
A previsão é unânime entre os meteorologistas: deve faltar água no Sul do paÃs neste verão. O La Niña, fenômeno que diminui a temperatura das águas do PacÃfico Equatorial e altera o regime de chuvas em todo o mundo, está ativo desde maio e, conforme a projeção mais recente atingirá seu ápice na virada do ano, justamente quando as lavouras de soja e milho da região estarão passando pela fase mais crÃtica do seu desenvolvimento. De acordo com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), há 45% de probabilidade que as chuvas ocorram abaixo da média nos três estados do Sul até dezembro.
No campo, o La Niña é sinônimo de quebra de safra, pois as chuvas tendem a ficar abaixo da média e mal distribuÃdas no tempo e no espaço. A possibilidade de veranicos não pode ser descartada. Entretanto, os eventos de estiagem mais fortes ocorridos nos últimos anos não estavam relacionados com o fenômeno. A seca que tirou dos produtores paranaenses R$ 2,6 bilhões, há dois anos, ocorreu em um ano de normalidade climática (sem El Niño nem La Niña). Já na temporada anterior (2007/08), de La NiÑa, o clima foi excelente e os produtores sulistas tiveram a sua maior safra de verão da história até então. Entre soja e milho, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul colheram quase 40 milhões de toneladas de grãos de verão.
Manejo e tecnologia contra o La Niña
Mesmo cientes da ameaça que o La Niña representa para a produção de grãos nesta safra, os agricultores do Sul brasileiro decidiram não recuar. Mantiveram investimentos em tecnologia de produção, estão aproveitando cada chuva para o plantio e demonstram confiança nas estratégias de redução do risco climático. A região mais suscetÃvel do paÃs à falta de chuva neste verão está concretizando suas apostas – com a soja tomando área do milho pelo segundo ano consecutivo – e espera alcançar Ãndices de produtividade próximos dos registrados no ano passado nas duas culturas.
Com sementes mais resistentes à seca e maior conhecimento sobre técnicas e época de plantio, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul mostram-se mais preparados do que nunca para enfrentar o clima desfavorável à agricultura. Agricultores e especialistas afirmam que, se realmente houver seca, a produtividade deve ficar abaixo dos recordes dos últimos anos, mas dizem que o potencial é de superação.
O plantio do milho está chegando ao final perto de duas semanas mais tarde do que em 2009 em toda a região. A soja tem quadro inverso. As plantadeiras recuperaram o tempo perdido no Paraná e já percorreram perto de metade da área reservada à cultura. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a semeadura da oleaginosa, concentrada em novembro, segue perto dos 10%. Em ambas as culturas, o zoneamento climático vem sendo cumprido, apesar de nem sempre o produtor conseguir semear na melhor época da janela de plantio.
