A história de Mafra: Revolução Federalista (2ª parte: “A Ocupação Maragata”)

Publicado por Gazeta de Riomafra - 21/06/2012 - 22h00

Por Fábio Reimão de Mello (Professor e historiador)

O rugir dos canhões de Pica-Paus e Maragatos, cujos projéteis riscaram o céu sobre a Vila de Rio Negro na manhã de 20 de novembro de 1893, anunciou aos nossos antepassados a chegada da Revolução Federalista e o início de uma seqüência de acontecimentos que delineariam o futuro não só de Riomafra, como da própria revolução.

… Na noite daquele mesmo dia, a tropa do Exército comandada pelo General Argollo, foi reforçada por 80 soldados de cavalaria do Corpo Patriótico da Guarda Nacional da Lapa e na madrugada do dia 21, por outros 600 infantes, sob o comando do Coronel Joaquim Lacerda.

Apesar do aumento do efetivo militar Pica-Pau, que demonstrava vantagem para o combate, o silêncio das primeiras horas daquele dia foi quebrado pelos canhões federalistas, que passaram a troar violentamente. Ação que revelou-se como distração ao avanço de um piquete Maragato contra a retaguarda da tropa florianista, repelido pelas forças lapeanas que, encontraram dinamite em animais capturados, material no mínimo curioso a ser transportado em um confronto daquele tipo.

A presença dos explosivos e a ocorrência do ataque foi compreendida na noite daquele dia, quando informações indicavam a destruição da ponte do rio da Várzea, no caminho entre a Lapa e Rio Negro. Além disso, a falta de alimentos e notícias de avanço de tropas federalistas por outros itinerários, tornavam preocupante a situação do Exército, a interrupção da comunicação com a Lapa impedia o recebimento de novos reforços ou suprimentos, tudo sugeria que os federalistas estariam preparando-se para realizar um cerco a tropa legalista.

Diante de iminente ameaça, Riomafra  tinha deixado de representar o ponto ideal para impedir o avanço gaúcho e se revestido de potencial para ser cenário de um verdadeiro massacre Pica-Pau. Assim, Argollo decidiu mais uma vez recuar, desta vez até a Lapa, onde poderiam se preparar para o embate.

Porém, o sucesso do recuo estava ligado diretamente a rapidez com que o mesmo deveria acontecer, antes de que os Maragatos estivessem em condições de atacar. Assim, na manhã do dia 22, enviou-se ao mesmo tempo, um grupo para o lado esquerdo do rio (lado mafrense) a fim de verificar a situação e localização dos federalistas e uma força, orientada pelo engenheiro Hercílio Luz, até o rio da Várzea para realizar a recuperar da ponte.

Mesmo sem encontrar o acampamento dos federalistas, o que reforçava a idéia da adoção de nova tática e, com a ponte ainda em recuperação, sob a escuridão da noite daquele mesmo dia, o General Argolo partiu às 04h rumo da Lapa, destruindo a balsa e outras pequenas embarcações utilizadas na transposição do rio Negro.

Mal alimentados, sob a constante ameaça de uma perseguição federalista, o estado psicológico daqueles homens chegaram ao rio da Várzea às 10:00h, depois de percorrer 18 km, acompanhados por famílias que fugiam de Riomafra e acabaram por encontrar a ponte ainda sem condições de trânsito, revelava a aflição daquele contexto, que pode ser mensurado pelo suicídio do tenente Fidêncio Xavier, oficial da batalhão Patriótico da Lapa, em meio a tropa.

Horas depois, com a restauração da ponte, a tropa legalista seguiu seu caminho, deixando o território Riomafrense e rumando em direção à Lapa, onde mais tarde viveria os heróicos e trágicos episódios do cerco da Lapa.

Ao mesmo tempo em que os Pica-Paus seguiam rumo à Lapa, a força Maragata do General Piragibe recebia, em território mafrense, o reforço de cerca de 300 soldados comandados por José Serafim de Castilhos, o “Juca Tigre”, que juntos, a 24 de novembro, marchou sobre a Vila de Rio Negro, encontrando uma população totalmente desprotegida e temerosa das conseqüências daquela ocupação.

OS: Sepultado à beira da estrada após seu suicídio, o túmulo do tenente Fidêncio Xavier é visível àqueles que atualmente transitam pela velha estrada da Lapa.

Confluência Ruas

Margem 1891

Vista parcial 1900

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2 comentários publicados
  1. gerson oliniski

    alguém tem alguma foto antigas do local onde atravessava de mafra rionegro ou foto por onde as tropa gaúchas seguiran sentido lapa pra me arrumar pois to fazendo um pequeno trabalho sobre essa revolução do cerco da lapa e sei que existem fotos antigas que posssan estar nas mãos de familiares que poderia enriquecer mais a historia do cerco da lapa e a trajetória por onde passou os gaúchos ate a lapa e talvez com pouco de ajuda e sorte eu achar os local de acampamentos dos soldados gaúchos da época de 1894 por isso que poder ajudar ficarei agradecido de coração um abraço a todos

  2. Kamila Paker Lins

    Legal!

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