O diretor UPA de Canoinhas, Helton Neumann Leal sou a tribuna da Câmara para falar sobre projeto no qual prevê um programa de trabalho para remissão da pena.
A Câmara de Vereadores de Mafra recebeu, na noite da última terça-feira, a visita do administrador da Unidade Prisional Avançada – UPA, de Canoinhas, Helton Neumann Leal. O diretor, a convite dos vereadores, usou a tribuna para falar sobre o projeto de ressocialização dos detentos que mantém naquela unidade.
Durante sua fala, Helton apresentou slides sobre o projeto, apoiado em cinco pilares básicos: salubridade, saúde, religião, remissão da pena e capacitação. Segundo ele, através desses pontos é possível ajudar na recuperação dos detentos, permitindo que eles resgatem sua cidadania e autoestima para voltar ao convívio da sociedade. “Nós fazemos a nossa parte, mas depende muito da vontade do preso para que a ressocialização dê certo”, aponta.
O administrador sustentou a importância do trabalho focado na recuperação do detento, baseado principalmente na taxa de reincidência no crime, que no Brasil estaria em torno de 80%. Um número, segundo ele, muito alto e que pode ser reduzido.
No caso de Canoinhas, o administrador deu um panorama da boa estrutura montada e das medidas adotadas para manter a disciplina no local. De acordo com ele, é proibido fumar nas dependências internas e há um racionamento de água é luz, bem como um toque de recolher às 22h, quando o fornecimento de ambos é cortado até o dia seguinte. “Nós fornecemos os direitos e garantias dos detentos, mas cobramos disciplina e respeito. À noite cortamos a água e a luz para que eles descansem, senão os presos trocam o dia pela noite e é nesses horários que as fugas normalmente acontecem”, disse.
Outra atitude da administração é a de restringir o tempo em que os presos mantêm contato. Diferente de Mafra onde, segundo Helton, os detentos teriam algumas horas juntos no corredor, em Canoinhas eles têm direito a duas horas de sol no pátio e permanecem o restante do período em suas celas, sem contato prolongado com toda a população carcerária.
Em relação ao projeto de ressocialização existe um programa de trabalho para remissão da pena, com cultivo de legumes e atividades manuais. Há ainda o acompanhamento de religiosos, que não levantam bandeiras de credos, mas auxiliam no dia a dia dos encarcerados. A saúde dos presos é monitorada por um médico, que presta atendimento semanal na UPA, e um por dentista que vai ao local duas vezes por semana em um consultório montado dentro da unidade. “A ressocialização começa com boas condições de saúde e assim também temos um levantamento das doenças graves como AIDS e tuberculose existentes no presídio. A religião ajuda na mudança de caráter deles”, explicou.
O projeto apresentado foi elogiado pelos vereadores, que reforçaram a importância de ações como a de Canoinhas para a recuperação dos aprisionados. Os vereadores ressaltaram o fato de Helton ser riomafrense e estar promovendo uma mudança importante no sistema adotado em uma unidade aqui da região. “Seu trabalho foi importante para não deixar criar vícios naquela instituição e o senhor teve coragem e determinação para impor essas medidas, que sabemos que não são fáceis”.
Para Helton, a construção da UPA em São Bento do Sul facilitaria a adequação do presídio de Mafra para dar melhores condições aos detentos e mais segurança à população. Segundo ele, pequenas mudanças na estrutura, se comparadas à construção de um novo complexo, seriam suficientes para possibilitar a revista diária das celas, tornando mais difíceis as tentativas de fuga. “Com uma obra simples poderia-se isolar os pátios e permitir acesso seguro dos agentes às celas, com isso o risco diminui. Fazemos isso em Canoinhas”, apontou ele, que trabalhou como agente no Presídio Regional de Mafra antes de assumir a UPA da cidade vizinha.
