CEEBJA luta por espaço próprio em Rio Negro

Publicado por Gazeta de Riomafra - 08/05/2013 - 22h06

No último dia 30 de abril, alunos, professores e funcionários do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – CEEBJA Rio Negro compareceram na sessão da Câmara de Vereadores onde o aluno Edson Luiz Ningelinski, fez uso da Tribuna explanando sobre o funcionamento da instituição de ensino e solicitando apoio para aquisição de um espaço próprio para o funcionamento da escola, sendo que atualmente compartilha espaço físico com o Colégio Estadual Presidente Caetano Munhoz da Rocha.

Na mesma sessão, Edson também comunicou que a direção do CEEBJA foi convocada para uma reunião no último dia 25 de abril no Núcleo Regional de Educação em Curitiba, na qual os superiores determinaram que a partir daquela data a escola não poderia mais matricular alunos no período vespertino, “negando assim o direito dos alunos que trabalham no período noturno de concluírem seus estudos e aos alunos menores de idade, com 15, 16 e 17 anos, mulheres e ainda dos alunos com necessidades educativas especiais de concluírem seus estudos”.

Na oportunidade também foi entregue aos edis documento com o histórico da Instituição e Parecer Pedagógico, documentos que juntamente com o Requerimento 022/13 dos vereadores rionegrenses foi entregue ao secretário de Estado da Educação do Paraná, Flávio Arns, que ficou de tomar providências inclusive quanto a ‘proibição’ de vagas no período vespertino, conforme nos explicou o presidente do Legislativo rionegrense, Rodrigo Gondro. A Escola passou documento, igualmente, para o Ministério Público de Rio Negro.

Em 27 anos de atividades o CEEBJA/Rio Negro já formou 11.723 alunos e conta atualmente com 634 matriculados, 112 no período vespertino e 522 durante a noite, conforme nos repassou a diretora auxiliar da Instituição, Cirlene Volani.

A diretora do Centro de Educação, Édina Angulski disse à reportagem que desde que o Colégio Caetano começou a aumentar seu número de alunos vem solicitando o espaço físico utilizado pelo CEEBJA por determinação do Governo Estadual. “Com 27 anos de atuação o Centro não conta ainda com uma sede própria e nossa mobilização na Câmara foi em busca desse espaço e do resgate às aulas à tarde, porque temos alunos que trabalham à noite e necessitam deste atendimento”.

Concordam a diretora e sua auxiliar, Édina e Cirlene, com o mesmo pensamento: “não somos vítimas, mas profissionais preocupados com aqueles que desejam acesso à Escola”. A maior preocupação das diretoras é com o acesso dos alunos que precisam estudar à tarde e rebater informações de que em decorrência da idade dos frequentadores do CEEBJA haveria falta de segurança aos alunos do Colégio Caetano, mais um motivo pelo qual pleiteiam seu espaço próprio, no mesmo terreno, mas em área devidamente cercada.

Colégio diz que precisa das salas do Centro de Educação

A diretora geral do Colégio Estadual Caetano Munhoz da Rocha, Marlene Ruske, não foi localizada por nossa reportagem e não nos deu retorno, haja vista que conversamos então com a diretora adjunta Viviane Aparecida Ferreira.

Viviane diz que o Colégio vem sim pleiteando ao Estado o prédio onde funciona o CEEBJA atualmente, em virtude do crescimento no número de alunos da Instituição. De acordo com ela a escola conta atualmente com mais de 900 alunos e encontra dificuldades com a falta de espaço físico para abrigar os mesmos. “Por vezes temos que transferir alunos para salas ambientes e para uma maior e melhor resolutividade de nosso trabalho necessitamos de mais salas de aula, por isso solicitamos o local onde o Centro está instalado”, relatou, destacando que até o momento não houve nenhuma resposta ao pleito por parte da Secretaria de Estado da Educação.

Viviane citou, também, que outro motivo que levou a direção do Colégio Caetano Munhoz da Rocha a pedir as acomodações do CEEBJA se refere a segurança. Para ela a diferença de idade entre os alunos do Centro e do Colégio comprometem a segurança das quase mil crianças e adolescentes que frequentam a Instituição que representa.

Parecer Pedagógico do Centro

Dentro do Parecer entregue aos vereadores, Ministério Público e agora também ao Estado do Paraná, pode-se citar o início, onde se relata que “para atender a demanda de adolescentes, jovens , adultos e idosos que retornam aos estudos buscando novas e apropriadas oportunidades de ensino no Ensino Fundamental e Ensino Médio, a escola precisa considerar as características, interesses, condições de vida e de trabalho, mediante ações didático pedagógicas, na organização coletiva prioritariamente e na organização individual, facultativamente. Isto significa que a gestão deve priorizar no ato da matrícula o ingresso dos alunos em organizações coletivas de aprendizagens, oferecendo na forma individual, somente para educandos trabalhadores que não têm possibilidade de frequentar com regularidade as aulas, devido as condições de horários alternados de trabalho e para os que foram matriculados mediante classificação ou aproveitamento de estudos, quando no momento de sua matrícula não há uma turma organizada coletivamente para sua inserção”.

Consta ainda do documento que a partir da LDBEN/96, a EJA passou a ser um direito subjetivo social, que deve ser ofertado a todos aqueles que não tiveram acesso à educação na idade própria, assegurando-lhes a gratuidade e oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do aluno, seus interesses, condições de vida e trabalho mediante cursos e exames.

Para Arroyo (2001, p.10) os olhares sobre a condição social, política e cultural dos alunos da EJA têm condicionado as diversas concepções de educação que lhes é oferecida. São tratados como massa de alunos qualificados sobre diferentes nomes, relacionados diretamente ao “fracasso escolar”, repetentes, evadidos, defasados, aceleráveis, deixando de fora dimensões da condição humana desses sujeitos, básicas para o processo de ensino.

“Nesse sentido percebe-se que o sistema de ensino, vem ao longo dos tempos, oferecendo a EJA de Rio Negro, projetos paliativos de compensação, para o atendimento desta demanda que ainda não tem espaço físico, com garantia do desenvolvimento da sua identidade, negligenciada por fatores externos, que tratam a modalidade como uma forma de educação inferior, ou ainda tratam os profissionais e alunos como “os sem escola” ocupando espaços que servem à educação regular”.

Pedagogicamente estas indefinições do próprio Estado e a pressão psicológica da direção do Colégio Estadual Pres. Caetano Munhoz da Rocha, com atitudes excludentes, tratando a demanda de alunos e professores como “invasores do espaço escolar”, vem causando transtornos pois os profissionais da educação e alunos que sentem-se ameaçados e inseguros. Esses fatores já geraram transtornos na comunidade local, na qual existem “movimentos” para que a modalidade EJA continue a ser desenvolvida no município. Sabe-se que a EJA continuará desenvolvendo suas atividades, mas o que a gestão da escola necessita é alocar seus recursos humanos e materiais em local adequado e específico que garanta um trabalho harmônico e consequentemente melhore a qualidade na educação de seus sujeitos.

Considerando que os espaços físicos compartilhados com o C.E.Pres. Caetano Munhoz da Rocha como o Laboratório de Ciências atualmente não estão sendo utilizados pois este espaço foi transformado pelo C.E.Caetano como sala de aula , onde os recursos e materiais de estudos específicos foram colocados em armários, sendo impossível a utilização deste espaço como investigativo e de compartilhamento de experiências práticas.  Os materiais de laboratório recebidos da SEED nos últimos anos, estão sendo guardados na biblioteca da escola. No período vespertino, tanto a quadra aberta, quanto a quadra coberta, não podem ser compartilhadas com os adolescentes, jovens e adultos, pela quantidade de alunos que o Colégio Caetano atende no período da tarde.

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