
O não recebimento de salários e de auxÃlio-alimentação levaram funcionários a se reunirem na tarde de ontem com o sindicato da categoria e sua advogada, mais o diretor presidente do IMP – Instituto Primeiro de Maio.
Cerca de 40 funcionários do Hospital Bom Jesus participaram da reunião com o secretário de Formação Sindical Ciro José Batista Silva (Sindicato dos empregados em estabelecimentos de serviços de saúde de Curitiba e região); a advogada Daniele F. de Lima e o diretor presidente do Instituto Primeiro de Maio, João Luiz Slusarczuk, fazendo-se presente também, embora com a reprovação dos trabalhadores, o administrador hospitalar Marlon Witt.
Ciro Silva salientou que somente na última quarta-feira foi informado oficialmente dos problemas enfrentados pelos funcionários do HBJ e oportunamente já agendou a reunião ocorrida ontem, nas dependências da Unidade de Saúde.
O representante do sindicato protocolou ofÃcio junto ao Hospital propondo prazo de três dias para que este informe a data em que serão pagos os valores devidos aos trabalhadores, afirmando que em caso contrário serão tomadas as medidas jurÃdicas cabÃveis e a realização de assembleia com os funcionários, para deliberar sobre a possibilidade de inÃcio de movimento ‘paredista’ (greve).
Ciro destacou aos mais de quarenta funcionários presentes que todo atraso no pagamento dos salários implica em multas, ressaltando que aqueles que por ventura tiverem tido problemas a seus nomes ingressos em instituições de crédito por não ter como saldar suas dÃvidas, também poderão receber indenização por danos morais.
A advogada do sindicato, Daniele de Lima, salientou a importância de os funcionários verificarem extratos para conferir se o FGTS vem sendo recolhido em dia pelo Hospital, solicitando a todos cópia das folhas de pagamento e destes extratos, assim como documentos que comprovem a inscrição em qualquer instituição de crédito ou o corte de luz e água advindos do não recebimento dos salários.
Outro assunto abordado durante a reunião com o sindicato e o instituto foi a não liberação de alguns funcionários para o horário de almoço, previsto em convenção ser de uma hora diária. “Se vocês estão permanecendo no hospital nesse perÃodo, já têm direito a essa uma hora extra diáriaâ€, enfatizou a advogada.
Os funcionários afirmaram que vêm ficando em segundo plano pela direção do Hospital, alegando que os profissionais médicos vêm recebendo seus numerários mensais e eles não. “Sem o nosso serviço também os médicos não poderiam trabalharâ€, destacou um funcionário.
Quando um dos funcionários relatou que até uma coleta de recursos para propiciar a aquisição de alimentos à famÃlia de funcionários que estavam sem comida, luz e água, o administrador do Hospital quis saber se o fato era verÃdico e inclusive pediu o nome do beneficiado pela bondade dos colegas de trabalho, sendo rapidamente informado pelo representante do sindicato que a reunião não era para tratar do assunto. “Quem tomou a atitude de ajudar e quem ajudou fez muito bem, já que o Hospital não está pagando, mas não é isso que estamos discutindoâ€.
Outro apontamento do administrador foi de que até a quarta-feira – ao contrário do que afirma o ofÃcio recebido do sindicato, “o salário referente ao mês de março ainda não estava atrasadoâ€. Novamente sua atenção foi chamada e a indagação partiu dos próprios funcionários. “Por acaso vamos receber hojeâ€? – “E o salário de fevereiro e auxÃlios-alimentação de janeiro até agora, não estão atrasados tambémâ€?
Unânime a colocação dos trabalhadores do Hospital Bom Jesus sobre estarem trabalhando mesmo com os salários atrasados. “Estamos aqui por causa dos pacientes, que não têm culpa de não recebermos, mas não estamos aqui porque a direção nos garantiu ou não o pagamentoâ€, discorreu uma das manifestantes.
Greve está praticamente garantida
Como o Hospital ainda não definiu quando e como irá pagar o salário e vale-alimentação dos funcionários, estes optaram por agendar para a próxima quinta-feira (11), Assembleia Geral para decidir pela paralisação ou não das atividades. “Queremos garantir nossos direitos e também chamar à responsabilidade o Ministério Público e o Executivo Municipalâ€, realçou uma das ‘colaboradoras’ do nosocômio. “Somente fazendo a população sentir na pele é que vamos conseguir garantir nossos direitos, é o que me aparentaâ€, afirmou outro funcionário. Outro manifestante disse que “é cômodo para a direção, poder público e Ministério Público, enquanto os funcionários permanecerem estagnados, sem tomar uma atitude mais drásticaâ€.
A assembleia geral está agendada para as 15h de quinta-feira, um dia após o vencimento para a resposta do hospital ao sindicato e um dia antes da realização de Audiência Pública da Câmara de Vereadores de Rio Negro, para tratar sobre as dificuldades financeiras do Hospital.
Os representantes do sindicato já confirmaram que ao menos uma pessoa irá representar a categoria, nesta Audiência.
