazido 32, quadra G.

Medalha em sua homenagem

A Medalha Sargento Max Wolff Filho destina-se a premiar os subtenentes e sargentos do Exército Brasileiro, do serviço ativo ou na inatividade, que tenham se destacado pela dedicação à profissão e pelo interesse no seu aprimoramento, agraciando aqueles que demonstrem características e/ou atitudes evidenciadas pelo 2º sargento Max Wolff Filho, componente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e herói brasileiro da II Guerra Mundial.

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