Obras de construção de ponte sobre o rio “Caiva†estão paralisadas

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 13/04/2012 - 19h57

A comunidade de Rio do Bispo sofre com a falta da ponte. Os materiais já estão no local onde deve ser construída a ponte, mas, no entanto, a “Gazeta de Itaiópolis†flagrou na manhã da última quinta-feira (12) os trabalhos totalmente paralisados. Não tinha ninguém da Prefeitura no local.

Sobreviver na localidade do Rio do Bispo, interior de Itaiópolis, talvez não seja uma escolha, mas uma imposição do destino. A comunidade está localizada há cerca de 10 quilômetros do Distrito de Moema. O acesso ao Rio do Bispo, totalmente escarpado, intimida qualquer pessoa.

O terreno íngreme, de um lado taipa de pedra e de outro desfiladeiro, causa sensação de insegurança para quem trafega pela primeira vez pela estrada. Mas o medo é compensado pelas belas paisagens, mansas, cortadas por vales e ricas de vegetação e pequenos córregos de águas límpidas.

A estrada de saibro bruto carece de cascalho. A última motoniveladora que passou pela serra do Bispo, assim conhecida, já faz mais de 30 dias. Entretanto, o serviço melhorou as condições de tráfego das mais de 20 famílias que moram no vilarejo. Mesmo assim, ainda há muito para se fazer.

A estrada geral do rio do Bispo precisa de encascalhamento, de drenagem adequada e até da construção de pequenos pontilhões sobre córregos. A travessia hoje é feita com veículos por dentro da água, o que pode levar a prejuízos na parte mecânica. No entanto, o pior problema enfrentado pelos moradores é a falta de uma ponte sobre o rio Caiva. Essa ponte faz a ligação da Moema – Rio do Bispo – com comunidades importantes como o Rio da Prata, Baia do Itajaí, municípios de Santa Terezinha e Victor Meirelles.

A convite do líder voluntário Nilton Lemos, a “Gazeta de Itaiópolis†foi ao local, para verificar e experiênciar o sofrimento dos moradores. No rio “caiva†não existe ponte. A travessia a pé é dificílima. Os moradores, que precisam atravessar têm de descer um barranco de mais de dois metros e se equilibrar sobre um caibro.

Na manhã da última quinta-feira, 12 de abril, nenhum operário da Prefeitura estava no local e as obras estão em fase de iniciação, apesar do material necessário já estar à disposição no local onde será construída a nova ponte com cabeceiras de concreto. A lentidão do trabalho, que praticamente nem iniciou é que preocupa os moradores.

No local da obra já tem areia, madeira, pedra, betoneira, ferro e os ingredientes para que a obra já estivesse sendo tocada a todo o vapor. Mas isso não está acontecendo. Os trabalhos fluem a passos de tartaruga e o povoado está sendo prejudicado.

O agricultor Acir Gerônimo Chimchek, de 47 anos, mora há 24 anos em Rio do Bispo tem dois filhos menores que precisam estudar. No entanto, segundo o agricultor, o transporte escolar não passa mais pela sua casa, pois o acesso é precário. Faltam patrolamento e cascalhamento nas vielas que cortam o Rio do Bispo. Faz três anos que a “perua†escolar não vem apanhar os seus filhos.

Outros dois filhos de Acir, que já não estudam também vivenciaram o mesmo problema e tiveram o desempenho estudantil afetado, pois não tinham como ir à escola da Baia do Itajaí, que fica há 10 quilômetros da casa da família.

Filhos do agricultor ainda não foram para a escola em 2012.

A filha de Acir, de apenas nove anos, disse a reportagem da “Gazeta de Itaiópolis†que nesse ano ainda não foi nenhum dia a escola, por falta do transporte que não consegue chegar devido à inospitalidade do acesso. “Quando eu tinha uma moto, colocava dois dos meus filhos na garupa e levava até o Distrito de Moema, para que eles não perdessem aula. Fiz o possível, mas hoje não consigo mais enfrentar esse tipo de desafioâ€, disse o agricultor.

Dona Alicia Cardoso, de 72 anos, que sempre morou em Rio do Bispo confirma a história e disse que a ponte sobre o rio “Caiva†está praticamente intransitável há mais de 30 meses. “Eles desmancharam a ponte de madeira para construir uma nova, mas parece que os funcionários não estão aproveitando o tempo bom para apressar o serviçoâ€, disse a aposentada se referindo à lentidão das obras executadas pela Prefeitura de Itaiópolis.

O líder voluntário Nilton Lemos, que faz questão de carregar nas mãos a cartilha “de olho no dinheiro públicoâ€, da Controladoria Geral da União (CGU), disse que acompanha a comunidade do Rio do Bispo há 20 anos. De acordo com Lemos, alguns moradores o procuraram e reclamaram que estudantes estão perdendo aula por falta de manutenção nas estradas.

O líder investigou o problema, mas disse que não se trata da área de educação do município, que oferece transporte, mas a negligência do setor competente de obras, localizado no Distrito de Moema. “Obstando o trânsito de pedestres e veículos a Prefeitura está ferindo o direito de ir e vir das pessoas, previsto na Constituição Federalâ€, disse Lemos.

“Através do apoio da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Mafra, que está acompanhando a situação e colaborou no envide dos materiais para a construção da ponte a comunidade do Rio do Bispo voltou a ter esperança. O problema agora é a lentidão na execução do trabalho pela equipe de obras da Moemaâ€, completou o líder Nilton.

De acordo com Lemos, o orçamento municipal de mais de R$ 8 milhões para a Secretaria de Obras precisa ser mais bem investido e aplicado corretamente para que atenda as necessidades mínimas da população. “Vou insistir até que a ponte seja concluída. Caso contrário, se as obras não progredirem, vou levar o caso ao conhecimento da CGUâ€, disse.

Nilton também fez um apelo ao poder Legislativo, para que fiscalize a paralisação das obras de construção da ponte sobre o rio “caivaâ€.

Materiais para a construção da ponte estão abandonados.

O morador Valdir Cardoso, de 39 anos, disse que as péssimas condições da estrada do Rio do Bispo causaram prejuízos em sua motocicleta. O homem, agora, está utilizando um cavalo para visitar amigos do outro lado da ponte que não existe. Valdir faz a travessia a cavalo por dentro da água, usando um acesso secundário a cerca de 100 metros abaixo do local onde será edificada a ponte.

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