Na Sessão da Câmara de segunda-feira, o munícipe e empresário Marcos Fischer fez uso da Tribuna da Casa, para expor situação enfrentada pelos munícipes que precisam transpor a BR 116 no sentido centro a Jardim América e vice-versa, cujo trevo foi fechado. Na oportunidade, apresentou também dezenas de fotos demonstrando o caos ocasionado pelo desvio do acesso à cidade, através do túnel construído junto à rua 07 de setembro, com acúmulo de veículos, caminhões, pedestres, ciclistas, cadeirantes e a própria população.

Fischer citou que a comunidade mafrense foi surpreendida com o fechamento repentino do trevo de acesso e saída, sem maiores explicações. A justificativa à época da interrupção do tráfego centro-bairro e vice-versa, foi constantes engarrafamentos na BR 116 em virtude das obras de melhoria da ponte que divide Paraná e Santa Catarina. “Foi uma situação criada sem a menor preocupação com os moradores, empresários e até mesmo com visitantes de Mafra”, destacou.

Ainda na Tribuna, o empresário apontou que vários motoristas chegam ao trevo e não sabem como sair da cidade. “Uma placa indica Curitiba à esquerda, quando os motoristas precisam dobrar a direita, por aquela ruela que nem denominação tem”.

De acordo com ele, o túnel construído na rua 07 de Stembro – túnel chamado de “trincheira”, “não tem dono e não tem lei. Todo mundo buzina e vai rodando”.

Citando que foi retirado um problema da BR e este foi jogado para a cidade, em ruas sem condições de receber tráfego intenso ou pesado. “Foi uma total falta de respeito com a cidade”, disse.

Na sequência Marcos Fischer apresentou dezenas de fotos que demonstram a precariedade, por exemplo, das ruas 07 e 08 de Setembro, hoje muito esburacadas, com falta de passeios e iluminação. Lembrou, ainda, que diariamente, contando-se os ônibus das empresas Catarinense/Penha, Reunidas e mais os coletivos urbanos, são cerca de cento e cinquenta ônibus que são obrigados a entrar pela trincheira, onde há dificuldades para suas manobras e, depois, precisam transpor também a avenida Coronel José Severiano Maia, para poderem chegar até a Rodoviária.

O empresário pediu que a Prefeitura e a Câmara tomem providências junto aos responsáveis pelo fechamento, “porque precisa-se do mesmo”

Engenheiro fala em fechamento permanente

O engenheiro Marcos Dutra – da Autopista Planalto Sul, também fez uso da Tribuna naquela ocasião, quando citou obras já realizadas em Mafra e as que estão a serem efetuadas nos próximos dois a três anos, num investimento que deverá girar em torno de R$ 20 milhões.

Sobre o trevo da Dirmave, disse que realmente o movimento de cruzamento e retorno foram bloqueados por conta das obras da ponte sobre o rio Negro, porque filas muito grandes vinham se formando junto à BR 116. “Por indicação da Polícia Rodoviária Federal é que o trevo foi fechado até o término das obras na ponte”, destacou.

Relatando que o trevo não tem capacidade para absorver o trânsito urbano mais o rodoviário, Dutra disse que a solução definitiva seria “o fechamento permanente do mesmo”, afirmando que deve-se separar o trânsito da rodovia com o trânsito urbano, o que foi contestado por vários vereadores, que citaram estar ali representando a população mafrense, “expressando o clamor popular, que é de reabertura do referido trevo”.

Representando a Concessionária, também falaram na oportunidade Arthur de Vasconcellos Neto e Antonio Cesar Ribas.

O presidente da Casa, Vicente Saliba, salientou que vários Requerimentos – alguns assinados por todos os edis, foram encaminhados solicitando a reabertura do trevo, conforme solicitação da comunidade, empresários e comerciantes. “O tráfego foi desviado para uma via que não tem preparação para receber grande fluxo de veículos, pedestres e trânsito pesado”, destacou.

Reunião aponta para o fechamento definitivo do trevo da Dirmave

Numa iniciativa da Câmara de Vereadores, através do presidente Vicente Saliba, ainda na data de ontem foi realizada reunião envolvendo o Legislativo e Executivo Mafrenses, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público Federal, a Concessionária Autopista e representantes da comunidade.

Respondendo a questionamentos de vereadores, Antonio Cesar Ribas disse que existe um novo projeto para Mafra, que prevê maior segurança para a população. Retratou que atualmente passam cerca de 07 mil veículos diariamente por aquele trevo, onde “existe necessidade de atualização e separação do tráfego da BR com o tráfego urbano”.

O engenheiro da Prefeitura, Valdir Ruthes, disse que momentos antes da reunião recebeu ligação do prefeito Municipal, que encontrava-se em Florianópolis, determinando que em virtude da rua São João Maria, no trecho hoje em litígio judicial, onde há décadas funcionava a empresa “Assodima”, seja-se declarado o terreno como de Utilidade Pública Municipal, para sua posterior desapropriação e, consequentemente, a pavimentação asfáltica. Destacou, também, que o prefeito se comprometeu a repavimentar a rua 07 de Setembro, com implantação de novos passeios e melhorias necessárias.

Na sequência ponderações foram feitas por vereadores e do próprio empresário Marcos Fischer, o qual se disse também defensor do tema segurança. Indagou onde está a segurança da rua 07 de Setembro e da avenida Severiano Maia, além das paralelas, sem estrutura alguma. “A rua 07 se tornou intransitável e a ‘trincheira’ não tem dono”.

O inspetor chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Mafra, Luciano Crisafulli, apontou de 2005 a 3013, dados estatísticos comprovando que no trecho entre o KM 1.1 e o 1.8, passando pelo trevo da Dirmave, ocorreram 160 acidentes e outros sete atropelamentos, resultando em 74 pessoas com ferimentos leves, 16 com ferimentos graves e cinco mortos.

Afirmando que para determinar o fechamento do trevo teve embasamento, salientou que foi sim a PRF quem determinou o bloqueio do tráfego no local, buscando garantir a segurança dos munícipes.

Destacando que estão previstas para iniciar em breve obras de melhorias na ponte próxima ao acesso para a “Garagem da Prefeitura”, se o trevo for aberto, caminhoneiros, ao verem filas se formando, podem optar por desviar seu caminho pelo interior da cidade, trazendo graves problemas ao trânsito urbano.

Em sua fala, Crisafulli foi enfático ao afirmar que o trevo não será reaberto, que há necessidade, sim, de separação do trânsito rodoviário com o urbano. “Somente abriremos uma exceção caso a Prefeitura inicie obras na rua 07 de Setembro e a abertura se dará tão somente até a finalização das obras”, garantiu.

Apontando que casos especiais têm atenção especial, o representante da PRF disse concordar que Mafra não pode ficar sem o acesso norte, destacando que lombadas e tachões estão proibidos de se colocar ao longo da BR. Voltando ao trevo, disse que “se for preciso liberar o trevo para melhorias à comunidade, certamente estará junto, parceiro da comunidade.

O representante do Ministério Público Federal, procurador da República Daniel Coimbra, foi o último a se manifestar e citou concordar com a fala do chefe da Polícia Rodoviária Federal, ressaltando que “a Rodovia não é o local para transposição do trânsito urbano. Enquanto não tivermos a visão de um resultado final positivo, não podemos abrir exceção e liberar o trevo” – destacando que é fácil comparar o resultado de uma colisão no trânsito urbano com outra no trânsito rodoviário, onde a velocidade é maior e há grande fluxo de caminhões pesados.

Ao final, o presidente Saliba disse que se chegou então a um termo, uma definição, que é de que o trevo deve permanecer bloqueado para transposição, somente sendo liberado em caso de início de obras na rua 07 de Setembro, o que impediria o atual desvio do tráfego pela trincheira. Muitos vereadores saíram insatisfeitos com o resultado da reunião.