Municípios têm até o dia 27 para adequação à lei da transparência

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 12/05/2013 - 21h58

Termina no dia 27 de maio o prazo para que os municípios com menos de 50 mil habitantes atendam às exigências da Lei da Transparência. Aprovada há quatro anos pelo Congresso, a Lei Complementar 131 determina a publicação, em meio eletrônico de acesso público, das informações sobre a execução orçamentária e financeira dos entes federados. Muitos municípios, no entanto, sequer têm portal na internet.
Autor do projeto que deu origem à lei, o senador João Capiberibe (PSB) diz considerar que o prazo dado às cidades menores foi suficiente para que se adequassem às exigências, lembrando ainda que o acesso à tecnologia está mais fácil atualmente.

“A facilidade que a tecnologia criou para essa comunicação na rede mundial de computadores é enorme. Então não tem como os prefeitos tentarem se justificar arguindo dificuldades tecnológicas para cumprir a lei. Isso é descuido mesmo”.

O secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, diz que não é difícil antever as dificuldades. “Eu receio que isso [o cumprimento da lei à risca] não vai acontecer porque os municípios, embora tenham tido um prazo longo, desde 2009, muito provavelmente não se prepararam para essas mudanças” – lamenta.

Deficiências


Um levantamento feito pela ONG em 2012 mostra que até mesmo as cidades com mais de 50 mil habitantes, cujo prazo para adequação terminou há dois anos têm dificuldade para cumprir a Lei da Transparência. O levantamento foi feito com base em índice de transparência criado pela organização que leva em conta 105 parâmetros de conteúdo, freqüência de atualização e série histórica disponível, além da usabilidade dos sites.

Em uma escala que vai de zero a dez, a nota média dos 124 municípios de São Paulo com mais de 50 mil habitantes foi de 3,97. Outro dado do levantamento aponta que 70% dos portais foram feitos por empresas privadas, ou seja, apenas 30% dos municípios conseguiram construir seus portais com a estrutura das prefeituras. Para o representante da ONG, a nota baixa em municípios maiores e de um estado rico mostra que há uma possibilidade grande de que as cidades menores enfrentem dificuldades.

É também em São Paulo que está uma iniciativa citada como exemplo positivo por Gil Castello Branco: a colaboração entre estados e municípios. O estado tornou disponível para os municípios um portal pronto para o preenchimento dos dados. Também será oferecido um treinamento para servidores das prefeituras. Iniciativas semelhantes, segundo o secretário-geral de Contas Abertas, foram implantadas no Espírito Santo e no Amapá. “Isso, ao meu ver, é positivo. Eu acho que onde houver essa colaboração do governo do estado, isso será mais fácil. Onde não houver, essas prefeituras vão acabar tendo que recorrer em cima da hora a empresas privadas que vão fazer isso a preços caríssimos” – alerta.

Punição

Capiberibe explica que, caso não cumpram as determinações legais, as prefeituras podem ser punidas com a suspensão das transferências voluntárias de recursos, como as emendas parlamentares e o dinheiro de programas dos ministérios. A punição acabaria tendo reflexos para a população local.

“A população é punida junto com a prefeitura. O prefeito que não cumpre a lei acaba atraindo a punição para si e para toda a comunidade, que fica sem recursos” – explica o senador, ressaltando a necessidade de controle por parte da população.
Embora tenha dúvidas sobre a aplicação de punição aos municípios às vésperas de uma eleição, Castello Branco afirmou que é preciso denunciar a falta de transparência. A denúncia pode ser feita ao Ministério Público. A consciência da população em relação à lei, segundo Capiberibe, pode evitar casos de corrupção, já que é mais difícil praticar irregularidades quando todos fiscalizam.

“Na medida em que a lei vai sendo cumprida e as informações vão sendo disponibilizadas na web, há uma inibição do processo de corrupção. A lei é inibidora do processo de corrupção”.

Site da transparência municipal de Itaiópolis apresenta problemas

A Prefeitura de Itaiópolis já está disponibilizando para a sociedade um canal da transparência no site do município. Qualquer cidadão pode acessar o site www.itaiopolis.sc.gov.br e procurar no canto direito da tela do computador o link da transparência municipal. Lá o usuário poderá ver toda a execução orçamentária, as receitas e as despesas, além da frota de veículos do município, contratos assinados entre outras informações importantes.

Entretanto, na última semana, a reportagem da Gazeta de Itaiópolis navegou no link da Fly Transparência, para acompanhar as receitas e os gastos da prefeitura na atual administração. Ao acessar o site, principalmente consultando informações dos gastos por credor no ano de 2013, não abria nenhum relatório. Parecia, até então que nesse ano as informações ainda não estavam disponibilizadas.

Entramos em contato com a Prefeitura do Município. Segundo um funcionário do setor de contabilidade a Prefeitura alimentou o portal, mas o que está acontecendo é uma falha técnica de responsabilidade da Betha Sistemas. O servidor disse que o problema havia sido comunicado a empresa, para que fosse resolvido. Entramos no site na manhã da última quarta-feira, e até então não havia informações de despesas por credor da Prefeitura Municipal relativas ao exercício de 2013. Ontem, sexta-feira, o site já estava funcionando normalmente e o problema foi resolvido.

O site da Câmara de Vereadores de Itaiópolis, até então, ainda não disponibiliza um link específico da transparência municipal. Por trabalhar com recursos públicos e receber parte da receita do município (6%) do orçamento total, a Câmara também deverá dispor no site um link especifico da transparência, dando ampla publicidade à execução orçamentária. Os cidadãos itaiopolenses podem conhecer o site da Câmara acessando www.camaraitaiopolis.sc.gov.br.

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