
Com o objetivo de conhecer a realidade da produção de tabaco em Santa Catarina, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), realizou no mês passado uma pesquisa a campo através de seus sindicatos filiados. Foram pesquisadas 576 famÃlias produtoras de tabaco no estado. O método utilizado foi estratificado por micro regiões, municÃpios e comunidades, delineadas por extratos de área de importância de produção, com nÃvel de segurança de 5% a partir da média obtida dos 51 municÃpios pesquisados.
Para saber o que representa a fumicultura no municÃpio de Itaiópolis e em Santa Catarina, a Gazeta de Itaiópolis entrevistou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Acir Veiga, que comentou a importância e o resultado da pesquisa, onde traz dados interessantes para o meio rural onde se cultiva tabaco.
A pesquisa demonstra que 53 % dos produtores têm menos de 32 anos de idade e apenas 5% tem mais de 60 anos. Os preços recebidos pelo tabaco tiveram um incremento de 44,25% entre os anos de 2007 á 2010 na variedade Virginia. Já o aumento dos custos com insumos no mesmo perÃodo foi 28%, na lenha 34,38% e mão de obra 26,83%.
A produtividade média por hectare em 2007 foi 2.355 kg, já em 2010 caiu para 2.050/kg/hectare, equivalente a 12,95% menor em produtividade, provavelmente influenciado pelo excesso de chuva no perÃodo. A média de produtividade na região do planalto norte de Santa Catarina foi 2.159 kg por hectare na última safra.
O gasto de trabalho por hectare na variedade Virginia foi 131 dias, sendo que a maior demanda de mão de obra foi com a colheita, ou seja, 39 dias em média por hectare, com custo médio de R$ 52,00 por dia trabalhado.
Na mão de obra utilizada com a cultura, 86% são da famÃlia e 14% é contratada. Já a lenha 50% é comprada, isto significa que a metade dos produtores de tabaco não dispõe de lenha, o que é uma ameaça na atividade.
A alavancagem financeira, dinheiro que entra na propriedade, em 2010 foi de R$ 22.696,00, abaixo dos R$ 25.152,00 obtido na safra de 2009.
Qual o motivo que levam os agricultores a cultivarem tabaco? A resposta apontada na pesquisa foi à seguinte: Tem venda garantida 49%. Tem pouca terra 21%. Da boa renda 20%. Estes fatores indicam que o agricultor opta por segurança e atividades de alta densidade econômica, o que representa 3,8 hectares da propriedade utilizada com tabaco. Além de tabaco os agricultores entrevistados produzem: Milho 47%. Feijão 23%. Leite 10%. Olericultura 5%. Frutas 1% e outras atividades como integração de suÃnos e aves e reflorestamento 14%, embora mais da metade dos produtores já tenha pequenas áreas com eucalipto.
As principais dificuldades apontadas pelos produtores são: clima 26%, mão de obra 17%, preço dos insumos 20%, classificação 13%, lenha e preço do fumo, ambas com 12%. Ficou demonstrado que 82% dos produtores estão na atividade a mais de 10 anos significando capacitação e conhecimento da atividade e 71% são associados em sindicatos de trabalhadores rurais. O modelo de estufa de secagem esta dividido proporcionalmente com 51% convencional e 49% elétricas com ar forçado.
O preço médio recebido na última safra foi de R$ 5,90/kg e 9% é plantado a mais fora do pedido. Existe uma tendência de aumento da área para a próxima safra de 1,9% na variedade Virginia, mas em SC diminuiu o número de produtores, que na safra de 2009 era 58.433 e na última safra foi 55.160 famÃlias trabalhando na fumicultura. A redução no número de produtores deve se ao fato das indústrias focalizarem a qualidade da produção, excluindo os produtores que não se enquadram nos padrões de mercado.
No planalto norte de SC existe 11.000 produtores cultivando 38.000 hectares com tabaco com faturamento anual chegando próximo a R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais), ou seja, a maior região produtora do estado e a segunda maior do Brasil. Em Itaiópolis são 2.150 famÃlias produtoras, sendo considerado o maior produtor de tabaco de Santa Catarina.
