Sindicância irá apurar se o processo de licitação desapareceu na Administração Paulo Dutra ou na de Roberto Scholze, bem como os motivos que levaram a tal

Nesse ano é o segundo documento que é declarado como desaparecido do interior da Prefeitura de Mafra. Iniciou-se com o desaparecimento do contrato que viabilizava a contratação de estagiários para a Municipalidade, que resultou inclusive em atraso para pagamento do salário destes profissionais.

Nessa semana, em resposta a pleito do Legislativo por ocasião de solicitação do Ministério Público local, com relação a determinados processos licitatórios do último ano, na administração de Paulo Sérgio Dutra, o Executivo comunicou o desaparecimento do processo licitatório nº 734/2012, que tratava-se da aquisição de 40 mil m³ de pedras tipo diamictito para manutenção de estradas do interior.

Consta ainda da resposta da administração Roberto Scholze, que Sindicância Interna foi instaurada para apurar quando e porque o referido processo desapareceu.

Nossa reportagem, que já havia divulgado os números de licitações solicitadas pelo Ministério Público e que inclusive recebeu a listagem constando o processo 734, dando conta de que a vencedora foi uma empresa de Rio Negro, buscou informações primeiramente junto ao proprietário da empresa vencedora. De acordo com o mesmo realmente participou da Licitação e foi o vencedor, chegando a assinar o contrato, mas até a atualidade não foi acionado para efetuar a entrega das referidas pedras e não recebendo informações maiores da Administração anterior ou da atual.

Procuramos incessantemente pelo secretário Municipal de Administração de Mafra, Airton Notari, mas na quarta-feira o mesmo se encontrava em um Congresso na Capital Catarinense. Já na quinta-feira pela manhã, o secretário nos atendeu mais solicitou que ligássemos novamente num período aproximado de uma hora, porque estava em um compromisso. No entanto, quando tentamos novo contato, ainda pela manhã, o celular do mesmo se encontrava desligado. No período da tarde voltamos a procurar pelo secretário Notari e seu telefone chamava por várias vezes até cair na caixa postal e nenhum retorno foi dado à nossa reportagem. Ligamos por duas vezes na Prefeitura Municipal e, passadas as ligações para seu gabinete, igualmente não fomos atendidos para obter informações acerca da Sindicância.

Tivemos a informação por parte de funcionária da Prefeitura, de que já no mês de fevereiro havia a informação sobre o sumiço desse processo licitatório, mas não se tinha dado início a nenhuma investigação, como teria ocorrido igualmente no fato do desaparecimento do contrato dos estagiários. Conforme nos repassado, as pedras não teriam sido solicitadas ao vencedor da licitação, por falta de recursos ou, até mesmo, por não se fazerem necessárias. “Quem determina a necessidade das pedras é o secretário de Obras”, nos disse.

Procuramos também pelo procurador Jurídico da atual Administração, advogado Marcelo Waschelevski. Ele confirmou o desaparecimento do processo licitatório e a instauração de Sindicância, mas afirmou não ter informações para repasse à Imprensa, indicando que tentássemos, novamente, falar com o secretário de Administração, o que restou infrutífero.

Ex-prefeito diz não ter conhecimento sobre o desaparecimento

Mantendo a linha editorial do Jornal Gazeta de Riomafra, entramos em contato também com o ex-prefeito Paulo Sérgio Dutra (Paulinho), para que o mesmo pudesse igualmente se manifestar quanto a questão.

Paulinho se disse até espantado com tal desaparecimento do processo licitatório que, acredita, estava sim no departamento competente quando deixou a Prefeitura. “Não tenho conhecimento sobre o paradeiro do processo, apenas homologuei a licitação e assinei o contrato”, ressaltou.

Segundo o ex-prefeito, apesar de a licitação ter sido levada a efeito e o contrato assinado, a Prefeitura (ele próprio) comunicou ao vencedor da licitação que não iria adquirir as pedras porque o Executivo não tinha mais recursos financeiros para pagar pelas mesmas. “Eu até evitei a aquisição de pedras enquanto prefeito, porque tinha conhecimento de problemas anteriores a mim relatados”, apontou Dutra.

Paulinho disse ainda que se existe uma Sindicância e se há desconfiança de que o processo licitatório tenha desaparecido durante sua Gestão, tanto ele quanto os funcionários que atuavam na área à época, assegurando que além de estar tranquilo está à disposição para qualquer informação que a Comissão de Sindicância necessitar. “Agora, como podem dizer que o fato aconteceu na minha Administração? Eu também poderia dizer que sumiu nesse ano, mas não tenho nada para esconder e agradeço a Deus por não ter adquirido as pedras”, enfatizou.

Indagado sobre a viabilidade de haver o que se considera uma ‘perseguição política’, como ele próprio citou já quando das denúncias levadas ao MP por um único vereador e grande parte delas depois das eleições do último ano, Paulinho Dutra disse crer que pode haver sim, até porque soa estranho o desaparecimento de documentos do interior da Prefeitura. “Mas se a intenção era me chamar de ladrão se enganaram os que me acusaram, porque as pedras não foram compradas e muito menos pagas”, finalizou.