A tatarca, assim conhecida em Itaiópolis, ou também pelos nomes de trigo-mourisco ou trigo-sarraceno (Fagopyrum esculentum) ganhou destaque de três páginas com fotos na Revista Agropecuária Catarinense, de marco deste ano.

A reportagem feita por Cinthia Andruchak Freitas, da Epagri, ganhou destaque na Câmara de vereadores do município. O presidente da Casa Claudinor Krajevski destacou e fez menção à produção da tatarca e seu crescimento no município.

O grão, parecido com o trigo, mas com formato piramidal foi trazido pelos imigrantes ucranianos da Europa. A planta é conhecida pelos poloneses como Tatarca, mas os ucranianos a chamam de Rhétcta e tem origem asiática, sendo usada na Europa para fins alimentares.

Segundo a reportagem da Revista Agropecuária Catarinense a semente cruzou o Oceano Atlântico em navios europeus e foi plantada pela primeira vez na região por volta de 1891. A produção ganhou importância na década de 1980, principalmente para a economia do município de Itaiópolis. Na época, além de plantar tatarca para o consumo da família, os agricultores exportavam parte da produção para o Japão.

Entretanto, segundo a revista, a produção de tatarca no município enfraqueceu devido a exigências para comercialização, principalmente no que diz respeito à rotulagem do produto. Mas, para estimular a produção e a venda, a Epagri local realizou ações de instrução e acompanhamento dos produtores. Em 2011 a produção chegou a três toneladas e foi totalmente comercializada, chegando inclusive a ter falta do produto no mercado.

Conforme a revista, hoje oito famílias da região incrementam a renda com as vendas do trigo mourisco. A área de plantio chega a 22 hectares e na última safra os agricultores colheram 40 toneladas. Toda a produção é vendida na região e em cidades do Paraná, onde há muitas colônias de ucranianos.

Segundo a revista, a produção da tatarca é simples e a planta se adapta bem no clima e solo da região. O único controle que deve ser feito é o de ervas daninhas. A tatarca também resiste à seca, mas não tolera geada ou umidade em excesso. A época de plantio inicia em outubro e se estende até fevereiro. Por ser uma planta rústica seu ciclo produtivo é curto, com 10 a 12 semanas, podendo ser feitos dois plantios no mesmo ano agrícola, explicou a extensionista da Epagri Telma Koene.

A produtividade na região, segundo a Revista, fica em torno de 2,4 toneladas por hectare e o custo para produzir um hectare de tatarca é de R$ 835. O quilo da semente com casca é vendido a R$ 2, sem casca é comercializado a R$ 5 e a tatarca embalada custa R$ 6 o quilo.

A Revista Agropecuária Catarinense destaca também na reportagem Davi Bossi como o maior produtor de trigo-mourisco do município. Ele mora com a família na localidade de distrito de Itaió. Segundo a reportagem, na safra de 2012 a família plantou cerca de 7 hectares e colheu uma média de 30 sacas de tatarca por hectare. O custo de produção varia entre R$ 800 e R$ 1 mil, e o faturamento alcança R$ 3,6 mil por hectare para a tatarca vendida com casca.

A tatarca é muito usada na culinária típica da região. Pratos como holuptchi, tatarca cozida, quadradinhos e sopa de rhétcta ou tatarca são as receitas mais populares. Por não conter glúten, a farinha é recomendada para pessoas com intolerância ou alergia a essa proteína.