Auristela e Frederico Bauer: 70 anos de matrimônio

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 19/12/2011 - 19h31

Sabe o que significa 70 anos de casamento? São “nada mais nada menos†do que 840 meses ou, se preferir, 25.550 dias de convivência mútua e estável no seio de um lar

Qual é a explicação da ciência para uma pessoa viver mais de nove décadas, e ainda estar lúcida e disposta num mundo tenso, com poluição do ar e dos rios tão irradiada? Mas, a grande novidade é um casal atingir 70 anos de matrimônio, ou se preferir de união conjugal. Isso é verdade e o casal vive em Itaiópolis.

A residência está localizada numa ruela, que faz a ligação da Avenida Nereu Ramos com a Rua Paulo Klodzinski. A estradinha até então se chamava Rua da Pedreira. O nome foi conferido à via por dar acesso a uma jazida de cascalho, localizada próximo ao atual bairro Vila José Dresseno. Mas isso faz parte do passado. Hoje a Rua se chama “Das Floresâ€, e comporta algumas residências, dentre elas, a de Frederico Bauer e Auristela Catarina Bonelli Bauer.

Auristela, 91 anos, e Frederico, 92 anos, festejaram, como diz o chavão popular, “Bodas de Vinhoâ€. A festa aconteceu no último dia 06 de dezembro, no salão da igreja Luterana de Itaiópolis. O evento foi uma homenagem dos sete filhos do casal, dentre eles, cinco homens e duas mulheres. Além dos filhos, o aniversário de setenta anos de matrimônio foi lembrado pelo poder Legislativo, que apresentou moção de aplausos ao casal.

Auristela e Frederico se casaram em José Boiteux, na igreja São Sebastião, aos 21 anos de idade. Para saber um pouco mais sobre a vida do casal de anciãos a Gazeta de Itaiópolis os entrevistou, na última semana. Fomos bem recebidos na casa, que apresenta detalhes de uma mobília rústica.

Seu Frederico estava lendo jornais. Dona Auristela prontamente se sentou a mesa, para dar atenção às perguntas que fizemos em vários sentidos. A mulher conta que faz as tarefas domésticas por conta própria, mas durante o dia conta com ajuda de empregada. Seu maior prazer é trabalhar cultivando uma horta nos fundos da casa, que por sinal é bem grande. Seu Frederico, aos 92 anos, tem um pouco de dificuldade de locomoção, necessitando de auxilio de uma bengala. No entanto, consegue ir ao banco e ao barbeiro a pé.

Natural de Itajaí, no litoral, Auristela conta que quando jovem viveu por muito tempo com os avôs. Disse que na sua vida fez de tudo um pouco e morou, inclusive, em Blumenau. De origem Italiana, a anciã está lúcida e comunicativa, além de trabalhar com afinco nas atividades da horta doméstica.

Frederico Bauer nasceu no Distrito de Moema e tem descendência alemã. Ao lembrar-se do tempo de infância, o ancião recorda que não perdia um dia de aula, mesmo quando o tempo estava chuvoso. Quando rapaz exerceu ofício de caixa de loja, lavrador e durante 18 anos atuou como vendedor. Frederico ainda lembra quando conheceu a esposa, no município de Ibirama.

Frederico também foi um homem público. Por alguns anos foi administrador do Hospital Santo Antônio, que funcionava próximo a Prefeitura. Mas, os lapsos da memória já enfraquecida o impedem de contar mais detalhes desta função importante que desempenhou.

O ancião também trabalhou junto a Secretaria de Obras do município, coordenado equipes de trabalho. Por muitas vezes arregaçou as mangas e ajudou no encascalhamento de estradas e também na abertura de bueiros. Em conversa na mesa da casa, o casal recorda os velhos tempos, quando ainda o município de Santa Terezinha fazia parte da geografia política de Itaiópolis. Os velhos lembram as viagens no lombo de cavalos, pelos interiores de Itaiópolis, até o município de Ibirama.

Perguntei ao casal se tem medo da morte. Dona Auristela disse que já está cansada da vida dura que levou e pede a Deus que reconheça e destine um lugar no céu. “Quero viver enquanto Deus me der vidaâ€, disse seu Frederico. O casal mora no Centro de Itaiópolis há 20 anos.

Dona Auristela mostra com orgulho retratos de família, especialmente de seus pais de origem européia, oriundos da França e Itália. Já seu Frederico é um leitor assíduo. Ler livros, revistas e jornais são um passa-tempo, servindo como um hobby para ocupar a mente.

Auristela ainda lembra o trabalho duro na erva-mate, uma das atividades que exerceu. Frederico conta que da área total de terras do seu pai, foi ele que adquiriu pelo menos 50% do total, com muito trabalho e esforço. Frederico tinha mais 12 irmãos. O ancião disse, que em toda a sua vida, somente uma vez apanhou na escola. O motivo foi uma brincadeira que fez na “lousa†de um colega de classe.

Auristela mostra com orgulho e aponta com o dedo cada planta de sua imensa horta. “Esses dias o Frederico foi capinar, mas só cortou algumas das minhas plantasâ€, confessou ela frente ao sorriso do velho Frederico, que se apoiava na bengala.

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01 comentário publicado
  1. Elfi P. Cavalcante

    As pessoas que convivem por longos anos de vida conjugal tem o habito de consertar e não descartar.

    Parabéns ao lindo casal!

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