Na última semana, sindicalistas ligados a FETAESC (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina) debateram as mudanças e o futuro da agricultura de SC. O engenheiro agrônomo do Centro de Socioeconômica e Planejamento AgrÃcola (Cepa) da EPAGRI, Tabajara Marcondes, falou sobre o ‘Futuro da Agricultura em SC’ para os dirigentes sindicais que participaram do seminário realizado nos dias 23 e 24 de agosto, na sede da Federação.
Os dados apresentados sobre a realidade já são identificados por quem conhece ou vive no meio rural. A redução do número de estabelecimentos agropecuários e de pessoal ocupado na agricultura, bem como o decréscimo na área de lavouras anuais e pastagens naturais bem com a expansão na área de matas é visÃvel. No entanto o técnico salienta que essa queda não interfere no aumento da produtividade da produção vegetal e animal, por conta dos avanços tecnológicos no setor. A atividade que mais se destacou em aumento da produtividade foi à leiteira, passando de 400 mil litros/ano em 1975 para 2.600.000 litros em 2011.
Conforme estudo de Marcondes em 20 anos a redução do número de estabelecimento foi de 41% e a da população rural no perÃodo foi de 16%, isto é, em torno de 316 mil pessoas deixaram de se ocupar com as atividades dos estabelecimentos agropecuários. Os mais jovens foram em busca de novas oportunidades nas cidades e hoje 34% dos estabelecimentos agrÃcolas são dirigidos por pessoas de 55 anos ou mais. A força de trabalho no meio rural está envelhecida e não tem sucessores dispostos a tocar a atividade agrÃcola.
Além disso, o rural é menos agrÃcola do que há quatro décadas. Hoje, 75 mil propriedades estão com rendas não agrÃcolas, sendo a média do salário mensal de R$ 755,00.
Sem mão de obra familiar na propriedade uma das alternativas é deixar o mato crescer ou fazer reflorestamento. A utilização de áreas da propriedade com matas vem aumento significativamente, sendo que em 1975 era de 1.628,10 hectares e em 2006 passou para 2.228,60 ha.
Atualmente o território de Santa Catarina está demarcado pelas seguintes áreas: Florestas Nativas 41,5%; Campos naturais e as pastagens 31,2%; Agricultura 16,1%; Reflorestamento 7,3%; Ãrea urbanizada 1,8% e outros 2,2%.
Conforme Tabajara o futuro da agricultura catarinense passa pela diversificação com novas ocupações, intensificação da relação rural e urbana, aumento do turismo rural, de prestação de serviços e do número de pequenas agroindústrias. Segundo levantamento feito pela Epagri em 2010 foi registrado 1.894 agroindústrias familiares, ocupando 7.215 pessoas, sendo que 82% desses empreendedores estão satisfeitos e 87,2% pretendem continuar investindo no negócio.
É claro que o desenvolvimento da agricultura dependerá de fatores locais, nacionais e internacionais. No entanto, partes desses fatores estão sob influência direta ou indireta dos agentes sociais (indivÃduos e organizações), onde, segundo Tabajara “é preciso ter claro qual projeto de sociedade estamos buscandoâ€.
Na avaliação dos dirigentes sindicalistas, a agricultura familiar em breve será beneficiada com as mudanças que vem ocorrendo. Pois são menos agricultores produzindo e mais consumidores se concentrando nas cidades, o que demanda mais alimentos. Quem foi para cidade dificilmente volta para o campo. Pois os custos elevados das terras e o custo da infraestrutura necessária para produzir são altos. A burocracia ambiental desanima qualquer um que pretende ampliar a área de cultivo. O discurso que os agricultores são destruidores do meio ambiente, está em desacordo com o estudo apresentado.
