98 anos: Mafra e seus desafios

Publicado por Gazeta de Riomafra - 07/09/2015 - 20h12

 

Nesta terça-feira (8), nossa querida Mafra estará comemorando 98 anos. Quase cem anos de emancipação política, desde que o estado de Santa Catarina ganhou na justiça o direito pelo território em que vivemos. Terras do chão contestado, onde já aconteceram conflitos, guerras e disputas. Terras por onde as tropeiros passaram levando as riquezas do sul para o resto do Brasil. Terras onde os imigrantes chegaram com a esperança de paz e prosperidade.

98 anos de trabalho árduo, de suor derramado para construir a cidade que leva o slogan de “Pérola do Planalto”. Faltando dois anos para o centenário, muito trabalho árduo deverá ser feito, sem contar o suor que terá que ser derramado para que possamos nos orgulhar do slogan que carregamos ofuscado nas últimas décadas.

Hoje nossa matéria especial de aniversário de Mafra será um pouco diferente do que realmente publicamos. Desta vez nossa equipe de reportagem fez uma viagem ao passado para descobrir o que será necessário para que Mafra chegue aos 100 anos com motivos concretos para comemorar esta data.

O desenvolvimento de uma cidade é composto da sua economia e da sua infraestrutura, então olhando para o passado projetamos os desafios que Mafra terá nessas áreas.

Saudades

Mafra foi no passado uma das cidades mais prósperas do estado, tendo um PIB muito superior ao de Jaraguá do Sul pro exemplo. Temos até uma folclórica frase do ex-prefeito Pedro Kuss – que comandou Mafra entre 1935 a 1947 e prefeito eleito de 1947 a 1951 – que quando perguntado pelo seu amigo governador , recém nomeado presidente da república na época Nereu Ramos: “O que Mafra precisava de Brasília”, teria respondido: “Eu é que pergunto o que Brasília precisa de Mafra”. Se essa frase realmente foi dita, ninguém sabe se é verdadeira ou não, mas todos sabem que Mafra viveu momentos áureos, onde grandes conquistas eram coisas corriqueiras em Mafra, pois políticos do passado tinham um forte compromisso com desenvolvimento desta cidade e com o seu povo.

Tamanha era pujança, que na década de 60, a projeção da arrecadação do ICMS do estado de Santa Catarina, era baseada na arrecadação da então coletoria aqui de Mafra. Nós ditávamos o índice da economia do estado. Até aeroporto com linha comercial tínhamos no bairro Faxinal as margens da BR-116. Rodovia esta, que era para passar no município de São Bento do Sul porém foi desviada sua trajetória para passar em Mafra, a pedido do “grande Pedro” como era conhecido e chamado por Nereu Ramos.  Os antigos, ao contar estas histórias enchem seus olhos de lágrimas de saudades e ao mesmo tempo de tristeza, mas na esperança, acreditando que Mafra um dia voltará a ser a “Nova Pérola do Planalto”.

Momentos estes que a atual geração espera viver com a necessidade do fortalecimento do agronegócio em nossa cidade e da implantação de um projeto de atração de empresas, para a geração de emprego e renda.

Os primeiros passos para a retomada do desenvolvimento econômico já foram dados com o anúncio recente da instalação de uma unidade do Frigorífico Master, empresa que fomentará o agronegócio de Mafra e da região. Estamos ainda na disputa para que a empresa alemã Kromber-Schubert, fabricante de chicotes para carros se instale em nossos domínios. E quem sabe até um possível anuncio de uma fábrica de ração da família Maluf.

A busca pelo desenvolvimento econômico tem que ser acelerada com a abertura do nosso mercado, para que outras empresas de outros ramos possam se instalar em nosso município, não podemos nos dar o luxo de sofrermos mais um episódio como o da loja de departamentos Havan, que depois de decidir se instalar em Mafra, optou pela construção de uma hiper loja em Porto União, com forte suspeita de que alguém de Mafra tenha trabalhado contra sua instalação em nossa cidade.

Infraestrutura

Esse é um ponto que temos muito a avançar, poderíamos fechar uma edição inteira somente falando deste tema. Quando se fala de infraestrutura Mafra deixa muito a desejar, possuímos poucas ruas pavimentadas e nosso saneamento básico é irrisório.

O tão sonhado saneamento básico ainda é um problema a ser resolvido, um nó a ser desatado em nosso município, muito pouco foi feito, e segundo informações e reclamações de moradores onde alguma obra foi realizada, muita coisa terá que ser refeita. Nem as obras das estações elevatórias começaram.

Na questão pavimentação, ainda temos ruas na área central que são de terra, e outras de lajota ou paralelepípedo que estão sem manutenção, caso da rua Mathias Piechnieck, uma rua central que é quase impossível transitar de tanto desnível que possuí, onde se houvesse uma pavimentação adequada em muito ajudaria na questão do trânsito.

Apenas cinco ruas das principais da nossa cidade são asfaltadas – Marechal Floriano Peixoto, Av. Cel. José Severiano Maia, Tenente Ary Rauen, Nereu Ramos e Felipe Schimidt – as demais são de lajota ou de paralelepípedo, um pavimento secundário, onde desestimula o motorista em trafegar por estas vias

As três principais ruas dos três principais bairros de Mafra, Jardim América, Vila Nova e Vila Ivete também não são asfaltadas, nos dois primeiros as ruas são de lajota e no último é de paralelepípedo. Se formos mais para dentro do bairros, nas comunidade, andamos apenas em ruas de terra.

Interior

Nosso coração, de onde grande parte da nossa riqueza é produzida, ficou abandonada nos últimos anos, o que forçou os agricultores a largarem a ‘lida’ e trazerem seus tratores para cidade protagonizando a maior manifestação de Mafra, que ficou conhecida como ‘Tratoraço’.

Dentre o que precisa ser feito no interior o mais urgente é a recuperação das estradas e das pontes, para que nossos agricultores possam escoar suas safras, sem transtorno e prejuízo.

Mobilidade Urbana

Outra questão onde estamos, digamos, um pouco atrasados.

Com poucas ruas asfaltadas no centro da cidade, nosso trânsito fica concentrado nas ruas que são asfaltadas, o que acaba argolando o sistema. Um estudo urgente precisa ser feito para arrumar o nó que é o nosso trânsito, principalmente na saída da ponte Rodrigo Ajace. Não podemos aceitar que no cruzamento da praça Lauro Muller com a Tenente Ary Rauen exista apenas um semáforo para controlar o trânsito para quem vai para a Nereu Ramos e para a av. Frederico Heyse, este semáforo já deveria ter sido retirado a muito tempo e a conversão para estas ruas neste ponto deveria ser proibido. Isso agilizaria o trânsito. Quem diga os motoristas que trafegam naquela localidade no final de tarde.

Alternativas precisam ser criadas, o estacionamento rotativo precisa ser efetivado, o centro da cidade é de todos e não de um, dois ou três. Em qualquer cidade do porte de Mafra ou maior é inaceitável que um carro fique estacionado por horas em uma mesma vaga. A construção da terceira ponte deve ser colocada na pauta de urgências dos nossos governantes. Sem ela o trânsito continuará travado no centro da cidade, consequentemente o de Rio Negro também.

As nossas calçadas precisam ser ampliadas dando mais espaço para os pedestres caminharem, existe pontos na Felipe Schimidt que é impossível duas pessoas caminharem sobre a calçada.

O transporte coletivo precisa ser pensado com mais responsabilidade. O Consórcio Intermunicipal precisa ser concluído, um estudo técnico precisa ser feito para que uma nova licitação seja realizada.

Educação

Na educação precisamos lutar para que seja instalado uma Universidade Federal ou Estadual em nosso município, bem como um centro federal de educação tecnológica. Precisamos crescer nesta área onde somos carentes e perdemos para cidades vizinhas.

Na educação básica existe a necessidade da construção de novas creches e de unidade escolares e por que buscar conveniar outras escolas com sistemas educacionais de ponta como exemplo o Colégio CEMMA que é conveniado com o sistema positivo. Também devemos acelerar o término do CEDUP, obra que já está parada há mais de um ano.

Saúde

Precisamos democratizar o nosso hospital, para que não passemos por situações como uma possível paralisação no atendimento pediátrico. O Hospital São Vicente de Paulo é privado, mais opera com dinheiro público.

Precisamos acabar com as filas no SUS para atendimento especializado e ampliar o número de remédios fornecidos na Farmácia do SUS. E também não podemos deixar a nossa UPA virar um elefante branco.

Esporte

Mafra precisa olhar para outras modalidades além do futebol e do futsal. Resgatar a vocação esportista da cidade, abrindo o espaço para que outras atividades esportivas, como handebol, voleibol, basquetebol, atletismo, entre outras possam voltar a ser praticadas. Precisamos investir na base, incentivando nossas crianças e jovens a saudável prática do esporte.

Política

A principal questão onde Mafra precisa evoluir e amadurecer. Não podemos mais ficar à mercê das disputas de grupos políticos. Um pouco já se avançou após o impeachment do ex-prefeito Roberto Agenor Scholze, quando nossa classe política se uniu em torno de um nome, do atual prefeito Wellington Bielecki, e juntos estão abraçando um projeto por Mafra.

Necessitamos que vaidades sejam deixadas de lado para que possamos eleger um deputado estadual que será nossa força e nossa voz em Florianópolis. Mafra precisa de representatividade na capital. Nossos políticos precisam urgentemente rever seus conceitos e passarem a pensar no município e não apenas no seus projeto político pessoal

Como vocês, leitores, puderam ver, são muitos os desafios a serem enfrentados para que nossa cidade possa, com orgulho, ser chamada novamente de “Pérola do Planalto”. Os cem anos estão chegando e precisamos que Mafra esteja preparada para outros centenários. Porém não é só os nossos políticos que precisam mudar, mas sim cada um de nós mafrenses, participando e cobrando deles para que estas mudanças ocorram e a nossa querida “Pérola do Planalto” possa brilhar novamente. A responsabilidade é de todos nós.

- Publicidade -
01 comentário publicado
  1. Fabiano Luis

    Mafra só fazendo outra mesmo.

ENVIE UM COMENTÁRIO

IMPORTANTE: O Click Riomafra não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários publicados pelos seus usuários. Todos os comentários que estão de acordo com a política de privacidade do site são publicados após uma moderação.