Com seu aterro embargado desde o dia 13 de dezembro de 2014, a Prefeitura de São Bento do Sul por meio da Transresíduos, empresa que realiza a coleta de lixo na cidade, deverá destinar os seus resíduos para o aterro de Mafra. O acordo deve ser selado nos próximos dias, e a partir da segunda semana de fevereiro o lixo de São Bento do Sul deve começar a ser aterrado em Mafra.

A decisão foi tomada após a Transresíduos ter sido informado de que não poderia mais utilizar o aterro de Rio Negrinho, “nós não poderemos mais utilizar o aterro de Rio Negrinho, fomos informados que o aterro deles tem vida útil, com isso só poderemos enviar nosso lixo até a metade do mês de fevereiro, no máximo até o dia 15, após essa data o destino vai ser Mafra no aterro da empresa Serrana/Seluma” – disse. Segundo Peter, serão enviadas em média 40 toneladas por dia para Mafra, o que no montante daria em torno de 1.200, a 1.300 toneladas por mês.

Peter explica que um juiz autorizou a Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto) e a Prefeitura Municipal a realizar o transbordo do lixo coletado em Mafra. O representante da Samae de São Bento, explicou que uma estação de transbordo está sendo construída para facilitar o transbordo, “nós estamos construindo uma estação de transbordo para se fazer esse transbordo em massa, então os caminhões pequenos que realizam a coleta do lixo na região geográfica de São Bento vão levar esse lixo até o aterro, despejaram dentro de um container maior que levara esse lixo para Mafra de uma vez só, em média serão transportadas 1200/1300 toneladas por mês” – explicou.

Questionado se a empresa Serrana poderia usar o aterro sem comunicar a Prefeitura, visto tratar-se de uma nova concessão? Peter diz não saber sobre essas questões, “olha o que eu sei é que a Serrana tem uma concessão para aterro sanitário, agora se ela avisou ou tem que avisar o município, isso eu não vou poder te responder” – disse.  A reportagem da Gazeta procurou a empresa Serrana/Seluma, responsável pelo aterro de Mafra, porém fomos informados que gerente responsável de Mafra pelo setor estava no município de Santa Terezinha.

A população de Mafra que reluta com a vinda de lixo de outros municípios, agora terá que amargar mais o lixo do vizinho município de São Bento.

Entenda melhor a questão do embargo do aterro de São Bento do Sul

No dia 13 de dezembro de 2013, o MP de São Bento entrou com um pedido de embargo paralisando o depósito de lixo no local, a principal justificativa do MP seria que o aterro recém-inaugurado trazia risco de contaminação e possíveis prejuízos à fauna da região.

Visando resolver o problema a Samae iniciou as obras para readequar o local: “nós estamos fazendo o tratamento de três lagoas de chorume, todo o chorume escorre para essas lagoas, na primeira é feito a recepção do chorume, onde é feito o tratamento de decantação no fundo, dai passa para uma segunda lagoa onde é feito outro tratamento, na terceira lagoa é feito a maturação do chorume que após esse processo é lançado para o rio novamente, apesar de ter 97% de eficiência e estar dentro dos parâmetros exigidos pelos órgãos ambientais, a gente está instalando uma estação de tratamento que foi licitada no mesmo dia que foi embargado o aterro no dia 13 de dezembro, o valor é 110 mil reais” – disse.

Segundo Peter o chorume que escorre de tanto do lixão como do aterro será destinado para a estação de tratamento “o chorume vai sair tanto do aterro quando do lixão vai para essa estação de tratamento e ali sendo usado produtos químicos para a melhoria da qualidade desse chorume e após isto, o chorume vai ser jogado nessas três lagoas, com isso iremos aumentar ainda mais a eficiência na limpeza desse chorume, agente espera que essa água saia quase que cristalina no final, a gente até brinca que talvez seja possível criar peixe na ultima lagoa tamanha a eficiência desse processo” – enalteceu.

Fora essa estação de tratamento, Peter informou está sendo realizada também a troca do gel de uma membrana em uma das lagoas “essa manutenção era algo previsto, já desde o ano passado, então tanto essa manutenção com a instalação dessa estação de tratamento, além disso, está sendo feito o estudo geofísico que gera uma maquete 3D onde a gente pode detectar onde passa o chorume e tudo mais. Agente está fazendo tudo isso para mostrar que o aterro atual não tem nenhum tipo de contaminação para poder então liberar esse aterro e assim poder depositar esse resíduo na cidade, a ideia é desinterditar e mostrar tecnicamente as melhorias que estamos fazendo.” – disse.

Sobre o tempo para entrega da obra Peter explica que não existe uma previsão, mas que as obras estão sendo realizadas e devem ser entregues o mais rápido possível: “estamos tentando resolver esse problema o quanto antes porque para o município é muito oneroso fazer esse transporte de resíduos, na semana passada engenheiros visitaram o aterro, nós estamos tentando comprovar tecnicamente que o aterro não oferece risco o meio ambiente” – finalizou

Rio Negrinho não aceitou o lixo de São Bento

Após a justiça interditar o aterro de São Bento, houve um contrato temporário entre os dois municípios em que durante 30 dias, o lixo de São Bento seria depositado em Rio Negrinho.

Porém os vereadores de Rio Negrinho questionaram a vinda do lixo para lá, alegando que o mesmo estava sendo depositado no aterro industrial e não no aterro sanitário, que seria o local adequado. Eles entenderam que não era o local adequado, pois não se pode misturar o lixo comum com o industrial, pois o grau de contaminação é bem maior. Devido a tais circunstâncias o município de São Bento tentou enviar o lixo para Mafra e conseguiu.