Ando pelas ruas de minha cidade com o olhar atento. Procuro por crianças jogando bola, correndo umas atrás das outras com os cabelos ao vento e suor escorrendo no rosto. Procuro por semblantes risonhos, despreocupados com as preocupações dos adultos, procuro por simplicidade. Procuro ainda por choros gerados por joelhos esfolados, por frustração que outra não seja, além do fato de bonecas e carrinhos quebrados.
Não encontro. Elas estão dentro de casa. Não é a oportunidade do convÃvio familiar que as torna cativas de paredes. O que as prende são o computador, a televisão e vÃdeos games…
Procuro por mães e pais ocupados com seus filhos. Encontro-os ocupados com as mesmas coisas com as quais seus filhos estão, mas longe deles.
Procuro por infância de outros tempos. Procuro por pais como os de outros tempos.
Não encontro o passado que trago dentro de mim. O presente está diferente, parece-me futuro.
Eu me procuro e não me encontro em lugar algum. Não, não estou perdida. Estou apenas só, porque ninguém tem tempo para brincar.
Linda composição… Você se procura e não se encontra em lugar algum, você muitas vezes não se encontra nem em voce mesma, isto é normal, mas tenho a certeza que voce se encontra com o amor humano, a dignidade social e aquela felicidade, que se não contÃnua, aquela felicidade que nos polvilha o existir… Ler seu texto me fez repensar o presente, tenho filhos, e viver é necessário, mas viver com dignidade é a meta…. PARABENS…
Obrigada, Arlindo. Você tem razão, eu me encontro no amor pelos seres humanos. Por isso mesmo, muito me preocupa a infância de hoje. Nada de querer voltar ao passado, seria tolo, mas sim, trazer dele alguns valores, como a convivência entre pais e filhos. É tão fácil deixar nossas crianças em frente a um computador; elas não nos dão trabalho… Mas, o que estão aprendendo sobre relacionamentos? Os virtuais? E os reais, que são a base de tudo em nossas vidas, onde elas vão aprender? Grata e um abraço.
Sempre, Arlindo. Essa é a meta: a dignidade. Obrigada!