A Gazeta de Itaiópolis acompanhou o fluxo da safra, entrevistando os responsáveis pelo recebimento dos grãos nas cerealistas, engenheiro agrônomo e agricultores. Saiba tudo a seguir, sobre as tendências de mercado, o preço de comercialização e os dados da produção de soja no município

“Faz 25 anos que estou trabalhando aqui em Itaiópolis e nunca tinha visto uma colheita de soja tão boa e promissora quanto à deste ano aqui no município”. Estas são as palavras do engenheiro agrônomo da Prefeitura Nilton Pistoni, que está surpreso com a produção de soja na safra 2010-1 no município. Assim como outros municípios, Itaiópolis vem despontando na produção de grãos e a colheita de soja promete bater recorde pelo menos das duas últimas décadas. O clima está colaborando para a colheita e os pátios das cerealistas estão congestionados de caminhões carregados de soja. Mesmo com uma super produção no município e no país o preço está pra lá de satisfatório. Hoje a saca está sendo comercializada entre 43 a 45 reais e os índices de produção são realmente surpreendentes. De acordo com Pistoni, até então o produtor de soja trabalhava na expectativa de sobrar – de lucro – 10 sacas por hectare, tendo em vista uma produção de até 45 sacas por hectare.

Hoje a produção está atingindo a marca de 70 sacas por hectare, em algumas lavouras e isso significa reflexos positivos de até 30 sacas por hectare. Isso é muito bom, segundo Nilton. No município de Itaiópolis a área plantada de soja é de 15 mil hectares. O preço da saca para comercialização é relativo à época de fechamento do contrato. Os valores variam de R$ 33,00 para contratos efetuados antes do plantio e chegam a R$ 50,00 a saca para contratos futuros ou aqueles efetuados em alguns períodos do decurso da safra. De acordo com o agrônomo Pistoni, mesmo com o ótimo rendimento da produção e com bons preços atuais “não podemos esquecer que a agricultura vem de um passado, que deixou os agricultores descapitalizados, portanto isso não significa que os agricultores terão bons lucros, pois o dinheiro da safra servirá para cobrir parte das dividas anteriores”.

No que diz respeito às perspectivas futuras de preço da soja, o engenheiro acredita que o preço deverá permanecer nestes patamares em que está atualmente, variando conforme a flutuação do dólar frente ao real. “As tendências para a próxima safra são animadoras, pois segundo relatórios nacionais e internacionais, a falta de soja no mundo todo ainda é bastante significativa, isto torna o produto atrativo na hora de planejar a próxima safra”, explica Pistoni. Por outro lado, o agrônomo deixa um alerta aos produtores, dizendo que várias variedades foram lançadas recentemente no mercado, que estão apresentando bons resultados em termos de produtividade e qualidade dos grãos, mas é prudente que o agricultor se informe antes de escolher o material para o plantio da próxima safra.

As informações podem ser obtidas com um técnico de confiança ou também junto a outros produtores. Segundo estimativas do IBGE o município de Itaiópolis atualmente está produzindo 48.300 toneladas com rendimento médio de 3.220 Kg – ha. Ainda, segundo Pistoni, cerca de 60% do total da área plantada de soja no município já foi colhida. E com tantas colheitas e boa rentabilidade nos grãos, o resultado não poderia ser outro. Um verdadeiro sufoco para as cerealistas e congestionamento com longas filas de caminhões nos principais portos da região – São Francisco do Sul (SC) e Paranaguá (PR). Segundo informações, a diária de um caminhão que aguarda descarga no porto tem chegado a R$ 300,00 e o tempo médio de espera é de cinco dias. Segundo Marcos Paulo Ciuczeski, classificador de grãos da Coperio de Itaiópolis, que atua no silo da unidade Lucena, a colheita da safra iniciou com intensidade no dia 10 de março.

Para se ter uma idéia da quantidade de produção em Itaiópolis, de soja, a Coperio suspendeu o recebimento do milho, dando preferência à soja. Na Coperio de Itaiópolis entram por dia pelo menos 400 toneladas, principalmente no fluxo das duas últimas semanas. A estimativa da Coperio é o recebimento de 120 mil sacas até o final da safra, haja vista que ainda tem cerca de 600 hectares de soja para ser colhida após as culturas do trigo e da cevada. Isso, apenas de agricultores fiéis a Cooperativa, fora as demais lavouras de soja que ainda serão colhidas. A previsão é que a safra de soja encerre no final do mês de maio. Segundo Marcos Paulo, em média os produtores com contratos na Coperio estão produzindo de 60 a 80 sacas por hectare. “O ano passado a produção chegou a no máximo 50 sacas por hectare. Um dos fatores da super safra na região é a migração da cultura do milho para a soja e a contribuição favorável do clima em todo o processo de produção da soja”, acredita Marcos. Os contratos iniciais da Coperio partiram de R$ 38,00 a saca, mas os futuros chegam a R$ 50, 00 a saca. 90% da produção de soja recebida pela Coperio de Itaiópolis são transgênicas e isso é reflexo dos baixos custos de produção, em comparação a soja convencional. Conforme o classificador de grãos, a Coperio está recebendo a soja dentro dos padrões toleráveis de umidade e teve caso em que a produção ficou abaixo do limite que é de 14%. A Coperio de Itaiópolis está recebendo em média de 30 a 40 caminhões para descarga diária. São 12 filiais por todo o planalto norte da Cooperativa Rio do Peixe. A matriz da empresa é em Joaçaba (SC).

A situação da Big Safra filial de Itaiópolis não é muito diferente. São duas unidades no município. A do bairro Lucena funciona como transbordo dos grãos, que são recambiados para o bairro Bom Jesus ou para o município de Papanduva, no caso do milho. Todas as filiais da empresa operam interligadas. São 13 unidades de recebimento e beneficiamento em funcionamento no Planalto Norte Catarinense e Sul do Paraná. As principais estão em Paula Frontim (PR), Mafra (SC) e Papanduva (SC). Segundo Edinei Kuchller, técnico agrícola da Big Safra Itaiópolis, o movimento diário da empresa para o recebimento da safra de soja gira entre 80 a 100 caminhões. São 900 toneladas de grãos de soja recebidas por dia, somente pela Big Safra Itaiópolis. A capacidade de armazenamento da empresa em Itaiópolis é de 100 mil sacas, por isso a necessidade de recambio para outras unidades. A empresa tem contrato de produção de 8 mil hectares de soja e mais 5 mil de milho. Os preços dos contratos por saca iniciaram em R$ 40,00, mas hoje chegam a R$ 51,18, segundo Edinei.

O tempo de espera para descarga no transbordo Lucena é de 8 a 10 minutos, mas na última quarta-feira, o tempo foi de uma hora para caminhões que chegavam ao final da fila de descarga. Isso se dá pela lentidão e congestão nos principais portos da região. Para se ter uma idéia, a Big Safra Itaiópolis aumentou em R$ 10,00 a tonelada de soja para caminhões freteiros com destino ao Porto de Paranaguá e mesmo assim não está conseguindo caminhões para o frete. Conforme Edinei, houve um aumento de 30% de potencial produtivo no município se comparado a safra do ano passado. “A soja vai continuar sendo o carro-chefe da agricultura na região. Para a próxima safra tudo vai depender dos insumos, do fechamento da produção desta safra e também do clima”, avalia Kuchller.

A Gazeta de Itaiópolis também ouviu um produtor de soja do município, que preferiu não se identificar. Disse o agricultor que está animado com os resultados da safra 2010-11. Ele plantou 240 hectares de soja, fora a cultura do milho. Do total, pelo menos 60% da área plantada já foi colhida. De 108 hectares colhidos, a produção atingiu de média 57 sacas por hectare, segundo o produtor. Quanto ao preço da saca para esse ano está bom e a produção satisfatória, conforme o agricultor. O medo dos produtores de soja, que depois desse resultado positivo, haja reajuste nos preços dos insumos para o plantio da safra 2011-12.