Ouvi muitos comentários sobre o assunto abordado pelo Alexandre Garcia, no “Bom dia Brasil”, jornal da
manhã da Rede Globo, sobre o fato de as redes sociais estarem a serviço de
driblar a Lei Seca. Segundo essas pessoas, o famoso jornalista teria refletido
sobre o uso do twitter para informar os conectados sobre os pontos de “blitz”,
oportunizando aos motoristas que ingeriram álcool, utilizar-se de outra rota e
assim, fugirem da polícia.

Isso pode ser chamado de
solidariedade, assim como aquelas “piscadas” de luzes que nos alertam para
diminuir a velocidade em determinados lugares, pois há policiais de trânsito
por perto.

Agora pergunto: é
solidariedade no sentido verdadeiro, ou seja, ajudar, colaborar com alguém ou
com um grupo para o bem de todos? Minha resposta pessoal é NÃO.

Explico: fazemos parte de um
corpo social e nele somos atores sociais, o que significa que atuamos na
sociedade em que estamos inseridos. Ao participarmos ativamente dela, teremos
resultados, certamente. Assim sendo, ao usar o twitter ou mensagens para alertar
sobre fiscalizações que visam punir motoristas que ingeriram álcool, estamos
colaborando para que acidentes aconteçam; para que pessoas morram vítimas de
outras que são inconsequentes, que têm a pretensão de dizerem-se aptos a
dirigir, pois “beberam só um pouquinho”… Com o alerta, muda-se o caminho a
seguir, mas também se muda o lugar da tragédia.

O mesmo ocorre com os acidentes causados
por imprudências outras. Quando os motoristas são alertados para, naquele
ponto, diminuírem a velocidade e não ultrapassarem em lugares proibidos escapam
da multa, mas, vão causar graves acidentes em outros pontos. Quem dirige com
responsabilidade não precisa desse tipo de solidariedade.

Temos que decidir. Se
quisermos realmente um país melhor, precisamos começar a mudá-lo através de
nossas próprias atitudes. A mencionada lei (Lei Seca) pune quem dirige após
ingestão de bebidas que contenham álcool. É inegável o número de acidentes
graves e com mortes, causados por motoristas nestas condições. Isto posto, é no
mínimo estranho o que relatou o Alexandre Garcia. Afinal, querer o bem do
próximo não se justifica dessa forma; ou justifica-se, dizendo que o dinheiro
vai para a polícia, ou para o governo, e que a lei é severa demais.

Severa demais? Estão
incomodados por não poderem dirigir em “plenas condições”, mesmo depois de
beberem?

Pois vou lhes dizer o que é
severo demais. Severa demais é a dor dos que perdem filhos, maridos, parentes,
amigos, em acidentes estúpidos, causados por quem estupidamente se acha capaz
de controlar um carro, quando na verdade não está. Severa demais é a imagem de
uma mãe alisando os cabelos de seu filho morto, falando como que sozinha, mas
na verdade com aquele que era a continuidade de sua carne, sobre os tantos
sonhos que ele tinha. Severo demais, minha gente, é tolher os sonhos de pessoas
em qualquer faixa etária que saíram de casa e, na porta, se voltaram para um
tchau, com um sorriso no rosto… Última imagem que deixaram para os que os
amavam. Severo demais, estúpido demais, é acabar com seus próprios sonhos,
destruir sua própria família.

Se você não avisar, alguém
vai fazê-lo? Pelo menos não é você! Você fez a sua parte e… Eu estou fazendo
a minha. Isso é o que vale. E, essa é a solidariedade que eu entendo como a
verdadeira, a que faz o bem.