Dia de campo da apicultura do Planalto Norte reúne mais de 120 apicultores da região

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 06/03/2011 - 21h11

Buscar conhecimento, conhecer as novas tecnologias e pesquisas no setor apícola Catarinense, além de participar de atividades práticas no apiário experimental sobre controle de ácaros, comportamento higiênico e seleção de abelhas rainhas foram alguns dos motivos que levaram os apicultores a participar do encontro

O primeiro dia de campo da apicultura do Planalto Norte Catarinense, realizado em Itaiópolis no último dia 02 de março, quarta-feira, reuniu pelo menos 127 apicultores, além de autoridades governamentais, legislativas, lideranças, associações e sindicatos da região Norte do estado. O evento teve inicio às 09h, tendo como local o salão da Igreja Luterana. Exemplo de boa organização, o encontro recebeu vários elogios, principalmente na pessoa do técnico da Epagri de Itaiópolis Enio Frederico Cesconeto, por ser um dos idealizadores e principal articulador do trabalho no Planalto Norte. O evento foi realizado em parceria com o Senar, Banco do Brasil (BB), Sindicato dos Produtores Rurais de Itaiópolis, FAASC, Asosama, Associação Bromélias e Epagri experimental do município de Videira (SC).

O evento se alicerçou em pelo menos três pilares básicos da apicultura: identificação das diversidades genéticas das abelhas da região, identificação e controle de ácaros nas colméias (Varroa Destructor), comportamento higiênico e a elevação da produção de mel. O dia de campo foi dividido em dois períodos, sendo pela manhã as apresentações teóricas envolvendo os resultados preliminares de pesquisas apícolas e na parte da tarde, atividades práticas no apiário experimental Bromélias (assentamento Bromélias). Quem foi convidado para abrir os trabalhos durante a manhã foi o representante da Gerência Regional da Epagri de Mafra, Geraldo Pilati. No discurso, Pilati disse que no início deste ano a Epagri enfrenta escassez de recursos, o que limita as atividades da empresa. Ele comentou também sobre a preocupação da Epagri no tocante ao esvaziamento das colméias na região, pelo sumiço das abelhas, e disse que o grupo técnico da Epagri tem por objetivo identificar esses fenômenos atípicos da natureza. Gregório Woehl, presidente da Associação de Apicultores de Itaiópolis, Mauro Kazmierczack presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Itaiópolis e Mario Cesar Borges gerente da agência BB de Itaiópolis, também discursaram.

Eles parabenizaram a equipe que organizou o encontro, reforçaram a importância da atividade apícola na região e se colocaram a disposição dos produtores de mel, para a realização de novos encontros do setor na região. O encontro também registrou a presença ilustre do presidente da FAASC (Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina) Nesio Fernandes de Medeiros. Na ocasião o presidente da FAASC saudou de forma especial Enio Frederico Cesconeto, dizendo que ele é um patrimônio da apicultura catarinense. Nésio relembrou as contribuições que Enio deu para o desenvolvimento da atividade no estado. O presidente salientou sobre o desafio de reerguer a Federação, que enfrentou período de crise e uma das principais ações foi buscar novas parcerias. Segundo Nesio, a Federação reativou a revista Zum-Zum e também está reivindicando junto a Secretaria de Estado da Agricultura a liberação de seis técnicos para atuarem diretamente com a atividade apícola no estado. Para o Planalto Norte o nome indicado é de Enio Frederico Cesconeto. “O Enio tem conhecimento, tem conteúdo e bagagem e gosta da apicultura. Ele é a pessoa ideal para atender os apicultores do Planalto Norte”, disse o presidente da FAASC.

O evento também foi marcado pela presença do chefe da cidade das abelhas de Florianópolis, Walter Miguel. Ele comentou sobre o fenômeno de desaparecimento e mortalidade das abelhas, além de reforçar a criação de convênios com instituições cientificas, para a pesquisa no setor. Um exemplo é a FURB de Blumenau. Walter Miguel disse que em SC não existe nenhum laboratório para receber amostra de abelhas e mel, pois houve abandono estatal para a atividade da apicultura. “Quando se fala em apicultura, não se resume apenas ao mel, mas também a produção de maçã e pêra, através da polinização que é feita pelas abelhas”, comentou o chefe da cidade das abelhas. Luiz Celso Estefaniak, da estação experimental da Epagri de Videira (SC), disse no seu discurso, que a abelha também é um animal, que tem fome e merece ser bem tratada para dar bons resultados.

Explicou ainda que as abelhas de SC são africanizadas, sendo que há falta de referências teóricas para esse tipo genético, pois as pesquisas giram em torno das abelhas de gene europeu. Ele enfatizou sobre a importância de sol para as abelhas, os cuidados no manejo e a utilização de fumaça branca. Disse que o apicultor deve ter preocupação com as abelhas no período de inverno e reforçou dizendo a todos que a produção de mel vai depender dos cuidados que as abelhas tiverem no período do inverno. Dando continuidade aos trabalhos teóricos no período da manhã, quem palestrou foi Tânia Schafachek, que é a coordenadora das pesquisas apícolas em Santa Catarina através da estação experimental da Epagri de Videira. Ela disse que o projeto visa selecionar abelhas rainhas, de todo o estado.

Ela destacou a importância de substituir a abelha rainha da colméia anualmente. “O apicultor deve trabalhar com rainhas jovens e saudáveis”, aponta a pesquisadora. O estudo monitora oito apiários experimentais espalhados pelo estado e visa obter informações sobre abelhas rainhas, produção de mel, controle da infestação por ácaro da Varroa entre outras. A pesquisadora apresentou alguns resultados preliminares da pesquisa no apiário Bromélias no tocante a seleção de abelhas rainhas. Segundo Tânia, no outono e inverno o índice de Varroa são maiores do que na primavera e no verão. Ela apresentou também resultados preliminares da diversidade genética das abelhas de SC. 45 % dos resultados das amostras de abelhas analisadas do Planalto Norte apresentam gene africano. Para encerrar a primeira etapa do dia de campo os apicultores foram contemplados com brindes, através de sorteio. O encontro encerrou, no primeiro período, com almoço custeado pelo Senar através do Sindicato dos Produtores Rurais de Itaiópolis.

À tarde, apicultores participaram de atividades práticas no apiário experimental

Durante à tarde do dia 2 de março os Apicultores do Planalto Catarinense participaram de atividades práticas relacionadas ao uso de três tecnologias visando à sobrevivência e melhoria do padrão genético das abelhas. As atividades práticas aconteceram no apiário experimental Bromélias, em Itaiópolis. Na ocasião os apicultores aprenderam como realizar o monitoramento das Varroas; como realizar o teste do comportamento higiênico e também o uso de técnicas e equipamentos para um bom manejo de outono e inverno.

O monitoramento de Varroas é feito para identificar o percentual de ácaros que existem nas colméias em ralação a população de operárias da colméia. Segundo os técnicos da Epagri deve ser realizado uma vez por estação do ano em pelo menos 25% das colméias de cada apiário. É importante para definir a necessidade de intervenção, visando o seu controle quando os índices forem muito elevados.  As abelhas africanizadas convivem bem com índices entre 5% a 8% dependendo da época do ano, a partir daí o apicultor deve se preocupar em fazer o uso de técnicas de manejo e produtos para a sua redução e o seu efetivo controle. Durante as aulas práticas nas colméias monitoradas o índice variou de 1,5% a 7,5% com média de 4,8%. Apicultores e técnicos observaram que em colméias onde existiam colônias de pequenas formigas que convivem em simbiose com as abelhas, os índices foram os menores e isso se atribui ao fato de as formigas produzirem o acido fórmico que funciona como acaricida.  A técnica apresentada é simples e foi aprendida com facilidade pelos apicultores.

Além de serem atacadas por ácaros as abelhas sofrem de diversas doenças que afetam suas crias (larvas e pupas) dentre essas as mais conhecidas são a cria pútrida européia, a cria pútrida americana, a cria ensacada e a cria giz. Essas doenças causam a morte de abelhas jovens no interior do favo, antes de seu nascimento. Durante o 1° Dia de Campo de Apicultura apresentou-se aos participantes o método prático, chamado teste do comportamento higiênico que nada mais é do que comprovar se as abelhas têm ou não a capacidade de identificar e retirar dos favos e do interior da colméia as larvas e pupas mortas.

Essa habilidade é uma característica genética transmitida pelas rainhas e zangões às futuras gerações de abelhas. Os apicultores aprenderam como realizar o teste e também comprovaram que dentre as cinco colméias trabalhadas apenas uma não apresentou o índice de 85% indicado como parâmetro técnico para que ocorra uma boa prevenção das doenças de cria em abelhas. Para ser prático, esse teste pode ser realizado apenas em colméias de bom potencial produtivo. Por exemplo: se no seu apiário tem 20 colméias, recomenda-se realizar o teste nas 25% melhores, ou seja, em cinco colméias. Os fatores preferenciais para a escolha das colméias são: produtividade (mel, própolis, pólen…), mansidão e menor incidência de Varroas.

Na sequência se discutiu o manejo de outono, tema que também foi tratado durante o dia de campo. O manejo de outono deve ser feito antes do inverno no outono nos meses de março ou abril. O apiário deve estar limpo com boa solarização das colméias, abrigado de ventos frios a colméia deve ter no mínimo quatro favos de mel na melgueira para que as abelhas possam realizar com eficiência da termo regulação. A termo regulação é o controle interno de temperatura pelas abelhas, para aumentar a temperatura elas têm que comer mel e vibrar os músculos das asas, e aglomerem-se entorno dos favos de cria e da rainha . Para facilitar o trabalho das abelhas usaram-se alguns equipamentos tais como: redutor de alvado, pois a colméia langstroth é fria por isso a necessidade de fechar o alvado reduzindo de 40 para cinco a 10 centímetros a abertura. Foi usado também a entre-tampa horizontal que é colocada entre o ninho e as melgueiras; a entre-tampa vertical que é colocada entre os favos do ninho e o poncho ou entre-tampa plástica que faz função das duas entre-tampas horizontal e vertical.

Outra técnica recomendada na falta de mel e pólen nas colméias é a alimentação artificial feita com o uso de vários modelos de alimentadores que foram apresentados: O de cobertura usado sobre a colméia e que também pode ser usado como entre tampa horizontal; o alimentador de ninho que é usado no ninho, e também serve de entre tampa vertical e o alimentador de alvado que é usado no alvado da colméia. Para alimentar as abelhas podem ser fornecidos dois tipos de alimentos: Os alimentos energéticos como, por exemplo, o mel, xarope de açúcar invertido, açúcar refinado, e os alimentos protéicos que são o pólen, PTS ou Proteína Testurizada de Soja, levedura de cerveja e rações comerciais já produzidas especialmente para abelhas.

O dia de campo teve como objetivo a motivação e difusão de tecnologias e com a realização desse evento os apicultores saíram motivados a fazer um bom trabalho em suas colméias e os técnicos da Epagri também motivados em atendê-los com maior dedicação, considerando a importância das abelhas para a polinização de pomares e lavouras, produção de mel, pólen, própolis, geléia real, cera e a sua importância para a biodiversidade da flora em geral.

Apiário experimental Bromélias

O apiário experimental Bromélias foi instalado em agosto de 2009. A instalação do apiário contou com a colaboração de outros órgãos, além da equipe da Epagri. Depois de montado o apiário a equipe percorreu a região do Planalto Norte em busca de abelhas. A coleta de abelhas iniciou em Joinville e seguiu até Canoinhas, englobando vários municípios.

No apiário foram instalados 22 cavaletes e 15 núcleos, no ano de 2009. Algumas atividades já haviam sido realizadas no apiário experimental como, por exemplo, marcação de abelhas rainhas, uso adequado da fumaça no fumegador e uso da peneira.

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01 comentário publicado
  1. Paulo Marcelo Adamek SUMIÇO DAS ABELHAS

    PAULO MARCELO ADAMEK…SUMIÇO DAS ABELHAS…SERA QUE OS CIENTISTAS JA TEM RESPOSTAS PARA O CASO DO SUMIÇO DAS ABELHAS OU DERAM UMA “RELAXADA” DEVIDO AO FATO QUE AS ABELHAS ACABARAM ‘REPEVOANDO’ A NARUREZA E AS NOSSAS COLMÉIAS,O OUTONO JA ESTA AÍ DE NOVO, E O PROBLEMA PARECE QUE VOLTOU, APOS FAZER UMA VISITA NOS MEUS APIARIOS PUDE NOTAR O INICIO DO FENOMENO, COM UMA GRANDE DIMINUIÇÃO NO NUMERO DE ABELHAS NAS COLMÉIAS APEZAR DE O CLIMA ESTAR “BOM” E TER UMA QUANTIDADE RAZOAVEL DE MEL E POLEN NAS COLMÉIAS. TAMBÉM PUDE PRESENCIAR UM FATO NAO MUITO COMUM A PASSAGEM DE DOIS ENXAMES AÍ PELAS 10:00 DA MANHA…..

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