Projeto de pesquisa realizado na Área de Preservação do Passo identificou 109 espécies de aves

Publicado por Gazeta de Riomafra - 12/01/2012 - 09h36

O presente estudo reforça a importância de preservar a área e conservar as espécies que estão relacionadas e interligadas a este ecossistema.

O trabalho desenvolvido pela aluna Andressa Minikovski, do curso de Ciências Biológicas da UnC/Mafra, teve por objetivo identificar espécies de aves que utilizam a área denominada Zona de Preservação Ambiental e Lazer 1, situada no perímetro urbano da cidade de Mafra- SC. Entitulado: Levantamento das espécies de aves da área denominada zona de preservação ambiental e lazer 1(zpal1), situada no perímetro urbano de Mafra – SC, contou com a orientação do professor Luiz Carlos Weinschütz e co-orientação das biólogas Eliane Villa Lobos Strapasson e Josiane Sabóia Gruber.

Pesquisadora Andressa Minikovski

A pesquisadora se sentiu motivada em realizar este projeto, após assistir palestra com a bióloga Eliane Villa Lobos Strapasson, sobre a Importância da Preservação da Área, durante a semana do Biólogo, em setembro de 2009, na UnC/Mafra.

Foi realizado um trabalho de campo com observações no período de novembro de 2010 a novembro 2011, em que foram identificadas 109 espécies de aves distribuídas em 40 famílias, obtendo espécies migratórias, endêmicas, com registros raros para o estado de Santa Catarina e espécies exigentes para a qualidade ambiental como pica-paus, arapaçus e a tovaca-campainha. Também através do hábito alimentar das espécies foi possível analisar a biodiversidade que a área possui, pois foram encontradas aves onívoras, nectarívoras, frugívoras, piscívoras, insetívoras e carnívoras.

Metodologia utilizada

– Pesquisa Documental: A pesquisa documental foi realizada através da busca de documentos oficiais (Lei Orgânica Municipal), que regularizam a Zona de Preservação Ambiental e Lazer 1.

– Pesquisa de Campo: Para inventariar a composição da avifauna na Área de Preservação Ambiental, situada no perímetro urbano da cidade de Mafra, foi efetuada a pesquisa com verificação in loco, através de atividades de observação que foram realizadas no período de novembro de 2010 a novembro de 2011, na área de estudo, com observações no período da manhã, à tarde e algumas observações noturnas, para identificação de espécies de aves cujo possuem hábitos noturnos. Estas observações foram realizadas por caminhadas e para identificação e nomenclatura das espécies das aves foi utilizado Guia de Campo Avifauna Brasileira de Tomas Sgrist.

Foram utilizadas fichas de observação, binóculo (8×42), maquina fotográfica para registro de fotos e para a gravação da vocalização das aves para reconhecimento auditivo. Depois de gravadas foi feito o reconhecimento através do site www.wikiaves.com.br, notebook e caixinhas de som para realização de playblacks.

Resultados

Através deste levantamento de espécies de aves, e dos dados que foram obtidos é possível analisar que a maioria das espécies foram encontradas e observadas na estação da primavera num total de 66,9%, fato que provavelmente se deve por ser a época reprodutiva das aves e por estarem mais ativas neste período. Também outro fator importante se deve a presença de espécies migratórias como Myiodynastes maculates (bem-te-vi-rajado), Tyrannus melancholicus (suiriri), Tyrannus savanna (tesourinha), Pygochelidon cyanoleuca (andorinha-pequena-de-casa), Stelgidopteryx ruficollis (andorinha-serradora), Progne chalybea (andorinha-doméstica-grande), Chaetura meridionalis (andorinhão-do-temporal), Turdus amaurochalinus (sabiá-poca), Turdus subalaris (sabiá-ferreiro) e Elanoides forficatus (gavião-tesoura), (SIGRIST,2009). 31,1% das espécies foram observadas no verão, em relação ao inverno onde foram observadas 27,5%, é interessante que as aves observadas neste estação tem hábitos tipicos, tal como Pionus maximiliani (maitaca-verde), Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde). No outono 20,1% das espécies de espécies foram observadas.

Três espécies foram observadas durante as quatro estações, Dendrocolaptes platyrostris (arapaçu-grande), Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador) e Aramides saracura (saracura-do-mato) significando que possuem o seu hábitat na área. Porém é importante relatar que as espécies que não foram observadas durante as quatro estações, exceto as migratórias, não significa que ocorrem somente em determinada estação, porque é difícil durante uma saída de campo conseguir observar todas as espécies.

Em relação a espécies endêmicas podemos relatar Leptasthenura striolata (grimpeirinho), ave fortemente associada ao pinheiro do paraná (ROSÁRIO,1996).

Quanto a espécies exóticas foi encontrado Estrilda astrild (bico-de-lacre), ave de bico avermelhado e parecendo ter o bico lacreado, que gosta de capins altos e alimenta-se de sementes, que possui distribuição pelos municípios porém é menos espontânea que o pardal devido possuir uma capacidade de vôo reduzida (SICK, 2001). Esta espécie é proveniente da África que foi introduzido no Brasil no século XX (SIGRIST,2009). Outra espécie é Passer domesticus (pardal), ave extremamente adaptada a qualquer ambiente e ao homem. Esta espécie pode afugentar pássaros nativos, como corruíra-de-casa e o canário-da-terra-verdadeiro, já que possuem comportamentos semelhantes (SICK,2001). Foi introduzido no Brasil no século XIX, proveniente da Europa (SIGRIST,2009).

O hábito alimentar das espécies indicou que a maioria corresponde a alimentação insetívora em que se alimentam de insetos, num total de 35,7% das espécies, em seguida obteve-se 23,8% das espécies sendo onívoros, alimentam-se de frutos, insetos, larvas, etc. Quanto aos frugívoros obteve-se 11% das espécies em que alimentam-se basicamente de frutos, em relação ao hábito alimentar granívoro, no qual se alimentam de grãos obteve-se 9,1% das espécies, quanto aos carnívoros que são as aves de rapinas, como também os necrófagos que se alimentam de carcaças como os urubus, obteve-se 8,2% das espécies. Os nectarívoros que se alimentam de néctar obteve-se 4,5% das espécies e os piscívoros 1,8% das espécies com este hábito alimentar. É importante relatar que a presença destes variados hábitos alimentares caracterizam a área de estudo, mostrando a sua biodiversidade, e demonstra que a área apresenta esse tipo de alimentação para as espécies. É importante para área que se tenha aves frugívoras, pois são importantes para a dispersão de sementes.

Apesar de existir depredação na área, se torna importante comentar a existência de aves exigentes, tais como os pica-paus em que foram encontradas sete espécies, os arapaçus que se obteve 4 espécies e a tovaca-campainha. Também a presença de aves de rapina que são excelentes indicadoras ambientais, pois possuem alimentação especializada e baixa taxa de sobreviência. Outra espécie importante a ser comentada é Mesembrinibis cayennensis (coró-coró) que foi recentemente incluída para o estado de Santa Catarina por Amorim e Piacentini no ano de 2006, e foi encontrada três vezes durante as saídas de campo, e que nos estados vizinhos do Paraná e Rio Grande do Sul esta ameaçada de extinção.

Foram realizadas 24 saídas a campo entre novembro de 2010 e novembro de 2011, num esforço amostral de 73 horas de observação, no qual foram registradas 109 espécies de aves, distribuídas em 40 famílias.

Conclusões

Com a pesquisa realizada foi possível identificar 109 espécies de aves, na Zona de Preservação Ambiental e Lazer 1. Número significativo se observado a quantidade de problemas que a área apresenta, devido estar dentro do perímetro urbano da cidade sofrendo com a poluição urbana, lixo, a caça, a derrubada de árvores e antropozição. O levantamento das espécies de aves encontradas serve de base para futuras ações de manejo, conhecimento da avifauna da região. Se tratando de um levantamento não acabado, pois durante ainda os últimos meses de pesquisa teve obtenção de um número de espécies novas, o que indica que a área pode apresentar ainda uma diversidade maior de avifauna.

Com o presente número de espécies encontradas, contando inclusive com espécies com poucos registros em Santa Catarina, fica evidenciada a importância da preservação da área, assim como a realização da implementação da proposta de um parque, fato que ajudaria na preservação, futuras pesquisas e desenvolvimento da educação ambiental.

As espécies de aves da Zona de Preservação Ambiental e Lazer 1 correspondem a 18,2% das espécies de Santa Catarina e 6,49% das espécies que ocorrem no território brasileiro.

Gráfico

Comparação do número de espécies de aves encontradas na Zona de Preservação Ambiental e Lazer 1, com outros levantamentos realizados na região.

Comparação do número de espécies de aves encontradas na Zona de Preservação Ambiental e Lazer 1, com outros levantamentos realizados na região

Fonte: Da pesquisadora, 2011.

Vale a pena ressaltar que as demais áreas apresentadas no gráfico são unidades preservação já implantadas e que contam com programas de preservação.

 

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11 comentários publicados
  1. Andressa

    Obrigada….
    Esse trabalho para pessoas com um pouco de nível de conhecimento sabem a importância do mesmo assim como a preservação da área…
    Para mim foi uma realização e um conhecimento adquirido..
    Espero que municípes conheçam e valorizem mais a avifauna da região…
    Obrigada a Gazeta pela divulgação…

  2. Adilson

    Parabéns Andressa e a minha querida prima Eliane pelo belo trabalho e iniciativa louváveis de aplauso. Esperamos que com essa iniciativa os órgãos responsávesis possam dar atenção especial no sentido de viabilizar o Parque de Preservação Ambiental. Eu hj resido fora de Mafra mas com muito orgulho me criei nos arredores do Bairro do Passo e tive oportunidade qdo criança de percorrer grande parte dessa mata que era bem compacta na época. Fico feliz de saber que quase 03 décadas depois ainda temos tantas espécies residindo no local e que se essa área for preservado as futuras gerações terão a oportunidade de tbém conhecê-la. Um abraço a todos e continuem empenhados nessa causa que não tem preço.

    • Eliane

      Oi Adilson!
      Fiquei muito feliz com o seu comentário e por saber que você também apoia e valoriza esse projeto.
      Essa área situada no perimetro urbano de Mafra é uma importante amostra do ecossistema da nossa região e o trabalho desenvolvido pela Andressa, vem reforçar ainda mais a importânciade de preservá-la.
      Um grande abraço para vc e famíliares!

  3. Marcelo Sallai

    Parabéns a acadêmica Andressa pela iniciativa e execução deste trabalho, bem como aos orientadores do projeto .
    Sem dúvida, um importante documento a ser considerado na implementação do projeto de criação do Parque Natural do Passo .
    Parabéns a Gazeta de Riomafra pela divulgação .
    Está na hora de autoridades e profissionais competentes da área, com o apoio de entidades do município tornar realidade este projeto .
    Nossa cidade reune totais condições para tal !!!
    Marcelo Sallai .

  4. pretinho basico

    Onde fica essa zona? Zpal 1? Só conheço a Tia Emilia e o Zeco Pereira. Essa deve estar escondida ainda. Mas eu quero ir lá ver os passaros. Ah, se quero…

    • Maristela

      Este assunto deve te incomodar muito para vc fazer este tipo de comentário. Não se sinta excluído e participe também, pois este é um projeto que beneficiará toda a população mafrense! Ok!

  5. Eliane

    Parabéns Andressa pelo seu trabalho! Ele vem reforçar ainda mais a importÂncia de preservar essa área que fica no coração de Mafra. Espero que em breve outros projetos, com levantamentos de outros seres sejam desenvolvidos.
    Vou continuar incentivando trabalhos nesta área, pois, quem sabe um dia as medidas necssárias sejam tomadas e o Parque Natural do Passo finalmente torne-se realidade.
    Parabéns também ao Jornal Gazeta de Rio Mafra, por incentivar esse projeto!
    Um grande abraço!

  6. paulo marcelo

    com certeza essa area tem fauna muito rica, quanto aos passaros se faz importante o referido trabalho, mas confesso que tive que buscar em outros sites de imagens para conhecer visualmente alguns deles, assim, eles podem passar em branco, sem contar os tatus, veados, quatis e outros animais maiores que sao facilmente vistos nas proximidades.
    um fato incomun é a existência do bico de lacre na região, pois moro em joinville e por aqui eles podem ser vistos aos bandos, seus ninhos, um amontoado de capim seco em forma circular com apenas uma pequena entrada para o seu interior, podem ser facilmente encontrados em pés de ipê, arbustos de jardim, etc.

  7. Marcos

    Mafra precisa de um parque estruturado,com acesso livre aos cidadãos, a exemplo de outras cidades como Curitiba. A hora é agora, antes que aconteça o corte ilegal das arvores como em meados dos anos 90, quando presenciei o corte de várias araucárias encabeçadas pelo delegago Oclair.

  8. joao roberto

    Parabens pelo trabalho o que nos reflete para a preservaçao cada vez mais e precisavamos de alguem ou algum orgao ou nos mesmos pessoas para combater a depredaçao desta area e dos que capaturam estas aves algum orgao para denunciar tais depredaçao. E uma bela area que mafra tem e nao esta sabendo aproveitar.

  9. Johan Dalgas Frisch

    Ok! … só que para um TCC desta envergadura, seria bom que a “pesquisadora” tivesse feito fotografias melhores das aves!

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