Olericultor tem prejuízos com geadas

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 08/07/2011 - 22h21

Pelo menos seis mil pés de repolho, couve-flor, brócolis e acelga foram completamente destruídos pela geada. Da pequena área cultivada no inverno, apenas o repolho e a cenoura que resistiram à baixa temperatura de -8°. No entanto, seu João Veiga encara com naturalidade o fenômeno

Não são somente beleza e diversão que o inverno propicia principalmente a turistas, que vem para o Sul do país em busca de neve, geada e frio nas serras Catarinenses. Em Itaiópolis, mesmo com toda a beleza da estação, pequenos produtores de verduras e legumes enfrentam prejuízos pelo excesso do frio. O fenômeno da natureza atravessa o mês de julho e foi sentido nas pequenas culturas do município de Itaiópolis. Morador há 12 anos na localidade de São Roque, no quilometro 23 da rodovia BR 116, João Veiga, 45 anos, está na atividade da olericultura há pelo menos 27 anos.

A propriedade de João possui seis alqueires, dos quais pelos menos 3,5 são utilizados para o cultivo das verduras, que garantem a sustentabilidade da família. Pelo menos seis mil pés de repolho, couve-flor, brócolis e acelga foram completamente destruídos pela geada. Da pequena área cultivada no inverno, apenas o repolho e a cenoura que resistiram à baixa temperatura de -8°. Segundo o pequeno agricultor João, tal fenômeno de baixa temperatura aconteceu no ano de 2000. “As geadas no ano de 2000 começaram no dia 13 e seguiram até o dia 28 de julho”, explicou o agricultor, que enfrentou o mesmo fenômeno deste ano. Passaram pelo menos dez anos, mas a geada voltou com força total e causou novos estragos na lavoura do seu João. Na bastasse o frio causando o ressecamento das verduras, seu João conta que animais silvestres como a Capivara atacam e devoram as verduras. Mas, no entanto, o pequeno agricultor não reclama do prejuízo que a geada causou na lavoura. “Nessa área pequena que plantei investi cerca de R$ 1.000,00 e teria lucro de R$ 3 mil, mas não culpo a natureza pelo estrago. Cultivo as verduras no inverno para não ficar sem ter o que fazer e não deixar a terra ociosa. O forte da minha produção está na primavera e no verão”, disse o agricultor Veiga. No entanto, apesar de plantar pepino, cebola, beterraba, feijão de vagem e batata salsa, o carro chefe do sítio de João é a produção de tomate. O maior lucro obtido pelo agricultor está no tomate. Ele cultiva apenas um alqueire de tomate por ano (safra). A área plantada equivale a dois campos de futebol e meio. O sítio de João Veiga é exemplo da pequena agricultura familiar. As terras cultivadas são demarcadas por pequenas estradas e em todos os espaços cultivados há sistema de irrigação.

No inverno, segundo João, boa parte do terreno fica descoberta de lavoura, mas ele planta aveia para incorporar ao solo e se transformar em matéria orgânica. Dentro da área destinada ao plantio, o agricultor faz a rotação de culturas, garantido êxito na produção. Seu João trabalha a terra com amor. Ele busca produzir com qualidade, para atender as exigências do mercado consumidor. As culturas de couve-flor e brócolis foram completamente perdidas devido à geada. Dos 2 mil pés de couve-flor plantados nessa época do ano, seu João colheu apenas 200. Os brócolis foram completamente destruídos pelo frio. “O repolho é mais resistente e vai dar para aproveitar. Pretendo colher toda a área que plantei”, disse o agricultor, que encara o fenômeno com naturalidade. Seu João conta que prefere evitar as linhas de crédito para a agricultura. “Procuro fazer a minha safra com as minhas próprias reservas”, disse o pequeno agricultor. O agricultor comentou que está satisfeito e tem amor no que faz. “Estou contente com os meus implementos agrícolas e o meu maior trator tem apenas 50 hp”, disse humildemente o colono. Seu João até tentou proteger a couve-flor utilizando cobertura da própria folha, mas o frio foi tamanho que mesmo assim as cabeças acabaram ficando escurecidas – “sapecadas”. A cenoura, por ser um tubérculo, escapou do frio.

Uma área em ciclo de crescimento de aproximadamente 30 dias de brócolis e couve-flor foi completamente danificada pela geada. Pelo menos 2.500 cabeças foram perdidas, mas seu João disse não haver problema. “Nessa área perdi apenas a semente. Vou preparar o solo e cultivar novamente”, comentou. O agricultor aproveita recursos da própria natureza. Ele capta água nas nascentes e utiliza na irrigação. Uma parte do sistema é movimentada pela própria força gravitacional da água. O reservatório da irrigação tem pelo menos três metros de profundidade. Ao lado do reservatório, seu João exibe com orgulho a engenhoca que alimentava o sistema de irrigação, antes de utilizar a energia elétrica. Trata-se de um trator agrícola sobre um cavalete que, através de uma tomada de força gira uma das bombas de irrigação.

Tendo água em abundancia, o pequeno agricultor também está ingressando na piscicultura. Para o próximo verão seu João já vai comercializar peixes (tilápias, carpa capim e jundiá). A propriedade de João Veiga é realmente um modelo de produção sustentável. Seu João preza pela economia na produção. A casa da família é próxima das lavouras. Boa parte dos implementos utilizados nas lavouras foram desenhados e construídos pelo próprio agricultor, que não esconde seu talento na engenharia. No paiol, as ferramentas de trabalho e a produção da terra é devidamente organizada e armazenada. Calçando botas de borracha, seu João conta que para atingir seu patamar no campo enfrentou 27 anos de muitos desafios e dificuldades. “Em certas épocas eu olhava as roupas nas lojas, mas nem sempre podia comprar”, contou. Hoje seu João vive numa casa confortável e dispõe de tempo para receber amigos e compartilhar idéias.

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