Parque Ambiental do Passo longe de virar realidade

Publicado por Gazeta de Riomafra - 26/12/2010 - 15h29

Área que deveria ser destinada para estudos e lazer encontra-se abandonada. No local já ocorreram vários cortes de árvores, xaxim, e até a abertura de trilhas para motos

No ano de 1990, um projeto de autoria do então vereador Valdir Ruthes, foi aprovado pela Câmara de Vereadores, transformando uma área no bairro do Passo, como sendo de preservação permanente. “A Lei Orgânica do município de Mafra, no Capítulo X, Seção VI, da Política do Meio Ambiente, pg. 64, estabelece em seu Artigo 208: “A área de terras compreendida pelas Ruas Alípio Siqueira, Capitão João Braz Moreira, José Frosh, José Schultz e Arroio do Passo até encontrar novamente com a Rua Alípio Siqueira, formando um polígono irregular, fica sendo de preservação permanente.”

Após 10 anos, em 2000, a pesquisadora Eliane de F. Villa Lobos Strapasson, no Curso de especialização em Ecologia Aplicada da UnC/Mafra, elaborou o projeto “Proposta de Implantação de um Parque Natural no município de Mafra”. A idéia além de apresentar as características gerais da área, ouviu as lideranças do município sobre a possibilidade de transformar a área em um Parque Natural e apresentou os benefícios que a implantação do parque proporcionaria para o município (ambiental, cultural, turístico, social).

Atraídos pelo mesmo interesse, o de garantir a preservação da área, através da implantação do Parque Natural Municipal, em 2002 iniciam-se os trabalhos do grupo “Parque do Passo”, com os seguintes membros: professor Oscar Rösler, professora Eliane V. L. Strapasson, professor Luiz Carlos Weinschutz, Jaime Belém, professor Mário Fritsch, professor Luiz Antônio Machado, Erico Beninca, Carlos Schmieguel, Aglaé Lazzari Leite Bastos, Maria de Fátima Strapasson, Ataídes Veiga, Miriam Schloegl. A equipe de projetos da Prefeitura integrou o grupo no ano 2004, em prol da criação do parque.

Por várias vezes o grupo reuniu-se, elaborando projetos, mapeando a área e propondo que 70% fossem destinados à Preservação Permanente e a pesquisa, onde os 30% restantes seriam destinados à Educação Ambiental, lazer e entretenimento.

Com a intenção de angariar recursos, o grupo se reuniu com a Promotoria Pública, que na época (2006), repassava recursos provenientes de multas ambientais aplicadas a empresa ALL. O promotor Laudares Capella Filho chegou a solicitar juntamente a Prefeitura, a desapropriação da área, tornando-a pública, com a criação do Fundo de Meio Ambiente e apresentação de projeto de sustentabilidade do parque. Após essa conversa com o promotor, o grupo chegou a elaborar uma carta ao Executivo, repassando as orientações da promotoria, e solicitando o início da desapropriação.

No mês de setembro de 2006, a Prefeitura cria o Conselho Municipal de Meio Ambiente e o Fundo do Meio Ambiente, incluindo no Plano Diretor de Mafra a criação Parque Ambiental do Passo. O Plano Diretor foi instituído no mês de dezembro, resultado de inúmeras reuniões entre o Executivo e a comunidade mafrense. Esses encontros foram fundamentais, pois possibilitaram ouvir as necessidades e reivindicações da comunidade em todas as áreas, inclusive, do meio ambiente.

O grupo voltou a se reunir em 2009, com representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Mafra e contou com a participação de novos membros da comunidade. O encontro teve como objetivo levantar informações junto a Prefeitura sobre a situação atual da área, as providências tomadas e dificuldades encontradas na implantação do referido parque. Também teve a intenção de planejar ações futuras favoráveis à implantação do parque, entre elas destacam-se: realizar campanhas de conscientização junto a população, declarar a área de utilidade pública, denunciar sempre os atos de degradação às entidades competentes, iníciar a desapropriação gradativa da área, de acordo com a disponibilidade dos recursos municipais e realizar parcerias.

Em julho deste ano, um leitor publicou na imprensa uma matéria intitulada “Área Verde: Um parque para Mafra?”, com intuito de expor a preocupação com a preservação da área, sendo que, havia ocorrido um desmatamento considerável na área entorno do parque. Segundo a matéria, a Secretaria do Meio Ambiente se pronunciou, afirmando que querem a implantação do parque, mas estão encontrando dificuldades em levantar os recursos necessários para realizar a desapropriação.

Membros do grupo em prol a criação do Parque do Passo também foram ouvidos e reafirmaram a importância e a necessidade de tomar as atitudes necessárias à implantação do Parque, tendo em vista a relevância ambiental, educacional, cultural e social para a comunidade riomafrense.

Já no mês de agosto do corrente ano, um vereador encaminhou um ofício ao Executivo solicitando informações referentes às providencias tomadas em relação à viabilização do parque. Segundo o vereador, a Prefeitura comunicou estar viabilizando recursos para a desapropriação, no valor aproximado de R$ 3 milhões.

Situação atual da área

Conforme informações, nenhum proprietário foi procurado pela Prefeitura para iniciar o processo de desapropriação, sendo que em 2006, o grupo em prol da criação do parque, encaminhou um ofício ao Prefeito pedindo que se inicie o processo de desapropriação gradativa, pois se sabia que a prefeitura não dispunha de recursos para desapropriar a área toda de uma vez.

Após 20 anos, a área ainda não foi declarada de utilidade pública, sendo que no local já foi até realizada uma terraplanagem para construção, sendo desmatado próximo ao córrego do Passo. O ideal seria que uma faixa maior de vegetação fosse preservada, para permitir o fluxo dos animais (corredor ecológico).

No local ainda foi aberta uma trilha para Motocross resultando em cortes de muitas árvores, inclusive xaxim, sem apontar o impacto e estresse que causa nos animais os ruídos das motos. No local do futuro parque ainda foram construídas cercas resultando no corte da vegetação.

“A área verde situada dentro do perímetro urbano de Mafra é um grande Patrimônio Natural, mas infelizmente vem sofrendo contínuas ações de degradação. Precisamos agir com responsabilidade e urgência para que esse patrimônio não desapareça”, comentou o grupo Parque do Passo.

Prefeitura

A nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura, a qual nos informou entrar em contato como secretário Milton Antunes. Procurado pela reportagem, não foi encontrado nas dependências da Prefeitura, nem por contato telefônico. Fica aberto o espaço para o pronunciamento do secretário, pois não sabemos se as cercas instaladas ou mesmo a trilha para motos, foram criadas com consentimento do Executivo.

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4 comentários publicados
  1. ricardo

    é uma verdadeira palhaçada o que esta acontecedo não só em mafra mas em quase todas as cidadesde brasileiras…essa que dizerem que não tem verba é pura palhaçada desses políticos mau preparados enquanto existir essa historia de colocar politicos em pastas só pq é da base aliada sempre será assim, tem que colocar pessoas da área para atuar, pq ai sim sairá projetos bem estruturados e tudo mais, pq dinheiro é que não falta principalmente para área ambiental e turistica o que falta mesmo são pessoas capacitadas para realizar esses projeto e garimpar recursos…Afinal que é no momento o secretário do meio ambiente em mafra?
    abraços pena que nossa cidade esteja entregue as traças por essa administração péssima…

  2. Marcelo Sallai

    À
    Gazeta de RIOMAFRA
    Prezados :

    Parabenizo pelo conteúdo e abrangência da matéria “Parque Ambiental do Passo”, publicada em 26/12/2010 .
    Com certeza, na minha opinião, um projeto a ser viabilizado através do envolvimento dos poderes competentes e toda a nossa comunidade .
    A imprensa, através deste conceituado veículo : a Gazeta de Riomafra, pode e já está participando, e muito deste processo, acompanhando e informando toda a população sobre a evolução de todo este processo .
    Att.
    Marcelo Sallai

  3. Alan

    O que em Mafra, que não está longe de virar realidade?

    É uma vergonha que nosso município seja tratado com tamanho desmazê-lo.

    Uma decoração de natal pífia, quando comparada a Rio Negro e demais cidades vizinhas.

    Ruas tão esburacadas e remendadas que quase impossibilitam o tráfego.

    Demora quase bíblica na pavimentação de nossas estradas.

    Praças carecendo manutenção, etc.

    Quando é que a “Pérola do Planalto” voltará a brilhar? Ninguém sabe…me arrependo do voto de confiança que, como eleitor, dei a esta administração.

  4. roberto c.

    Caro Renato
    Parabéns pela reportagem; muito bom o contexto.
    Seria importante salientar também, em um próximo pronunciamento do jornal, que a área precisa ser cercada urgentemente, pois não só lenhadores fazem uso da área, como é frequente a vizinhança diagnosticar caçadores, munidos de cachorro e armas na região. Também, que além da pista de Trail criada no ano de 2010, muitas vezes são vistas pessoas se encaminhando para a área, fazer descarte de resíduos. São todos problemas para manutenção do equilíbrio local, tanto da fauna, quanto da flora. Alguns seres dependem de harmonia total com seu ambiente, para se reproduzirem e subsistirem. Na área, Reserva Ambiental do Passo, como deverá ser intitulada segundo acordo da Comissão de sua criação, reserva alguns exemplares de rara beleza e de riquíssimo valor ecológico, como Bugiu (maior primata das Américas), Irara, Graxaim, esquilos e cutias, que entre outros se destacam, por ja estarem em ritmo acelerado de extinção em nossa região. Vale a pena salientar da possível construção de um Mirante na parte alta do morro das Caveiras (lembra disso?), no qual pode servir de observatório para turistas, mas principalmente como suporte para cursos que poderão ser criados a partir de instituições envolvidas, vinculando nisso, Educação Ambiental. Também junto ao mirante, quem saabe salas de aula, de projeção, e ainda, para atender ao público, banheiros e restaurante ou lanchonete, o que pode prover de recursos para manutenção e benfeitorias que se pretende fazer na área. A idéia é boa, o trabalho é grande, mas a finalidade é maior que tudo. Preservar uma área dessas, não é só manter formas de vida ou vegetação para o futuro. É ensinar aos nossos filhos que a natureza é grande demais, e nós temos que ser grandes também junto com ela, para sabermos mediar a dependência e vínculos que temos com ela. Se não soubermos disso, não teremos natureza, e com isso, caminhamos para o nosso fim, pois somos parte dela.
    Grande abraço. Sempre a sua disposição.
    Agradeço em nome de todos o seu apoio e colaboração.
    Nossos filhos no futuro sentirão orgulho daqueles que lutaram por causas que são justas.
    Roberto C.

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