Prefeitura se mantém irredutível nas negociações

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 18/06/2011 - 10h49

Sindicato diz que a greve vai seguir por prazo indeterminado. Prefeitura não apresentou nenhuma proposta de rejeição ou aceitação dos pleitos do Sindicato

Os primeiros reflexos da greve dos servidores públicos começam a serem sentidos pela população do município, já no terceiro dia de paralisação dos órgãos e repartições públicas. O efeito imediato, ou seja, as reações colaterais do movimento de greve, deflagrado pelo sindicato oficialmente no dia 06 de junho, mas, por questões de respeito ao decurso de prazo para inicio (72 horas após a decisão pela greve), a greve começou no último dia 10 e os principais órgãos afetados pela parada foram os da educação. Na terça-feira, 14, professores e as creches do município em maioria já haviam aderido ao movimento e suspendido a prestação de servidos. Houve transtornos e reclamações de pais de menores, que precisam dos Centros de Educação Infantil para poder trabalhar em empresas privadas como, por exemplo, frigorífico Tyson e Embraco. Outras classes de funcionários públicos também estão aderindo à greve. Alguns servidores vinculados à área de obras e da saúde devem iniciar a paralisação do trabalho, também com objetivo de reclamar a Prefeitura melhores salários e condições dignas de trabalho. A Gazeta de Itaiópolis procurou o presidente do Sindicato Semião Pedro Pereira, para obter novas informações sobre o andamento da greve no serviço público. Segundo o presidente, a greve vai seguir por prazo indeterminado. A expectativa do Sindicato é que a Prefeitura procure a entidade para ofertar proposta de reajuste salarial. Segundo Pereira, o Sindicato reivindica há mais de um ano aplicação do plano de cargos e salários, criação de lei de aposentadoria especial, cumprimento das normas regulamentadores de segurança no trabalho e revisão da insalubridade. As mesmas reivindicações foram apresentadas ao poder executivo no ano de 2011. No entanto, a Prefeitura não se manifestou em atender aos anseios dos servidores, que neste ano pedem também acréscimo de 15% ao salário, de imediato. “Tentamos exaurir todas as possibilidades sadias de reclamar a Prefeitura para atender as nossas necessidades, mas não se manifestaram. As poucas vezes que a Prefeitura se manifestou os comunicados vieram em direção aos professores apenas, como se as outras classes de trabalhadores não existissem”, disse o sindicalista. O presidente disse que não é possível quantificar o número de servidores que já aderiram ao movimento, pois isso é relativo e depende da iniciativa particular de cada funcionário. “Estamos sofrendo indiretamente a pressão do Executivo, que ameaça cortar os dias parados dos servidores; suspender gratificações e até demitir cargos temporários. Por outro lado, esse lobby não está surtindo muito efeito, pois o servidor está seguro e amparado pelo Sindicato e sabe o que deseja. A greve é legal”, explicou Pereira. Ainda, conforme o Sindicato é natural a revolta da população que depende dos serviços executados pelos funcionários públicos como no caso das creches. No entanto, é importante que essas pessoas, ou seja, os destinatários dos serviços compreendam o espírito do movimento paredista e se unam a ele. Só assim a greve ganha força e acelera a iniciativa do poder Executivo em negociar com o Sindicato. “O Sindicato está aberto às negociações, mas elas têm de partir da Prefeitura. Se tem alguém que deve ser responsabilizado pela greve é o poder Executivo e não o Sindicato e os servidores. Afinal, tentamos de todas as maneiras a negociação sem paralisar. Como isso não aconteceu, a greve é a última instancia de pressão”, finaliza o presidente do Sindicato.

 

Novas manifestações

O movimento grevista no município, à medida que ganha força, vai buscando apoio da população do município, que é a maior interessada nos serviços públicos. Na quarta, 15 de junho, o movimento reuniu pais e professores no salão do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaiópolis. O objetivo foi de mostrar a realidade vivida pelos docentes, principalmente no que diz respeito a salário. Já na quinta-feira, 16, os funcionários da Prefeitura que aderiram à greve, principalmente do setor de obras e da educação, se reuniram de manhã na Avenida Getúlio Vargas, em frente ao prédio da Prefeitura. O objetivo da manifestação foi dar mais publicidade ao movimento e mostrar a realidade enfrentada pelos servidores no dia-a-dia. Na oportunidade, os funcionários entoaram o hino de Itaiópolis e o Nacional. Bandeiras do Brasil, de Santa Catarina e de Itaiópolis foram hasteadas em frente da Prefeitura. Vários servidores utilizaram o carro de som para fazer discursos e sensibilizar a população. Cada um contou a sua situação, abordando o salário que ganha, as condições de trabalho e a falta de valorização profissional. Os servidores também promoveram um “apitaço” em frente ao Paço. A Prefeitura ainda não procurou o Sindicato, para tentar algum tipo de acordo. A greve no serviço público do município segue por prazo indeterminado.

 

“Nós, infelizmente, nesse momento não temos como dar aumento nenhum”, disse o prefeito Helio Wendt.

O prefeito Helio Wendt (PMDB) comentou na entrevista que não adianta demitir funcionários contratados em cargos comissionados, pois essa medida não vai resolver a defasagem salarial dos mais de 700 servidores públicos municipais.

No inicio da tarde de quarta-feira, 15, o prefeito de Itaiópolis Helio Wendt (PMDB) concedeu entrevista exclusiva a rádio Aliança FM. A entrevista foi cedida via telefone ao repórter Alexandre Lisboa. De acordo com a entrevista, o prefeito estava em Brasília – DF. Segundo Wendt, no inicio do seu mandato no ano de 2009, houve reajuste de mais de 11% aos servidores públicos. Helio explicou sobre o limite imposto pela legislação com gasto de pessoal, através da folha de pagamento. Segundo o prefeito, Itaiópolis está no limite prudencial com despesa de pessoal, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso quer dizer que a Prefeitura está impedida de conceder aumento salarial aos funcionários. O prefeito confirmou na entrevista que o Sindicato dos Servidores Públicos já havia feito várias reivindicações de reposição salarial para todos os servidores públicos. “Nós, infelizmente, nesse momento não temos como dar aumento nenhum”, disse o prefeito Helio Wendt. O prefeito enfatizou que o Executivo não pode impedir os funcionários de aderirem à greve. Wendt comentou a respeito da responsabilidade e da transparência do seu governo. Relembrou também que sua gestão herdou dívida de mais de R$ 3 milhões do governo “Ivo e Rose” e que em sua administração já saldou quase R$ 2 milhões da referida dívida. “Isso são coisas que estão travando a administração”, disse Helio. O prefeito comentou que não adianta demitir funcionários contratados em cargos comissionados, pois essa medida não vai resolver a defasagem salarial dos mais de 700 servidores públicos municipais. A solução, segundo o prefeito, é encontrar novas alternativas para aumentar a receita dos cofres públicos. Wendt destacou que empresas como o frigorifico Tyson e a Embraco estão sofrendo com a greve do serviço público municipal. A maior preocupação do prefeito é retomar de imediato o serviço das creches. Com relação aos servidores que estão aderindo à greve, no que diz respeito ao desconto dos dias de paralisação, o prefeito Helio disse que vai cumprir as leis.

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01 comentário publicado
  1. Sil

    Parabéns aos Professores! Mas também está na hora de todos os servidores se unirem e exigir um plano de carreira tambem ! Vamos paralizar todos os setores internos da Prefeitura também !

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