Equipe com pesquisadores da UnC de Mafra apresentou nova espécie fóssil de réptil encontrada

Publicado por Gazeta de Riomafra - 21/08/2014 - 20h59

A equipe de Paleontologia da UnC de Mafra, juntamente com pesquisadores reconhecidos a nível nacional e internacional apresentaram na manhã do último dia 14 em entrevista coletiva à representantes da imprensa de todo o país, uma nova espécie fóssil de réptil voador, um pterossauro encontrado no município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do Paraná.

Trata-se de uma raridade, já que foi encontrado numa região desértica, ocorrências como esta no Brasil, até então eram registradas na Chapada do Araripe, nordeste brasileiro.

Os fósseis apresentados em Mafra foram descobertos em 1971 por dois homens do campo, Alexandre Gustavo Dobruski e seu filho João Gustavo Dobruski, ao escavarem valetas para escoamento das águas em uma estrada rural. Em 1975, sabedores de que se tratavam de fósseis, e percebendo sua importância para a ciência, enviaram amostras para análise. Somente em 2011, com os trabalhos de pesquisa para a elaboração do livro Museu & Fósseis da região Sul do Brasil, esse material foi redescoberto em Ponta Grossa PR, e identificado como pteurossauro pelo pesquisador Paulo César Manzig, a partir daí, desenrolou-se uma das mais belas histórias da paleontologia brasileira.

Os pesquisadores do Cenpaleo – UnC, Paulo César Manzig e Luiz Carlos Weinschüts, autores do livro Museus e Fósseis da Região Sul do Brasil, iniciaram os preparativos para a pesquisa já em 2011, com a descrição dos perfil estratigráfico do local do sítio fossilífero.

A Universidade do Contestado respondeu prontamente a essa nova situação, realizando convênios com a Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Oeste e Museu Nacional – UFRJ no Rio de Janeiro para o imediato desenvolvimento da pesquisa, assumindo a coordenação da mesma através do seu centro paleontológico, e em julho de 2012 após elaboração de um plano de ação iniciaram-se as escavações.

No total, mais de cinco toneladas de blocos de rochas foram coletados, em 4 campanhas de campo com duração média de 10 dias cada. Os fósseis ocorrem no leito de uma antiga estrada do interior da cidade de Cruzeiro do Oeste, e nos barrancos laterais a esta, em uma área de aproximadamente 400 m², onde apenas 20 m² foram até então escavados. Os fósseis estão inseridos em camadas de arenito com aproximadamente 1,5m de espessura, que representa parte de um antigo deserto que cobria boa parte da região sul e sudeste entre 87 a 75 milhões de anos, num período denominado Cretáceo.

Para o pesquisador e coordenador destas pesquisas, o geólogo Dr. Luiz Carlos Weinschütz, “estes animais habitavam raras regiões úmidas entre dunas, como oásis, onde viviam e morriam no seu entorno. Esporadicamente chuvas tempestuosas assolavam o local e carreavam ossos e sedimentos para o fundo destes lagos de forma caótica, contribuindo para a desarticulação dos esqueletos, o que torna o trabalho de coleta e identificação um imenso quebra-cabeça”.

Durante a coletiva de imprensa realizada nesta na UnC de Mafra, os especialistas em fósseis ressaltaram a importância e excepcional qualidade e quantidade de fósseis encontrados, que apontam para a existência de uma comunidade de pterossauros, fato até então nunca antes claramente denotado em outro sítio fossilífero do planeta. Os estudos foram baseados em ossos pertencentes a aproximadamente 50 indivíduos, que representam desde animais juvenis até adultos, num raro caso de evidenciação ontogenética da espécie (fases de crescimento).

Segundo o pesquisador Dr. Alexandre Kellner do Museu Nacional, o tamanho desta nova espécie de réptil voador variava de 0,65 a 2,35 metros de envergadura alar, tinham hábitos gregários, eram desprovidos de dentes e possuíam um bico voltado para baixo com cristas, tanto na arcada superior como inferior, típico do grupo Tapejaridae, e possivelmente eram frugívoros.

Fotos: Divulgação

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