A saúde mafrense não está tão bem quanto muitos alardeiam e acreditam que está. Depois da reportagem publicada no último sábado, pela GAZETA, com o titulo: SAÚDE PÚBLICA NOVAMENTE É ALVO DE INDIGNAÇÃO EM MAFRA, muitas feridas e falhas na saúde foram expostas a população e conhecidas pelos nossos leitores.

Sunamita A. Ramos procurada pela reportagem da GAZETA nesta segunda-feira, confirmou a versão da nossa reportagem do último sábado e contou detalhes da triste e incansável batalha dos familiares para internar seu pai de 76 anos no Hospital São Vicente de Paulo via SUS, que em primeiro momento lhe foi negado, visto que o mesmo teve que consultar com médico particular, após duas consultas frustradas no (PA) onde não resolveram o problema do seu pai José Horácio Moreira, que só piorava a cada consulta realizada pelo PA mafrense.

O triste episódio, segundo Sunamita começou há cerca de 15 dias, quando seu Horácio começou a sentir dores, relata que primeira consulta o médico atestou que seu pai estava com uma virose, lhe deram soro, receitaram medicamentos e o liberaram para casa. Novas despesas com medicamentos, inclusive com a compra de um nebulizador resultando numa divida em cerca de R$ 500,00 na farmácia já preocupava os familiares, mas nada disto adiantara, pois o quadro do seu Horácio somente piorava. Conta Sunamita que o desespero começou a tomar conta dos familiares vendo o estado do seu pai, um homem que nunca teve doença alguma, inclusive era de descendência indígena, estar sofrendo daquele jeito, após por duas vezes terem procurado o PA. Diante do fatídico quadro, não restou aos familiares outra alternativa a não ser dividirem as custas de uma consulta particular, na desesperadora tentativa de curar o seu pai.

Relata Sunamita que o médico ao ver seu pai demonstrou muita preocupação e recomendou que fosse internado imediatamente com suspeita de estar com câncer no pâncreas. Com tal pré-diagnóstico o desespero só aumentou, onde a família as pressas se dirigiu ao hospital para realizarem o internamento que segundo o médico teria que ser imediato.

Chegando ao Hospital, começaria o drama maior do idoso paciente e seus familiares, onde foram impedidos de internarem seu José Horácio pelo SUS, pois segundo uma funcionária ele teria consultado particularmente e desta forma já teria feito a opção pelo internamento particular.

Neste momento além do desespero a indignação aflorou entre os familiares e do seu Horácio que não conseguiu mais ficar nem sentado numa cadeira de rodas, mas sim apenas deitado com dores insuportáveis. Houve discussão com uma das atendentes, pois mesmo os familiares explicando que já teriam ido por duas vezes ao PA, desta forma deveria ser internado via SUS e que não lhe restaram outra alternativa senão procurar um médico particular, pois se o Pronto Atendimento diagnosticasse o caso corretamente no primeiro momento, seu pai não estaria neste estado e também já teria sido internado pelo SUS a 15 dias. A atendente se mostrou irredutível e insensível diante de todo o sofrimento que passava a família e o paciente. Sunamita perguntou então quanto iria custar o internamento de seu pai, sendo que lhe foi apresentado um orçamento de R$ 2.300,00 por cerca de 4 dias. Voltaram a questionar que o fato de terem feito uma “vaquinha” para pagar um médico particular não demonstrava que teriam condições de pagar este valor para interná-lo.

Resolveram então procurar auxilio no Ministério Público, indo novamente até o SUS e finalmente suplicando ajuda ao médico particular que lhe atendeu. Segundo Sunamita o médico ficou indignado ao vê-los novamente ainda lutando para internar seu José, o qual se prontificou e ligou para o hospital pedindo para internar o paciente. Afirma a filha, que só após isto finalmente conseguiram internar seu José Horácio via SUS. E que felizmente a terrível suspeita de câncer no pâncreas virou numa inflamação no fígado e pedra na vesícula. O sr. José Horácio teve alta no último dia 20/01/12 e se recupera bem e está agora aos cuidados dos seus familiares.

Na última segunda feira à tarde o diretor do hospital, Dário Clair Staczuk, que também é vice-presidente da Federação Brasileira de Hospitais, veio até a sede da Gazeta de Riomafra para prestar oficialmente sua versão dos fatos, trazendo documentos e esclarecendo algumas das situações expostas pelo jornal no último sábado. Dário explicou sobre as portas de entrada da saúde e afirmou que o paciente foi atendido conforme a lei 8080, regulamentada pelo decreto 7.508 de 28/06/2011 que em seu artigo 8 diz que: “O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde, se inicia pelas portas de entrada do SUS.” No artigo 9, inciso II, diz que uma das portas de entrada aos serviços de saúde são os serviços de atenção à urgência e emergência, no qual se enquadra o pronto atendimento (PA).

Dário foi veementemente questionado pela nossa reportagem pelo fato do paciente ter ido por duas vezes ao PA antes de procurar um médico particular, sendo assim o paciente José Horácio, já havia optado por duas vezes pela porta de entrada do internamento do SUS. Dário afirmou que o paciente foi no consultório particular e assim fez a sua opção de atendimento. A GAZETA também questionou o porquê do hospital não ter consultado o PA e verificado se o paciente realmente esteve lá. Dário concordou e disse que realmente poderiam ter verificado tal ocorrência.

Dário contou que implantou um sistema em que, nas urgências e emergências a pessoa seria internada como “indefinido” e depois de prestar o atendimento é que seria visto de que forma iria proceder a internação, para assim prioritariamente prestar auxílio. Porém isso não ocorreu no caso do senhor José Horácio. Questionado sobre o porquê de não terem feito isso se foi uma determinação do próprio Dário, ele ficou de verificar e até o fechamento desta edição ele não nos deu uma resposta sobre o questionamento levantado. Também se comprometeu em rever caso a caso a questão destes internamentos e que não prática é do hospital pacientes saírem daquele nosocômio sem uma solução de internamento.

Dário finalizou dizendo que a reportagem da Gazeta foi positiva e mexeu com um problema que há muito tempo deveria ser amplamente discutido nos meios da saúde e que isto serve de alerta para que se crie um mecanismo para melhorar o sistema, inclusive a qualidade de atendimento no PA. Pois se não houvesse uma possível falha lá, certamente casos semelhantes ao do seu Horácio não chegariam nesta situação.