Até o dia 1 de janeiro, ainda havia espaço para comemorar a vitória nas urnas. Agora, começaram para valer as responsabilidades do prefeito Gervásio Uhlmann (PSC) e a cobrança por resultados. Há problemas não resolvidos de gestões anteriores que Gervásio terá de tomar para si e demandas complexas difíceis de solucionar em quatro anos.

A educação, principalmente a infantil, requer mais vagas nas creches. Alguns CEI’s estão superlotados e exigem muito dos profissionais, que reclamam da lotação, pedindo por novas unidades. O Crechão no bairro Bom Jesus está em fase final de construção. Aliás, já deveria estar em pleno funcionamento. Não bastasse a estrutura física estar concluída, a administração do novo prefeito precisará mobiliar o prédio e colocar pessoas (professores, auxiliares, serventes, merendeiras), para que funcione e atenda a demanda. O Crechão foi construído com dinheiro do governo federal. Entretanto, o que vai pesar para a abertura é a contratação de mais mão-de-obra que acabará inchando a folha, podendo engessar a administração.

Outro problema que o novo prefeito vai precisar encarar e que já recebeu dinheiro público é a retomada da construção do CEI do Bairro Paraguaçu. A obra iniciou ainda em 2012, mas parte da estrutura em concreto desabou e o andamento da obra foi paralisado. Pela situação da obra, será preciso começar quase do zero para que o bairro tenha o seu primeiro CEI.

Melhorias na saúde e na educação dependem também do impacto na folha de pagamento dos servidores. Até então, a folha consumia mais de R$ 12 milhões ao ano. O novo prefeito assumiu o pagamento dos salários dos servidores relativos ao mês de dezembro, que era de competência do ex-prefeito Helio Wendt (PMDB). Segundo a Prefeitura, o valor da folha de dezembro somado as rescisões de contratos chega a R$ 1,4 milhão. Pela lei eleitoral e a própria LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) o pagamento do salário de dezembro deveria ser feito ainda pelo ex-prefeito Wendt.

A pavimentação das ruas do perímetro urbano ainda é insuficiente. Com a avalanche de novos loteamentos é preciso pavimentar as vias de ligação. Em muitos bairros, como Lucena e Bom Jesus as ruas acumulam poeira e lama. O centro também tem muitas ruas importantes que precisam ser revestidas com pavimento. A obra com recursos da Caixa Econômica, que deveria calçar mais de sete ruas no bairro Bom Jesus, está paralisada. A obra, avaliada em mais de R$ 2 milhões foi licitada pelo governo Helio Wendt, mas a empresa que venceu apenas iniciou a obra, abandonando-a em seguida. O prefeito Gervásio vai precisar retomar essa importante obra, a começar pelo esclarecimento dos moradores.

O empedramento das estradas rurais (vicinais) também precisa ser iniciado. Em quatro anos o ex-prefeito conseguiu com recursos da Defesa Civil Nacional, empedrar alguns trechos das estradas de Contagem Schadeck, Santo Antônio, Poço Claro e São Pedro. A empresa que executou o trabalho foi fiscalizada pela Câmara de Vereadores e precisou refazer alguns bueiros que haviam quebrado com o fluxo de caminhões pesados. O município tem mais de dois mil quilômetros de estrada de saibro.

O pedido pela regularização da dívida da Prefeitura com a Previdência Municipal é outra exigência dos servidores. A dívida corresponde ao não repasse da parte patronal de cada trabalhador mensal ao Instituto de Previdência (IPMI). O problema se arrasta por anos e a saída encontrada pelos ex-prefeitos é parcelar a dívida, na tentativa de postergar seu pagamento integral. Hoje a Prefeitura deve ao Instituto mais de R$ 600 mil. Uma ação de cobrança tramita na justiça de Itaiópolis para a quitação dos débitos.