A noite de segunda-feira (30) foi especial para lideranças políticas e a família Kraievski, da comunidade de Poço Claro. A mercearia da família recebeu a visita ilustre de dois candidatos; um a deputado estadual e outro que concorre a uma das vagas na Câmara Federal. O sargento Soares, que é deputado estadual e Sobrinho, que pleiteia uma vaga ao parlamento Federal, foram recepcionados por simpatizantes, autoridades e lideranças, que manifestaram apoio a candidatura de ambos. Apesar da noite fria, os candidatos cumpriram horários e o encontro confirmou as expectativas da dupla. O sargento Soares foi eleito em 2006 a deputado estadual e é considerado um legítimo representante da Aprasc (Associação de Praças do Estado de Santa Catarina).
Logo de início, o proprietário da mercearia Kraievski Silvio Torquato deu as boas vindas aos candidatos, que também representam a polícia militar do estado e passou o microfone para que Soares fizesse seu pronunciamento. O candidato, na condição de deputado estadual e disputando a reeleição, disse estar satisfeito com a receptividade dos presentes e demonstrou confiança na reeleição. Falou ainda da luta incansável pela melhoria das condições de vida da classe trabalhadora, mas apontou a falta de investimentos do estado em segurança pública, saúde e educação. O candidato explicou que os temas servem como plataforma da maioria dos candidatos, mas que em seu entender, o fundamental é o fortalecimento do serviço público num todo e principalmente do funcionalismo.
Soares foi enfático e incisivo ao tecer críticas a políticos que tem a candidatura financiada por grandes empresários e banqueiros e disse que esse “sistema” acaba desencadeando a corrupção que é a grande vilã na conjuntura política atual. Segundo o Sargento Soares, seus compromissos de campanha são baseados na verdade e na seriedade, pois vem fazendo uma campanha modesta, utilizando-se das estratégias de distribuição de “santinhos”, pequenos cartazes e o embate corpo-a-corpo. Durante seu discurso, o candidato novamente criticou os conchavos políticos e disse que isso envergonha os políticos perante a sociedade.
Segundo Soares, no ano de 2009, 21 homens foram expulsos da Polícia Militar por terem se manifestado na luta pelo cumprimento de leis. Como exemplo, citou o caso do Sargento Sobrinho, seu companheiro, que foi expulso da PM. Os candidatos não manifestaram apoio às candidaturas de concorrentes ao governo do estado, mas para Soares, esse é o momento de concretizar a mudança. Em sua opinião, irá se manifestar e apoiar um dos candidatos que eventualmente chegar ao segundo turno, nas eleições do próximo dia 03 de outubro.
Em seguida, após Soares encerrar o discurso, foi à vez do candidato a deputado Federal, Sargento Sobrinho se pronunciar. Ele iniciou agradecendo a presença da presidente do PT de Itaiópolis, Márcia Virmonde, do ex-vereador por três legislaturas Alfredo Linzmeyer e do presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Semião Pereira.
Sobrinho falou dos casos de opressão e covardia dentro dos quartéis da Polícia Militar. Citou como exemplo sua própria expulsão e lembrou os 20 companheiros que também foram demitidos. “Eu não tenho vergonha disso. Pelo contrário, eu tenho orgulho”, disse Sobrinho. O candidato também criticou o modelo de estado atual, que em sua opinião, tenta inibir movimentos sociais organizados que reivindicam seus direitos. Sobrinho disse que não aceita financiamento de campanha pela elite detentora de poderes, que representa apenas 05% da população catarinense. Em sua opinião, essa atitude vai deixá-lo livre e isento depois de eleito, para defender o povo em geral, os agricultores, bombeiros e policiais. Ele explicou que as pequenas classes trabalhadoras (comerciantes e pequenos agricultores) precisam de incentivos para a sobrevivência, senão acabam sendo sufocadas pelos grandes latifundiários e empresários. “Vou seguir o modelo de Soares, que não se vendeu e nem se envergou aos poderosos”, afirmou Sobrinho.
Quem são Soares e Sobrinho
Amauri Soares é natural de Imbuia (Alto Vale do Itajaí). Aos 19 anos Soares ingressou na polícia militar como soldado fez curso de cabo e chegou à graduação de sargento. Trabalhou durante 16 anos na Companhia da Guarda, na Penitenciária de Florianópolis. Cursou ciências sociais, na área de sociologia política na UFSC e atuou no movimento estudantil. Em agosto de 2001, junto com um grupo de algumas dezenas de praças, foi o articulador e fundador da Associação de Praças do Estado de Santa Catarina (Aprasc), do qual foi presidente por quatro mandatos.
Filho de agricultores, Pedro Paulo Boff Sobrinho, também conhecido como Sargento Sobrinho, nasceu em Barra Bonita, no extremo – oeste de Santa Catarina, no dia 29 de junho de 1969. Durante toda a sua adolescência, juventude e fase adulta, sempre conciliou estudo e trabalho. Depois de prestar serviço militar obrigatório no Exercito de São Miguel do Oeste, em 1989, Sargento Sobrinho ingressou na Polícia Militar como soldado. Mais tarde, tornou-se sargento. Atualmente, é formado em Direito pela Unoesc. Foi diretor da Aprasc por oito anos, logo depois da fundação da entidade, ocupando o cargo de vice-presidente da regional Extremo – oeste por três mandatos.