Postos de saúde dos bairros e do interior de Mafra poderão ficar sem dentistas

Publicado por Gazeta de Riomafra - 28/01/2014 - 00h00

A reportagem da Gazeta recebeu uma denuncia de que os postos de saúde dos bairros e do interior de Mafra estariam sem dentistas. Segundo reclamação da população e de profissionais que atuam na área da saúde, que pediram sigilo de suas identidades, relatam que na última terça feira, vários dentistas do SUS que trabalham nos ESFs (Estratégia da Saúde da Família) dos bairros e interior, que ocupam o cargo através de processo seletivo, pediram demissão, após uma reunião com prefeito, secretária de saúde, secretário de administração e coordenador dos dentistas, onde trataram do assunto. Um dos motivos da possível demissão em massa, seria o fato de que a promessa de reajuste salarial feita pelo atual prefeito, não foi cumprida “em 2013 o prefeito prometeu um reajuste de 40% mas até agora não cumpriu” – disse. Fomos informados de que o salário destes odontólogos gira em torno de R$ 2.500,00 (bruto), por 40 horas trabalhadas.

Segundo dados levantados pelos próprios dentistas, o salário pago pela Prefeitura de Mafra, seria um dos mais baixos do estado de Santa Catarina, além disso, reclamam que já estão há quase dez anos sem reajuste. Reclamam que cidades como São Bento os salários giram em torno de R$ 5 mil, já inclusos gratificações, incentivos: “já que a incorporação dos salários não é possível por causa da situação que se encontra a Prefeitura, nós tentamos uma gratificação ou um prêmio, algo do tipo, que não gera incorporação de salário, não onera a Prefeitura, pois essa verba sairia dos cofres do governo federal e estadual que é da onde vem à verba para o SUS, nós só não conseguimos porque recebemos um negativa do prefeito” – disse.

Segundo um profissional da área, esta verba denominada de Estratégia da Saúde da Família, pode ser utilizada para infraestrutura e pagamento de funcionários, sendo que em outros municípios ela é utilizada para este fim. O odontólogo não soube nos responder qual é o valor que o município recebe da união, porém acredita que deve ser um valor considerável. Questionam que: “se os outros municípios conseguem pagar os profissionais com esta verba, porque Mafra não consegue”?

Segundo eles, o prefeito alegou que algo neste sentido precisava passar pela Câmara, porém levaria muito tempo para fazer o projeto, a Câmara votar e a mesma entrar em vigor. Porém como se trata de verba federal “carimbada”, talvez não precisasse nem passar pela Câmara. Argumentam.

Alertou também, que existe outro programa do governo federal que repassa dinheiro de cerca de R$ 26 mil/mês para o município, denominado de TEMAC, trata-se de programa de melhoria de sexta qualidade, onde se o município presta um serviço de qualidade na estratégia de saúde da família.

Outro motivo que poderá levar a demissão em massa dos dentistas dos ESF’s de Mafra seria a exigência do cumprimento de carga horária “antes era cobrado só à produção, agente atendia oito pacientes por dia e estava liberado, agora temos que trabalhar 8 horas por dia, só que o posto não tem condição de atender oito horas por dia, não temos material” – disse.

Porém, para a maioria dos dentistas entrevistados, o problema não está em trabalhar às 40 horas exigidas pela lei, mas sim o salário que é pago por tais horas trabalhadas e sem nenhum reajuste há quase 10 anos. “Nós achamos justos cumprir o horário, porém com salários e condições dignas de trabalho” – completou.

O terceiro problema apontado por eles é a infraestrutura sucateada. Segundo alguns odontólogos, os materiais de consumo como resina, e materiais para restauração estão disponíveis, o que está muito precário, seriam os equipamentos: “os equipamentos quebram e eles não conseguem arrumar, inclusive alguns dentistas levam para o SUS materiais do próprio consultório para não parar o atendimento, por exemplo, a luz que seca a resina eles não tem mais, com isso restaurações brancas não podem ser feitas, até compressor que está a tempo quebrado eles não consertam” – apontou.

Um dos profissionais informou que na maioria dos postos, não tem nem material de esterilização: “a Prefeitura fez um convênio com o hospital, então eles estão levando o material destes postos para ser esterilizado lá, além do valor gasto pela prestação do serviço, ainda tem que esperar cerca de um dia para o material voltar esterilizado de lá para ser utilizado novamente” – apontou.

Alegam que esses são problemas enfrentados desde 2012 e já encaminhou diversos pedidos de reposição de equipamentos à Prefeitura e a resposta que recebia era sempre a mesma: está em processo de licitação, “nós revindicamos junto ao prefeito que eles nos oferecessem estrutura que um consultório tem que ter, nós temos um equipamento que está quebrado a mais de um ano, a unidade do São Lourenço está parada a mais de três anos, pois o compressor está queimado, é uma coisa simples que pode ser resolvida facilmente, porém nada se faz” – concluiu.

Eles também querem um coordenador para Estratégia da Saúde da Família, onde o dentista que coordenava o programa foi para unidade do centro (SUS).

Prefeitura se defende e nega demissões em massa

Questionado sobre as denúncias, o coordenador de odontologia do SUS de Mafra, Eugenio Costa, afirma que apenas um dentista pediu demissão “ele não estava satisfeito com a cobrança de cartão ponto” – disse.  Sobre a exigência de carga horária Eugenio explica que o Ministério Público está cobrando da Prefeitura de Mafra, adequação com relação a relógio ponto “nós só estamos fazendo o que o Ministério Público nos cobrou, houve um TAC em 2006 proposto pelo MP e deve ser cumprido” – disse.

Já sobre o aumento de salário Eugenio explica que os contratos feitos pelo PSS não permite reajuste salarial “se a Prefeitura realizasse o aumento seria ilegal, para se conceder aumento é necessário que se tenha uma mudança na lei” – disse. Também explicou que a lei está sendo revista, “a nova lei está quase pronta nós iremos alterar o PSS para ESF (Estratégia de Saúde da Família), conforme a decisão do governo federal, com isso irá alterar também a questão salarial, pela nova lei poderá ser feito reajustes salariais” – disse. Para entrar em vigor a nova lei deve ser aprovada pela Câmara de Vereadores num processo que leva em torno de quatro meses.

Sobre a falta de dentista no posto de saúde Eugenio explicou que a fiscalização cabe à enfermeira responsável do posto “se o dentista não está cumprindo horário, se ele não está no posto no dia e horário de trabalho, a enfermeira tem que fazer uma comunicação para a secretária de saúde” – disse.

Questionado sobre a falta de materiais estrutura Eugenio explicou “não existe falta de material, os materiais não chegaram a acabar, o que estava acontecendo, era que nós estávamos apenas fazendo um racionamento, como nós não temos um planejamento nós liberamos os materiais de acordo com os atendimentos, mas agora a situação já deve ser resolvida, nós fizemos uma licitação e inicio de fevereiro esses materiais já devem estar disponíveis”. Eugenio ainda explicou que muitos dentistas estão de férias e que por esse motivo alguns postos de saúde estão com atendimento odontológico deficitário.

Conclusão

Os dentistas já mandaram o recado, a maioria da classe entrou em férias simultaneamente, até como uma forma de pressionar o executivo, demonstrando o descontentamento que não irão aceitar permanecer nesta situação. Tudo indica que poderá mesmo ocorrer uma debandada geral dos dentistas dos ESF’s em Mafra, caso o executivo não encontre uma solução rápida para o impasse.

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5 comentários publicados
  1. FORA PT

    É lamentável e vergonhosa a desvalorização dos profissionais da saúde em Mafra o quanto esses profissionais tiveram que estudar sair muitas vezes da sua casa deixar sua família ficar em casa de estudante comer todos os dias em restaurante universitário sentar a bunda horas na cadeira pra estudar para ter um salário digno pela sua competência seu esforço. Pra que?Para que os petralhas que nunca leu um livro na vida ainda acham que tem razão “eles sabiam do salário antes de entrar” cuidado colegas de profissão se começarem a reclamar muito eles vão começar pedir dentista “ cubano” como fizeram com os médicos olha como resolveu todos os problemas de saúde de Mafra. O povo está feliz da vida fica uma hora no consultório com o medico cubano falando não entende nada mais fica satisfeito pura carência.

    • É cada uma!

      Amigo, o que eu quis dizer é que eles sabiam do salário e da carga horária antes de começar. Pedir o reajuste é uma coisa, que considero justa, mas pedir reajuste e não cumprir carga horária justificando que o salário é baixo é outra. Acho merecido o reajuste, repito, todos merecem, mas não cumprir a carga horária é querer justificar um erro com o outro. Lembre-se, dois erros jamais darão um acerto! E outra coisa, não sou petista!

      Para finalizar deixo uma reflexão: Um professor do estado e município também é remunerado com um baixo salário. Este, tem também carga horária de 40 horas. Que tal eles trabalharem por produtividade? Dão oito aulas por dia e vão trabalhar em escolas particulares, uma vez que o salário não justifica o tempo dedicado a sua formação! Reflita!

  2. Antonio da Silva

    O rapaz ai em cima ta certo, eles sabiam do salário antes de entrar.
    Contudo, merecem reajuste sim.
    É vergonhosa a cara de pau em trabalhar por produção e não bater ponto, que privilégio é esse? Tem que bater ponto, pq, mais da metade dos dentistas ficam poucomais de uma hora por dia, as vezes não aparecem, chegam em horários incompatíveis com o marcado, deixando a população como bobos no aguardo dos belezas, isso a secretaria sabe e faz vistas grossa.
    Em relação a informar sobre a despontualidade dos dentistas, não entendo o que os enfermeiros tem a ver com isso. Vocês acham que um enfermeiro vai se indispor com as celebridades?
    Que o responsável chame essa obrigação para si e instale ponto biométrico e confira os serviços prestados dia a dia.
    Médicos, dentistas, advogados, secretarios. Ignorem o pedestal que eles sobem e poe essa turma para cumprir sua obrigação. Não tem que ter medo não.

    • FORA PT

      Caro comentarista primeiramente desculpa se te ofendi chamando de petista mais o que me deixou mais indignada é seu o seu comentário de numero 3 olha agressividade em suas palavras a falta de respeito com os profissionais arrogância tanto sua como do outro comentarista é puro comunismo e ai como falar dos professores uma das classe mais admirável por minha pessoa. Deixei me levar pela falta de respeito e educação do ser humano pura perca de tempo.

  3. É cada uma!

    Olha, é cada uma que a gente tem que rir. Vamos aos pontos:

    1- Falta de equipamento e material é responsabilidade da prefeitura, se está faltando, tem que repor, é por isso que pagamos impostos. É inaceitável um equipamento ficar estragado por tanto tempo como relatado.

    2- Quanto ao horário, pela entrevista parece que o coordenador tem medo de dizer que ele cobra o horário dos profissionais. O que é isso? Todo funcionário contratado por 40 horas tem que trabalhar 40 horas e ponto final. O cara me dizer que cumprem uma ordem do MP, faça meu favor, responda: Quem é contratado tem que cumprir o seu horário e ponto final.

    3- Quando estes dentistas foram contratados, sabiam do valor de seus salários, das regras, etc, agora querem fazer pressão. Eu sempre digo, não estão contentes, peguem a malinha e vão embora mesmo, ninguém é insubstituível, inclusive dentista. Não estão contentes, montem um consultório particular e vão trabalhar lá, lá vocês podem trabalhar 3 horas por dia e ponto final, sem precisar cumprir horário.

    É cada uma!

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