Uma sociedade medieval

Publicado por Geancarlo Stein - 01/04/2014 - 10h08

Dois fatos marcaram a semana por revelarem o grau de virulência social da qual é acometida a sociedade brasileira. Que o brasileiro médio é um estúpido não deveria ser novidade para ninguém. Mas aí é que entra o mérito da estupidez: ela consegue nos surpreender mesmo quando é recorrente. A defesa de meia dúzia de maconheiros por alguns estudantes da UFSC e o estudo do IPEA sobre o retrato da violência contra a mulher são apenas lamentáveis provas materiais dessa vexatória condição. O “Homer Simpson”, que é o expectador padrão do Jornal nacional, é quem dá as cartas. O país saqueado cinicamente por ladrões oficiais, que roubam metade de uma petrolífera em três anos, onde são gastos e desviados bilhões de reais em estádios para promover um evento privado, é o mesmo onde grávidas urram de dor em portas de hospitais e não são atendidas. Onde crianças são jogadas literalmente no esgoto (que essa mesma sociedade produz às proporções e não saneia) e não têm o direito nem à escola e nem à infância, tal o grau de agressões psicológicas e físicas a que são subjugadas, não uma ou duas vezes, mas DIARIAMENTE! Mas nada disso causa indignação suficiente para mudar as coisas! Somos parte de uma sociedade letárgica, formada por pessoas com poder aquisitivo, mas sem capacidade cognitiva. Ou se a tem, ao que parece não se importa. Alguns agora falam em retorno dos militares! É a preguiça do Macunaíma, essa praga genética impregnada no DNA tupiniquim, de procurar a solução mais fácil, de preferência realizada por outros. E assim continuamos, passando procuração para terceiros defenderem nossos interesses. Seria engraçado, se não fosse trágico! Tomar as rédeas, fortalecendo instituições, como a Polícia federal (só para ficar no exemplo mais recente) e dando condições de aplicar com mão de ferro as punições oriundas de tribunais legítimos seria parte da solução. Mas dá muito medo de colocar nas mãos dessa sociedade qualquer grau de decisão sobre os demais, uma vez que pensa como mostra o IPEA (veja nota específica mais abaixo). Estamos num difícil labirinto, em meio a uma escuridão filosófica, onde os valores parecem ter ficado do lado de fora. Não existem messias. Esqueça-se o pensamento mágico. A solução, se não tardia, é a organização social a partir de alicerces firmados sobre a razão, a ética e o bem comum. Sem tergiversar, sem concessões, sem hipocrisia!

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